Curto e longo prazo - Os relatórios trimestrais do M.E.D.O. - As aventuras do Rei Pausolo - Censura - Juó Bananére.
Esta newsletter possui duas saídas de emergência localizadas sobre as asas...
O v(2), n(54) da news chegou. Pedimos sua atenção mesmo que seja um viajante frequente.
Curto e Longo Prazo - Um conceito microeconômico que sempre precisa ser explicado na primeira aula é o de prazo. Trata-se de um conceito oriundo da chamada Teoria da Firma.
Todo professor, sem exceção, inicia a aula explicando que a diferença não tem a ver com o tempo cronológico (ao menos não diretamente), mas com o fato da firma (ou empresa) poder, ou não, variar todos os fatores produtivos (ou ‘insumos’).
Em resumo: se existe ao menos um fator que não pode variar, está-se no curto prazo. Caso todos sejam variáveis, está-se no longo prazo, independentemente se falamos de uma semana, um mês ou um século.
Claro que gera um bocado de confusão em sala. Afinal, qual o tempo para se dizer que se pode ou não varia um fator? E os exemplos? O mais simples é o de um banco que possui agências bancárias. Dizemos que é mais ‘rápido’, em um certo período de tempo, variar o número de funcionários que o de agências. Daí que a agência seria um insumo fixo (portanto, um custo fixo) e os funcionários, variáveis.
Isto tudo pode seguir por um longo debate, mas penso que há um ponto óbvio, nem sempre percebido, que é o fato de que o tempo é um elemento subjetivo, necessariamente. O uso que se faz do tempo é uma decisão econômica e nem todo indivíduo possui as mesmas alternativas para seu uso.
Passamos boa parte do curso estudando decisões de uso do tempo para, por exemplo, discutirmos questões de poupança e consumo (e, portanto, de endividamento) no nível individual e também no agregado (o que chamamos de ‘macroeconomia’). Apesar disto, nem sempre fazemos a conexão óbvia que é a de que o curto e o longo prazo da firma possuem um elemento temporal que é subjetivo e, portanto, para não inviabilizar nossa compreensão do restante dos estudos (função de produção, minimização de custos, etc.), consideramos o ‘tempo’ como algo exógeno (sabendo que, sim, ele não o é e que podemos estudá-lo mais em aulas à frente).
Aliás, somente sobre o uso do tempo existe toda uma agenda de pesquisas como mencionei por alto em um pequeno texto em que trocava uma idéia com o leitor sobre serviços de delivery e o tempo livre.
Argumento de Autoridade e os Sinistros Relatórios Trimestrais - Foi num destes dias frios de junho que o servidor Ildefonso participou de certa reunião de trabalho semipresencial, por meio de um destes aplicativos modernosos que nos permitem encaixotar pessoas em pequenos quadriláteros chamados de ‘telas’. Cada um no seu quadrado, claro. Principalmente se há hierarquia em jogo.
São personagens deste encaixotamento, digo, conversa, além de Ildefonso, as servidoras Zenóbia e Henriqueta. Sem participação ativa, mas mencionado, é o ministro do M.E.D.O. (Ministério Especial de Desenvolvimento Organizacional), voltado para a (des/re)organização da gestão governamental em geral (e também em detalhes).
A conversa foi transcrita aqui a partir das gravações previamente autorizadas por todos e de acordo com a Lei Geral de Perdição dos Dados (LGPerD) que, dizem os juristas, era o que faltava para promover a mais absoluta segurança dos dados de todos os cidadãos do país.
Ei-la.
‘- Bom dia, senhor Ildefonso!
- Bom dia, dona Zenóbia!
- Bom dia, Henriqueta!
- Bom dia, seu Ildefonso!
- Ok, pessoal. Todos estão aí. Vocês me ouvem?
- Ouço!
- Eu também!
- Ouço, seu Ildefonso!
- Muito bem. Já que estamos todos aqui. O assunto é a publicação dos relatórios trimestrais de desorganização gerencial. Estamos com um atraso aqui e o ministro quer mais empenho. Sugestões? Sim, dona Zenóbia, estou vendo que mexe os lábios mas…abra o microfone, por gentileza.
- Pois, senhor Ildefonso, oportuna sua mensagem. Ocorre que tive um despacho com nosso ministro, o brando, e ele me disse…
- Espera, dona Zenóbia…o brando?
- Ah, é um apelido que lhe dei. Não tive queixas. Mas como dizia, o ministro nos disse que é para irmos em nosso ritmo…
- Curioso, dona Zenóbia, pois a dona Henriqueta me disse…dona Henriqueta, por gentileza…
- Obrigado seu Ildefonso. Pois é. Temos um caso curiosíssimo aqui. Eu também tive um pequeno despacho com o ministro, e ele me disse que era para nós darmos o ritmo para a senhora, dona Zenóbia, e já que estamos com um atraso…
- Interessante, dona Henriqueta. Pois não é que tivemos uma sinalização oposta? Terá a senhora se equivocado? Vejo que o cronograma…
- …ah, o cronograma sobre o qual nosso ministro pediu celeridade?
- Bem, não…exatamente celeridade, mas que fôssemos com calma, conforme desejo do min….
- Senhoras, senhoras. Por gentileza. Acho que há uma certa confusão. O nosso ministro não poderia ter dado orientações tão díspares. As senhoras não cogitam a hipótese de terem se equivocado, ao menos parcialmente?
- Por que o senhor é faz isto, senhor Ildefonso?
- Como, dona Zenóbia?
- Ora, o maravilhoso ministro…
- Deixe o senhor Ildefonso, Zenóbia. E pare com estes elogios excessivos!’
A reunião tornou-se improdutiva. Continuou por mais uns 20 inconclusivos minutos até que o senhor Ildefonso a encerrou dizendo que precisava realizar algum 'procedimento no sistema'.
Os relatórios trimestrais foram publicados com 3 anos de atraso. O ministro nunca soube exatamente os motivos.
Contra Toda Censura - Eis o nome do livro do Gustavo Maultasch que, lançado em 05/07, no Distrito Federal, contou com significativa audiência que, contudo, não pôde nem comprar, nem pedir autógrafos ao autor por conta de um problema de logística (Brasil e logística são termos que não se dão muito bem…).
De todo modo, o livro pode ser encontrado aqui e eu reencontrei, no evento, um ex-aluno que, por incrível que pareça, não pediu revisão de nota e nem fugiu de mim. Talvez haja esperança para o Bras….não, não…não vamos exagerar.
O Riso - