Uma Barata de Óculos Escuros - O poder das palavras - Irracionalidade Racional - Feliz aniversário, Guia Brasileiro de Análise de Dados - Outros assuntos (não necessariamente nesta ordem).
Negacionismo: o meu pode. O seu, não (e quem discorda é terrorista, da linha fascista).
Lá vamos nós para o v(3) n(14) da newsletter. Divirta-se!
Uma Barata de Óculos Escuros - Meu sobrinho está próximo dos sete anos, motivo pelo qual agora me conta histórias em que o personagem é um certo ‘menino de sete anos’. A última dele, não sei se viu em algum lugar, ou se ouviu de alguém, foi esta, de tons ‘edgar-allan-poenianos’.
Um certo menino de 7 anos de idade acordou de madrugada e caminhava até a cozinha quando, ao passar pelo banheiro, notou que, sentada no vaso, estava uma barata do tamanho de uma pessoa, de óculos escuros, lendo jornal (sim, isso mesmo).
O menino se assustou, saiu correndo e nunca mais foi visto.
Meu sobrinho é como todas as crianças: tem uma imaginação que, se corretamente cultivada, superará qualquer inteligência artificial.
O poder das palavras - Um pequeno, mas interessante ensaio de Rob Henderson sobre a sedução das palavras.
Um trechinho:
People tactically name their policies, organizations, and campaigns in order to silence critics and advance their goals.
Does this language game really work?
It is surprisingly effective. Euphemistic words serve as talismans. They have a surprisingly hypnotic power over people.
O que faltou no ensaio dele foram as evidências. Eu até concedo que dar nomes bonitos para disfarçar as más intenções de uma organização pode funcionar, mas não sei nem o quanto funciona e nem por quanto tempo.
Teoria Fiscal do Nível de Preços - O Stein - já disse que vale a pena assinar a newsletter dele? - publicou um texto muito didático sobre a chamada teoria fiscal do nível de preços. Dê uma lida lá.
Feliz Aniversário, Guia Brasileiro de Análise de Dados - Foi ao ar há exatamente dois anos (15/01/2021) o Guia Brasileiro de Análise de Dados, organizado por Leo Monasterio (autor do
), Pedro Fernando Nery e eu. Vários excelentes autores, cada qual em sua área, ajudaram a construir este livrinho que, infelizmente, não conseguimos publicar em edição impressa.Entretanto, a versão em pdf está firme e forte, aqui.
Irracionalidade Racional - De recente número (v(3), n(9)) desta newsletter resgato dois dos quatro vieses discutidos pelo criador do conceito de irracionalidade racional:
Viés anti-mercado - a tendência de subestimar os benefícios econômicos do mecanismo de mercado;
Viés anti-estrangeiro - a tendência de subestimar os benefícios econômicos das interações com os estrangeiros.
Lembro um ponto importante da irracionalidade racional: o sujeito nega, inclusive, as evidências que lhe são apresentadas pelas pesquisas e mantém seu viés (caso o ‘preço’ para tanto lhe seja baixo).
Pois bem, eis uma evidência sobre o impacto de restrições ao comércio sobre diversos indicadores (inclusive, os de bem-estar). O resumo do trabalho nos diz (negritos por minha conta):
We develop a new Measure of Aggregate Trade Restrictions (MATR) using data from the IMF’s Annual Report on Exchange Arrangements and Exchange Restrictions. MATR is an empirical measure of how restrictive official government policy is towards the international flow of goods and services. MATR is simple, ad hoc, plausible, quantitative, easily updated, based solely on policy-relevant measures of trade policy, and covers an unbalanced sample of up to 157 countries annually between 1949 and 2019. MATR is strongly correlated with, but more comprehensive than, existing measures of openness and trade policy existing measures. We use MATR to show that trade restrictions are harmful for the economy and lead to significant contractions in output.
Ok, parece que restringir as trocas entre cidadãos e empresas de um país com os de outros não é algo que se deva recomendar, caso você não queira gerar reduções no bem-estar social, certo?
Caplan explica as vantagens do comércio e o dano que o viés anti-estrangeiro causa a uma sociedade. Indiretamente, também trata do viés anti-mercado. Divirta-se.
Balão - Era um tempo em que a televisão começava a se popularizar e em que brincávamos nas ruas ou nos pátios dos prédios. E era nesta época em que apenas um balão fazia um sucesso incrível com a gente.
Havia sempre um dilema que era: manter o balão até que ele se esvaziasse ou soltá-lo no ar e ver que altura ele alcançaria, dentro dos limites de nossos olhos de criança? O balão custava algum dinheiro aos pais e não existiam ainda estes modernos balões prateados recheados de gás. Não senhora! Pulmões trabalhavam muito naquele tempo da minha infância.
Vez por outra, um aniversário exigia que os pais (geralmente a mãe) e os filhos enchessem alguns balões e, confesso, achava aquilo muito tedioso. Eu tinha uma certa preguiça. Preferia, muito mais, ver os balões já cheios, presos às paredes com alguma fita que não lhes arrancassem a pintura.
Por acaso, outro dia, fiquei com saudades de assistir Robur, o Conquistador, adaptação de alguma obra de Júlio Verne, estrelando Vincent Price e um jovem Charles Bronson. Agora me ocorre que o início do filme tem uma discussão sobre balões e, claro, Robur tem uma espécie de dirigível mecanizado que é uma verdadeira arma de guerra. Seu objetivo paradoxal era ser tão ameaçador que os países parariam suas guerras (alguém poderia usar a Teoria dos Jogos e fazer um jogo simples para ilustrar o caso).
Os balões seriam usados para fins militares nos anos seguintes, como já vimos. Aliás, recentemente, o governo dos EUA derrubou um balão espião da China continental (aquela que vive tentando reanexar Taiwan, alegando que a mesma seria uma suposta ‘província rebelde’). Para os espiões chineses, eis minha homenagem 100% brasileira.
Juó Bananére - Está com saudades? Fique com este poeminha dele, homeneagendo as sogras…
Assim que tiver tempo, voltarei a emular Bananére por aqui.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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