Eu ainda não sou um gato
Pardos, Brancos, Hy-Brasil e, claro, vocês que são gatos que se entendam, ok?
No v(1) n(24) da newsletter, alguns pequenos temas para distrair o meu (e o seu) dia. Espero que goste.
Prólogo - O número de assinantes aumentou nos últimos dias e, só para lembrar: (a) a assinatura só custa o seu tempo de informar seu endereço de e-mail e clicar em subscribe e, (b) não prometo, mas tento enviar sempre um texto no meio e outro no final de semana (eventualmente, há edições extraordinárias!). Ah sim, a temática? Acho que o título O que o Claudio Shikida anda lendo, meu Deus?! é mais que auto-explicativa1.
Vocês que são brancos que se entendam - O século é o 18 e o local é o Rio de Janeiro. Estamos no 12o vice-reinado do Brasil e, no Regimento dos Pardos, há um incidente: o capitão toma desaforo de um soldado. Situação desagradável. Quebra de hierarquia. O capitão procura o Comandante do Terço, um português, para se queixar. A resposta? Não poderia ser pior: Vocês são pardos, lá se entendam!
Indignado, o capitão procura o Vice-Rei e lhe narra todo o imbróglio. O Vice-Rei manda chamar o Comandante e, confirmando o ocorrido, manda-lhe prender. Revoltado, queixa-se: Por que me prender? O Vice-Rei responde: Nós somos brancos, cá nos entendemos2.
Você sabia? - Os portugueses tomaram posse, mas…
Os primeiros navegantes europeus a avistarem terras do Brasil foram Alonso Hojeda e Juan de la Cosa, espanhóis, e Amerigo Vespucci, florentino, a 27 de junho de 1499, quer dizer, dez meses antes da frota de Cabral atingir o litoral brasileiro. [Escobar, Ildefonso. (1942) Formação dos Estados Brasileiros. Rio de Janeiro. A Noite Editora, p.9]
O descobrimento do Brasil sempre me lembra o filme Erik o Viking, especificamente o trecho em que Erik e amigos visitam Hy-Brasil3. Este nem é o ponto mais alto do filme (que eu recomendo fortemente, claro). Mesmo assim, ora bolas, é o Brasil, né? Sobre a lenda, diz-nos a Wikipedia:
The etymology of the names Brasil and Hy-Brasil is unknown, but in Irish tradition it is thought to come from the IrishUí Breasail (meaning "descendants (i.e., clan) of Bresail"), one of the ancient clans of northeastern Ireland. cf.Old Irish: Í: island; bres: beauty, worth, great, mighty.
O quão diferente seria o brasileiro se realmente fôssemos todos descendentes de um clã irlandês? Ótimo tema para outro texto. Talvez possamos pensar que a cerveja nossa de cada dia seria naturalmente de qualidade muito, mas muito superior (indeed!). Já seria um bom (re)começo para este país.
O ser imperfeito - Acordei pensando nisto de termos gatos em casa. Ou chegam castrados ou não e, neste último caso, temos uma experiência de vida adicional. Experiência de vida que tem bons e maus momentos (e, como dizem alguns, nem sempre sabemos quando o momento é bom ou mau) e que, supostamente, ensina-nos alguma lição. Até que você percebe que você também é um ser imperfeito, cuja mente não necessariamente é ilimitada e divina.
Certamente algum filósofo já pensou sobre isto (e certamente muitos contos já foram escritos com esta temática) e, claro, claro, algum pale$trante da turma do uau-mude-o-mindset já faturou muito falando exatamente o que eu disse e, aí, você, leitor, percebe que conseguiu uma reflexão de boteco de graça nesta newsletter. Só espero que nunca tenha gasto seu dinheiro com um destes pale$trante$… De qualquer forma, lembre-se, sou um ser imperfeito.
Sofia e Juju - Juju ainda está internada, após a castração. Resolvemos evitar riscos maiores já que, em casa, ela e Sofia iriam se engalfinhar facilmente. Nestes dias sem Juju, acredite, Sofia não só ficou mais dengosa e serelepe, como aprendeu que pode trazer o pedaço de plástico (destes que ficam em volta da tampa do vidro de palmito) com o qual adora brincar até mim, na biblioteca, para me fazer interagir (mais) com ela (confesso que não é difícil, sou facilmente convencido quando o assunto é fazer caretas para crianças ou brincar com gatos).
Ainda Sofia - Há alguns dias Sofia cismou que ficar sobre o edredom da cama, brincando com o tal plástico é mais divertido e, portanto, a brincadeira ganhou novo formato: Claudio joga plástico para Sofia perto da parede do corredor -> Sofia joga de volta e/ou pega com os dentes e corre para o quarto para continuar sua diversão sobre a cama -> Claudio joga plástico no chão, em direção ao corredor -> Sofia pula. Parece que estou encrencado. Bem, como eu já havia dito, eu não sou um gato…
Causalidade - uma ótima palestra de uns 30 minutos do Monasterio sobre causalidade. Recomendo, mesmo que você não seja um economista.
Podcasts - bate-papo com Bryan Caplan, um dos economistas mais criativos que já vi.
Sealand - Sealand segue um sucesso no combate ao Covid-19. (ironic mode probably on)
Public Choice - A minha apostila (preliminar e incompleta) de Escolha Pública para quem curte quadrinhos.
p.s. Fui citado. Os amigos do Centro Mackenzie de Liberdade Econômica gostaram do número da newsletter sobre Roraima. Eu sempre torço para que pesquisas sobre a liberdade econômica avancem. Aliás, preciso mesmo me empenhar mais neste tema…
p.s.2. Introduzindo o Leave a comment como teste.
Agradeço ao ASS. e ao Silly Talks pela divulgação.
Quase um plágio do 57o verbete de Locuções Tradicionais no Brasil, de Luís da Câmara Cascudo, Itatiaia/USP, 1986, p.62.
Hy-Brasil é um nome que cairia bem para um país. Ou talvez para uma pedra.
Muito bom, Claúdio. Por acaso estava querendo ler sobre Hy-Brasil. E a minha gata também fica espevitada quando meu cachorro não está, e de repente descobre arames de fechar o saco do pão de forma caídos no chão do escritório.