O seu tempo livre.
A missiva mais curtinha que já publiquei (não, não é, mas é uma das menores).
Eis o v(2), n(51) da newsletter. Um pouco breve porque tenho que me preparar para encontrar alguns newsletteiros.
Tempo é dinheiro e ‘experiências’… - Diretamente do Ourworldindata peguei a imagem de um gráfico que se segue.
Uma versão deste mesmo gráfico encontra-se no início do Delivering the Digital Restaurant: Your Roadmap to the Future of Food de Carl Orsbourn e Meredith Sandland, que é um livro interessante já que começa discutindo como este tempo de lazer aumentado que temos hoje (e desigualmente distribuído, como se vê) tem relação com o moderno mundo dos restaurantes.
Orsbourn e Sandland nos lembram, logo no início do livro, que, hoje, vivemos mais e temos mais tempo de lazer. Ainda que os números variem pelas sociedades do planeta, a tendência geral é clara: a civilização humana avançou nestes indicadores. Suponho que seja algo bom para a maioria das pessoas ter mais tempo livre e viver mais, claro.
A consequência interessante disso, dizem, é que os mais jovens acrescentaram às refeições do dia-a-dia (ou pelo menos à algumas delas) o conceito de experiência. Vemos isso todos os dias na televisão, nos infindáveis programas que nos mostram restaurantes e pratos sofisticados.
Claro, há um elemento importante que é o aumento da produtividade: ao longo do tempo, a produtividade nos deu não só o tempo livre e a maior expectativa de vida como também alimentos mais baratos (o que explica, também, o boom dos programas citados)1.
O que homens e mulheres fazem com seu tempo livre? O gráfico acima não nos diz nada sobre isto, embora mostre que, como mulheres assumem algumas tarefas adicionais não-contabilizadas no PIB como cuidar de filhos, por exemplo, elas possuem um pouco menos de tempo livre que os homens (e também nos diz algo sobre a vida na Noruega…).
Mesmo este hiato pode diminuir. Não é de hoje que vemos empreendedores tentando facilitar a vida das pessoas. Quer um exemplo? O Craiglist. Algumas tarefas que ocupam as mulheres poderiam ser substituídas com o uso deste serviço.
In richer countries, the markets for providing substitutes for home production are more extensive and better developed. With services like Craigslist and many others available on the Internet, it has become easier for people in rich countries to avoid some of the fixed costs associated with outsourcing some activities that previously might have been included in home production. [Spending Time: The Most Valuable Resource. (Daniel S. Hamermesh), disponível em formato Kindle]
Obviamente, serviços como Craiglist funcionam melhor em sociedades que respeitam mais os direitos de propriedade (ou seja, em que roubos, furtos e afins são menos prováveis), o que nos leva à velha questão das instituições formais e informais que governam uma sociedade (o que são, como se alteram, etc).
Logo, se você acha que é uma boa idéia (com acento mesmo) diminuir o hiato de tempo livre entre mulheres e homens, creio que também achará interessante o fortalecimento de instituições pró-mercado. Afinal, trocas voluntárias e maior produtividade não combinam com sociedades nas quais o governo interfere em cada esfera da vida das pessoas…
Cultura Japonesa…Amanhã - Hoje e amanhã, no bairro da Liberdade, em São Paulo, temos o Gueinousai, o Festival da Cultura Japonesa. Já mencionei aqui em dois números anteriores, eu sei, mas aprendi com o pessoal da Comunicação que é sempre bom reforçar o anúncio próximo à data do evento. Aliás, eis a programação: https://www.bunkyo.org.br/wp-content/uploads/2022/06/Programa2022-Gueinosai.pdf
Também já mencionei: em Brasília há um evento similar, que dura três dias (24 a 26 de junho). É o Festival do Japão, de conteúdo similar (mas bem maior, em termos de espaço físico).
![](https://substackcdn.com/image/fetch/w_1456,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fbucketeer-e05bbc84-baa3-437e-9518-adb32be77984.s3.amazonaws.com%2Fpublic%2Fimages%2Fcb4e411a-fb61-4b27-a5f8-afa417fe97ab_4000x3000.jpeg)
Diversão (ao menos para mim) - A atendente da famosa franquia de cafés gritou meu nome e…
- Claudiooooo!!
Vi que ela usava crachá e respondi no mesmo tom (supostamente) animado:
- Líviaaaa!!!
Surpreendida, ela procurou pelo próprio crachá (será que usam nomes falsos?), meio sem jeito. Peguei meu café e fui para a mesa normalmente.
Acho que criei um breve momento de descontração na rotina da Lívia.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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Há um artigo de 1991, do falecido Gary S. Becker, que já discutia o preço em restaurantes como uma consequência deste aspecto ‘social’ (a interação entre pessoas) que, se não é sinônimo, é fortemente relacionado com a ‘experiência’ mencionada.