Os alunos que odiavam responder desafios em sala. Mais Shikida. Outros Assuntos.
Viva o cinismo estrutural!
Seja bem-vindo ao v(2), n(6) da newsletter. Vou fazer uma rápida observação sobre um comportamento indesejado de grande parte dos universitários brasileiros. Também retomo o tema da família Shikida. Eventualmente, falo de outros temas. A eles!
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Bitcoin e o planeta e uma digressão sobre a sala de aula - Excelente texto aplicando oferta e demanda de forma simples e inteligente na tentativa de responder a uma pergunta interessante: o bitcoin está destruindo o planeta?
A bem da verdade, se eu fosse professor daquelas disciplinas básicas do curso de Economia, esta pergunta seria um daqueles desafios que você lança em sala na esperança de que alguns alunos tentarão responder.
Minha experiência em sala de aula, neste aspecto, é decepcionante. Todos os desafios similares que lancei eram seguidos de um profundo silêncio (10 minutos em faculdade privada com alunos de famílias ricas, 15 minutos em faculdade privada com alunos de famílias de classe média e 30 minutos ou mais em faculdades públicas).
Após este momento inicial (ok, eu esperaria mesmo uns 5 minutos), um ou outro aluno arriscava uma resposta. Aliás, isto foi o que sempre almejei: que alguém arriscasse alguma resposta com o mínimo (mesmo) de raciocínio.
Certamente, sabemos todos, respostas iniciais são uma mistura de um ou outro bom insight e alguns erros. Daí que a discussão com o aluno que, idealmente, segue-se da manifestação, seja não só enriquecedora, como também serve como chamariz para outros colegas igualmente tímidos.
Muito já foi dito sobre a passividade do aluno universitário brasileiro e Deus sabe que eu fui obrigado a concordar que a média dos alunos assim se porta em sala. Eu me lembro de fazer um curso sobre o método Harvard de estudos de casos e, nas primeiras sessões, ouvir dos professores que a passividade dos alunos seria um grande problema para se implementar o método no Brasil.
Como toda iniciativa destas faculdades privadas, faz-se muita festa sobre a adoção do método e, depois, obviamente, nunca se avaliam os custos e benefícios do uso do método em sala. Ah, não se engane. Não é só nas faculdades públicas que o problema do modismo-sem-avaliação-de-resultados ocorre.
Por óbvio medo de ser mandado embora (setor privado) ou sujeito a sanções (setor público), nenhum professor universitário brasileiro tenta encarar cientificamente (ou seja, coletando dados, testando hipóteses, publicando os resultados) o problema da educação em sala de aula…universitária.
Note como o problema da educação básica é muito mais trabalhado (não sem razão, é um problema sério mesmo) do que o da educação universitária. Entretanto, à boca pequena, em reuniões de amigos, professores e alguns mestrandos ou doutorandos sempre comentam sobre os problemas da sala de aula universitária no país.
Já publiquei aqui sobre algumas iniciativas que fiz com alunos ao longo dos anos. Acho que todas foram voluntárias, ideias que tive sozinho, com o Ari (meu colega de sala de pesquisa por anos) ou mesmo com alunos.
Infelizmente, não sei mensurar o impacto que tiveram sobre a trajetória profissional dos ex-alunos. Mas tenho para mim que, pelo menos, por um tempo, alguma chama de entusiasmo eu reforcei no coração de uns poucos. Tenho a esperança de que tenham se tornado menos passivos.
Assim quero crer.
Externato Angelorum - Alguns anos felizes da minha infância passei nesta escola. O pior ano, 1979, também. Descobri que existe uma comunidade naquela rede social da qual já não faço parte dedicada aos tempos do colégio quando ainda era ‘externato’. Fotos antigas me remeteram à figura da tia Áurea e da casinha que o colégio construiu para nossa diversão, no recreio.
Foram bons anos em um Rio de Janeiro que, se já mostrava algum sinal de violência, não chegava nem perto do que se tornou a cidade (ao menos nos telejornais)…
Goldfinger - Assisti novamente o clássico com Sean Connery e, olha, que filme sensacional. Tem tudo o que você quer ver em um filme de James Bond. Impossível não lembrar das paródias feitas com James Coburn como o agente Derek Flint que são, eu diria, igualmente divertidas.
Humor inteligente - É o que eu acho desta ótima, logo aqui embaixo desta frase. ^_^
Shikida again - Após o número anterior, um assinante, o Kaio, gentilmente me trouxe a seguinte notícia sobre nosso brasão (em japonês: kamon (家紋)).
Seu kamon é o “Maru ni tachibana”, ou “Flor de tangerina em círculo”. Os tachibanamon são muito usados em ornatos de kimonos e adereços culturais nipônicos, e possuem uma nobre simbologia em sua origem. A flor da tachibana tem um aroma muito forte e consegue resistir às grandes nevascas, chegando a ser utilizada a expressão “você é como a tachibana (「橘のようだ」)”para referenciar pessoas com grandes habilidades e que buscam a excelência. Apesar de aparentar um brasão de uma simples flor, na etimologia da palavra “tachibana”, utilizava-se a composição “tachi (espada longa)”, ou seja, a flor da grande espada, motivo pelo qual acredita-se que a origem do brasão tenha conexões com os clãs de samurais. Foi também o brasão de vários samurais famosos, dentre eles, o general Naomasa Ii, um dos “Quatro Guardiões Celestiais de Tokugawa”. Não é fantástico?? :)
見事だ!^_^ (Esta é minha entusiasmada resposta)
Mas, para quem me perguntou como eu cheguei neste kamon, bem, em um dos links daquele meu texto no número anterior, informo ao leitor que uma prima minha fez um documentário sobre a família, no qual entrevistou minha avó.
Em certo momento da entrevista, é minha avó pega um velho pedaço de pano - que mais parece uma bandeira - com o kamon da família. É a imagem que reproduzi no texto anterior.
Valeu pela explicação, Kaio!
p.s. Eu havia me esquecido de mencionar o falecido Minoru Shikita, que foi um dos primeiros que encontrei quando comecei a fazer estas pesquisas sobre a família. Ele morreu em 2017 e tem até verbete na Wikipedia japonesa. Nasceu em 1932, em Fukuoka, logo não é do ‘lado Hiroshima’ dos Shikida.
p.s.2. Outro link bom para quem gosta de explorar os sobrenomes japoneses.
Política econômica e baleias - Ronald Hillbrecht tem um ótimo texto sobre o dilema dos prisioneiros, a tragédia dos comuns e as políticas econômicas. Recomendo fortemente.
Como vivemos naquele tempo, meu Deus?! - Não só vivemos como ainda estamos por aí. Talvez com menos estilo, devo dizer…
Gospel Temperance Map - Eis um belo mapa.
Por hoje é só, pessoal!
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