O submarino 'Civil', Bananére ensina Economia e outros assuntos mais sérios
O parecimento desta niusléta é uma cunseguenza logima da insgulhambaçó bolitica attuale! (paráfrase du' Bananére)
Eis o v(1), n(48) desta newsletter. Desta feita, o tom mais ameno está no início da pintura, tornando-se mais técnico ao longo do quadro. Já ali perto da assinatura do autor, o assunto já tem tons mais sérios, quase impessoais (ou não).
Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico duas vezes por semana, geralmente às quartas e sábados. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Confissões de um Adulto - Quando no início adolescência, assisti a novela Os Imigrantes e sua trilha sonora, em bolachão, adquiri. Depois de conhecer Juó Bananére, não consigo parar de, mentalmente (ainda que não saiba italiano), cantar (de maneira bem errada) a famosa Fiorin Fiorello…
…o que nos leva, pois, à inevitável (pelo menos para mim) questão: seríamos todos um pouco como Bananére por conta de músicas cantadas em línguas que desconhecemos, mas que se fixam em nossas mentes pela repetição? Melhor exemplificar.
Passei muito tempo, desde a infância, achando que ‘Civil’ era o nome do submarino de Viagem ao Fundo do Mar. Só descobri que era SeaView muito, mas muito tempo depois (as análises sobre meu caráter que daqui virão,…não, não me contem1).
Também, na adolescência, mentalmente, eu brincava com o ‘dersão’ brasileira A e Z São Paulo (embora a sonoridade de um ‘Odil FonoBrasil’ sempre me causasse mais cócegas mentais).
Estas pronúncias incorretas que criam raízes são como aquelas plantas que nascem com algum defeito (mutação), mas seguem crescendo. Não digo que são como bonsais porque o bonsai é conscientemente podado.
De todo modo, após o espontâneo vem a consciente tentação de criar versões novas de palavras, a gosto do indivíduo. Daí surgem as variações como a divertida língua do p - taí uma brincadeira de crianças que não sei se existe mais - e outras.
Provavelmente existe uma teoria ‘neurolinguística’ mais sofisticada explicando o surgimento das línguas macarrônicas, associando-as com o humor. Estou aberto a indicações. Por aqui, só mesmo este meu breve testemunho…
Bananére - Sobre Bananére, pensei em como ele descreveria o deslocamento de uma curva de oferta de picolés de milho verde. Eis o que criei.
Pequeninga Liçón d’Ingonomia Pulítica - Tutti vendedori de picolé di miglio vêrdi juntigno forma la oferta di picolé di miglio vêrdi. Lo deslocamento di questa inlustre curvigna di offerta si verifica quando la quantitadi offertada di picolé varia a cada livello di prezzigno. Eh bé esto que tutto populo vê nus comércio da 25 d’abril.
高旬簿新聞(たかしゅんぼしんぶん)
Considero inaugurada a seção honorífica ‘Taka Shumbo Shimbun’ em homenagem à homônima seção d’O Pirralho, conforme narrado em Juó Bananére: As Cartas d’Abax’o Pigues, de Benedito Antunes (Unesp, 1998).
Esta seção será dedicada, por motivos quase óbvios, a Juó Bananére e será preenchida com o humor peculiar (um outro nome para o humor de má qualidade, dizem as (não menos) más línguas) do autor desta newsletter.
Devido à esculhambação deste autor, nota-se, um trecho desta seção escapou e se instalou no final da anterior. A polícia foi acionada para tentar corrigir este terrível fato, mas, até o momento do envio desta aos estimados leitores, o problema não havia sido resolvido.
Como peça inaugural - e, por que não, imortal? - desta seção, apresento ao leitor e à leitora a primorosa adaptação, por seu Kazuo (veja o número anterior desta newsletter), do mais famoso verso de Canção do Exílio.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
私の土地にはヤシの木があります、
サビアが歌うの場所です、
ここで鳴く鳥は、
そこのように鳴きません。
Ciente de que a coisa não saiu lá como desejado (boa parte dos leitores nem arriscou uma tradução automática), o editor solicitou a seu Kazuo uma versão nipo-brasileira que, então, é apresentada aos (não assim tão) ávidos leitores a seguir.
