Um balanço deste primeiro ano da newsletter, um belo episódio de Viagem ao Fundo do Mar e outros temas.
O dia tá chuvoso? Ensolarado? Leia. Não mata e nem engorda.
Este é o v(1), n(64). Ah sim, o v(2) começará em 2022. Acho que nunca disse isso para ninguém. Vamos ao que importa que hoje não tem pamonha.
Recapitulando (de forma algo desorganizada) este ano no Substack - Entrar na plataforma Substack me ajudou a retomar um esforço antigo de escrever textos mais longos. Seguindo um pouco a ideia de um processo espontâneo, propositalmente deixei a temática bem livre.
Claro que isto tem algumas consequências. Alguns poderiam esperar que eu falasse mais de R, história econômica ou de econometria aplicada. Outros, por sua vez, que eu falasse mais de mim mesmo. Ou programas de TV? Filmes? Muitas expectativas se criam quando a temática é tão pouco definida.
A despeito da aparente falta de foco (ironicamente), acho que acertei na mosca ao nomear esta newsletter de O que o Claudio Shikida anda lendo, meu Deus?! Título honesto. Afinal, sou obrigado a ler muitas coisas. Já, outras, leio porque gosto. Tentar trazer algo disto tudo ao leitor, esta é a missão.
É como fiz por anos na blogosfera, mesmo nos últimos, numa resistência quase suicida, já que blogs definhavam (dando lugar às chatíssimas ‘redes sociais’, vulgo, Facebook). Não sou o único a me queixar disto, claro.
Muitos testemunharam minha dificuldade em escrever sobre um único tema ao longo dos anos. Olhando para meus quase mortos (ou em coma) blogs, vejo que ainda tenho uns 3 ou 4 (talvez apenas um possa ser considerado ‘em atividade’).
Por que tantos assuntos? O leitor mais novo pode estar curioso sobre os motivos. Ou especular sobre se não é um problema psiquiátrico meu (não sou psiquiatra, logo, nada posso dizer a respeito, até porque…).
Mas eis uma pista: por mais de dez anos (isso mesmo) ininterruptos, fui professor em uma cadeira que exigia que eu lesse e comentasse projetos de monografias de alunos. Creio que me escolheram (e me deixaram lá até eu pedir para sair, extenuado) para a disciplina justamente por esta minha (suposta) capacidade de conversar sobre diferentes temas.
Sim, alguns alunos gostavam e, outros, nem tanto. Afinal, não era só ler: tinha que checar a lógica do projeto, corrigir falhas, cobrar do aluno algum trabalho e tudo que um aluno não quer é se esforçar. Ainda mais se você disse que ele errou aqui ou acolá.
Já temos algum material para entender a questão da diversidade de assuntos. Mas, e os benefícios de se publicar aqui? Um deles foi o poder de retornar a uma necessidade que tenho de escrever um pouco de ficção. Não era meu objetivo inicial (eu pensava mais em algo como divulgação científica), mas, como sempre me disse o Orlando Tosetto: escreva, Claudio, escreva! E resolvi me lançar nesta aventura sem pensar muito no que iria escrever.
E escrevendo, resgatei este outro eu que já arriscou alguns textos ficcionais por aí. Sei bem das minhas limitações, mas tenho uma vaga ideia das minhas potencialidades. Não vejo um futuro tão ruim para a newsletter.
A tecnologia da boa escrita, seja para a tese ou para seu texto ficcional é a mesma. Digo, há diferentes habilidades que, conforme o que você pretende escrever, parecem se combinar de forma não-intencional gerando um texto melhor.
Sei, sei. Soa meio ad hoc, mas é só uma teoria de quem nem linguista é. Use com moderação.
Agora percebo, curiosamente, algo que aconteceu aqui. Quando escrevi a Carta de Duarte Coelho ao rei dos Cariris, lá no início desta newsletter, pretendia Minha imitar o estilo da época. Não consegui (e fiquei frustrado). Acabei usando outra estratégia para tornar o texto mais divertido.
Tentei até convencer os leitores a tentarem o mesmo, sem sucesso. Meu poder de convencimento é muito baixo. Mas, noto agora, a abundância de textos originais de Juó Bananére é que me ajudou a realizar o que não consegui no experimento relativo ao donatário de Pernambuco. Tivesse lido mais cartas do século 16, minha ‘Carta de Duarte Coelho’ seria bem diferente…
No meio desta pequena aventura, tem sido muito legal, também, poder criar algumas personagens (e tomar de empréstimo outras, como um dos meus novos titãs, o doutor Palhinha, gentilmente emprestado pelo Alexandre Soares Silva) e tentar construir-lhes um pequeno universo.
Há também meu desejo de resgatar alguns livros e artigos que li (ou que preciso ler) e deles fazer textos para uma divulgação científica não muito monótona (eu sei, Ciência Econômica é monótona). É o que fiz por anos na blogosfera antes de sua derrocada. Tenho nova oportunidade aqui.
Existiriam fatores idiossincráticos que teriam me levado a criar esta newsletter? Talvez. Poderia ser a idade. Ou a pandemia. As decepções da vida? Uma combinação de algumas (ou de todas) elas e mais algumas manias que nenhuma tomografia ou consulta psiquiátrica poderiam detectar? Tudo isto, de algum modo, deve ter ajudado.
Mas, olha, meu caro assinante, sua importância aqui é inegável. Sim, sua presença é um estímulo importante para a melhoria contínua dos textos. Não tenho dúvida disto e, por mais que eu me esqueça, tenha em mente que sou-lhe grato a cada novo texto publicado. Seja você assinante, ex-assinante ou apenas um leitor curioso que me achou por algum motivo, obrigado pelo tempo que empregou aqui.
É legal saber que tem gente se divertindo ou refletindo com a leitura dos números da newsletter. Até aqui, vários assinantes vieram e uns poucos se foram. Fico feliz que vários sejam pessoas que eu não conhecia até então. Sinal de que não estou limitado a conversar apenas com os amigos antigos.
E a ida e vinda de assinantes é algo que faz parte da vida. O sujeito chega, acha algo interessante, assina, fica um tempo. Aí nota que desgosta mais do que gosta do conjunto da obra e sai correndo. Eu mesmo já assinei e depois cancelei a assinatura (mas acho que só de uma newsletter). Ir e vir. É o que fazemos. Todos nós.
Daqui para frente? Claro, as temáticas seguirão diversificadas. Você, assinante, pode querer me chamar em um canto e dizer que não está legal. Ou que eu poderia falar mais sobre X ou Y. Por isto, relembro, temos o botão de comentários.
De todo modo, eu agradeço a você, que tem dedicado algum tempo e atenção à leitura do que ‘ando lendo’. Olha, pior que eu ando lendo também. Mas tem sido mais raro, pois tenho medo de me espatifar em um poste.
p.s. Meu humor (hermético?) talvez seja um dos meus ativos mais valiosos (e gerador de desilusões entre alguns assinantes?). Pouca gente leu Miss Dollar do Machado de Assis (no final do v(1), n(56) cujo link está aí embaixo) ou curte ler textos no estilo de Juó Bananére, meu candidato à presidência neste Febeapá.
Tenho a sensação, contudo, de que há mais gente como eu por aí. O mundo é grande demais. Ou é pequeno como um ovo de codorna? Nunca sei…
Sempre bom é ouvir as impressões dos assinantes.
Saudades dos velhos tempos? - Elon Musk nos lembra de como eram.
Walter Williams e o papel do Estado em uma Sociedade Livre - Longa palestra do falecido Walter Williams sobre o tema. Alguns artigos dele? Só em inglês também. Aqui. O Philipe Maciel me lembrou que ele foi entrevistado em um programa de TV brasileiro mas o vídeo desapareceu.
Votação Ranqueada (Governança Radical) - Alguns acham que é um método de votação que diminui a polarização política em eleições. Eis um artigo otimista (com evidências) com este método.
Viagem ao Fundo do Mar e o Natal - Em 21 de dezembro de 1964 foi ao um dos mais belos episódios do clássico seriado de Irwin Allen, Long Live the King. Parte-se da história do rei que recebia como tributos seu peso em ouro e cria-se uma ficção em que o mesmo é assassinado por revoltosos.
Isto leva o Seaview a uma missão incomum, a de transportar o príncipe, então apenas uma criança, até seu país, juntamente com seu staff composto pelo seu chefe de segurança, seu valete e sua mentora.
Claro, a viagem não é fácil porque, de cara, a licença natalina de toda a tripulação é cancelada, o que deixa todos tristes. Além disso, há um assassino a bordo e o príncipe, que se descobre rei, torna-se um pirralho arrogante (irritando, em especial, o capitão Crane). Há também um submarino inimigo que tenta impedir o sucesso da missão que ocorre próximo ao Natal.
Em meio a isto tudo, quando estão no Pacífico, um misterioso náufrago, John, é encontrado e trazido a bordo. Ele e o príncipe desenvolvem rapidamente uma amizade forte. John, com muita habilidade, ensina humildade e sabedoria ao jovem rei, melhorando-o como ser humano.
Sim, o final da história é feliz, mas chega de spoilers (a sinopse está aqui e um resumo mais detalhado, aqui). Como estamos próximos ao Natal, não custa lembrar desta bela história.
![](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fbucketeer-e05bbc84-baa3-437e-9518-adb32be77984.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2Fbf409368-fe68-4f7c-bdc8-62dd2515869c_576x432.jpeg)
Juó Bananére, gandidato - A saga do meu candidato Juó Bananére continua. Em um esforço quixotesco, tenho tentado disseminar o #juobananerepresidente sem muito sucesso. Acho que o mesmo robô do Lucas Mafaldo trabalha para mim. Aliás, a vida concreta do Mafaldoverso está lutando contra as máquinas. Talvez a Skynet não queira que o Lucas tenha assinantes e nem que Juó Bananére seja presidente (embora, para ser correto, o único robô no caso do ilustre candidato é este que vos escreve).
![Twitter avatar for @lucasmafaldo](https://substackcdn.com/image/twitter_name/w_96/lucasmafaldo.jpg)
Outro informe importante sobre a campanha do melhor candidato que o Brasil tem diz respeito ao prof. Tambosi.
Por óbvio, não há como contestar. O prof. Tambosi já faz parte da equipe ministerial ampliada! Eh! Brutta allegria!
Citação bananérica - Nosso candidato, como sabem todos, é um homem sábio. Vejam, por exemplo, este seu incrível insight!
‘Vuceis si alembra pisoalo, daquillos sodosos tempo da Ripubliga veglia chi a gente amarrava gaxorro co linguiça i o gaxorro guspia na linguiça?’ (O Problema do Transito in Zan Baolo, Diario do Abax’o Piques, Anno I, num.12, 20 di Giuglio di 1933)
Sensacional, né?
Museu do Flamengo - O Flamengo, vi nos jornais, terá museu e o mesmo foi financiado por verbas públicas (total ou em parte, já não me lembro). A justificativa é que ajudaria no turismo. Gostaria muito de ver a análise de impacto deste projeto tanto ex ante quanto, aí sim, ex post. Tenho minhas dúvidas sobre como um flamenguista e um não-flamenguistas mediriam custos e benefícios…
A estranha lógica infantil dos supostos adultos quando o assunto são eleições - Outro dia vi alguém criticar um amigo. Dizia algo como: como pode ser um bom advogado e gostar do Moro? A pergunta não faz sentido (acho até que é bom indicador em entrevistas de emprego, uma proxy de falta de pensamento lógico elementar).
Pensei em outras. Por exemplo: como pode ser um bom trabalhador e gostar do Lula? Ou: como pode ser um bom padre e gostar do Papa Francisco? Ou ainda: como pode ser um bom jogador de futebol e gostar do Neymar?
Claro que o argumento não se sustenta. A tentativa de dizer que alguém é incompetente por apoiar um candidato que você não gosta pode funcionar com crianças (de todas as idades, claro), mas não vai além disto.
Meu amigo, aliás, sequer ouviu a estultice. Eu é que captei com meus ouvidos diabolicamente afiados para maldades humanas. Quer discordar de alguém em política, futebol etc? É um direito seu. Quer fazê-lo com propriedade? Prepare-se melhor. Não vai lhe fazer mal.
A música favorita de Geraldina Maupassaint - Quem não leu o conto? Imperdoável. Mas eu dou a dica. Está aqui.
Mensagem aos assinantes: não paramos para balanço. Nem gangorra. - Ao contrário de monstros escritores, esta newsletter não entrará em férias. Talvez fique mais espaçada porque, sei lá, o assinante vai sair de férias e não quer receber dois números semanais. Prometo tentar publicar ao menos um número por semana.
Já enviei minha mensagem de Natal (no início de Novembro, eu sei, eu sei). Espero que você a encontre na lista dos números deste primeiro volume da newsletter. De todo modo, a gente se vê no sábado.
#juobananerepresidente