Meu terra tem parumerasu.
onde sabiá utaimasu.
Tori daqui do Burajiru,
Nón é igual ao de Japón.
Arigatou gozaimashita2.
Regimento Modelo - De quando me sentei e me dispus a pensar nos grandes caminhos que um bom regimento daria a um programa de pós-graduação em Economia se algum houvesse, no império.
Migração e nós - Falando um pouco mais sério sobre imigrantes, fez algum sucesso minha divulgação de um artigo da Revista do Serviço Público de 1954. O pessoal que cuida da revista tem feito um trabalho de formiguinha, discretamente colocando no ar as edições digitalizadas da revista da época em que ela ainda era meio que um informe oficial do DASP.
Não sei se você sabe, mas a RSP existe desde 1937 (um dia eu conto sobre o primeiro artigo publicado no primeiro número (ou volume, ou no primeiro número do primeiro volume)).
Recentemente ela foi reformulada e tem buscado maior presença fora dos confortáveis muros da academia doméstica. Pesquisadores sem medo têm enviado artigos em inglês para a revista. Um dia a gente conversa mais sobre a revista.
Ah sim, não posso deixar de mencionar o número especial sobre Public Choice. Foi uma recente publicação com artigos de vários autores, inclusive de um ex-presidente da Public Choice Society, o prof. Michael Munger.
Ainda sobre o tema, fiz, na última sexta, uma pequena aula para um pessoal muito simpático (agradeço à Flávia pelo convite). Pediram-me os slides. Geralmente, não repasso. Mas, neste caso, eu os disponibilizei aqui.
20 anos da morte de Roberto Campos - A professora Amanda Flávio, da UnB, publicou um bonito artigo em homenagem a Roberto Campos. O tom talvez seja meio melancólico, mas, bem, será que temos muito o que comemorar? A reflexão cética é sempre bem-vinda. Fecho com ela, mas tenho esperança. Até o século 25, com certeza, alguma coisa melhora por aqui.
Evento online -Dias 09 e 10 de novembro nós temos o V Fórum Mackenzie de Liberdade Econômica. A liberdade econômica tem sido muito maltratada nas redes sociais e merece um evento acadêmico à altura. É revigorante dialogar com pesquisadores sérios. Se eu fosse você, já fazia logo a inscrição.
Outro evento online, hoje - Para os chegados em macroeconomia e finanças, o nome de John Cochrane não é desconhecido. Sugiro fortemente. É hoje, gente. Se você não lê minha cartinha pela manhã, provavelmente vai perder esta ótima palestra (mas eu acho que deixarão o vídeo no YouTube).
Governança Radical - Patri Friedman em um podcast, sobre o tema BYOC (build your own country). Caso você goste de charter cities, incentivos à competição dos governos (melhorando sua eficiência para nos servir, e não o contrário), então você poderá gostar da conversa. Patri faz uma defesa apaixonada da liberdade de expressão e…bem, ouça você mesmo. Tudo em inglês, ok?
A dissolução dos monastérios e a economia - Artigo novo na Quarterly Journal of Economics. (só o resumo)
Confúcio era brasileiro? -Eis uma piada encontrada em A Volta ao Mundo Do Riso, de Pierre Daninos, Livraria Bertrand (sem data, mas parece ser dos anos 50):
Um dia, Confúcio encontrou uma velha que estava sentada no meio de um campo onde se viam túmulos ainda recentes. Eram, disse ela sem chorar, túmulos dos seus pais, do seu marido e dos seus dois filhos.
‘Quem os matou?
-O tigre devorou-os - respondeu a velha, rindo sonoramente.-Mas que ideia foi essa de vir para aqui, um lugar tão perigoso - continuou o Mestre.-Está-se muito bem aqui - replicou a velha, rindo ainda mais. -Aqui só há o tigre, lá em baixo há também o Governo!’ [p.299]
Por hoje é só. Voltamos logo, logo. Até lá, tudo de bom.
Talvez eu seja mesmo um psicopata. Ou somente um engradado de madeira cheio de melões. Ou alguma coisa entre um e outro. Algo me diz que preciso parar com os remédios…
Tori = pássaro. Utau = to sing.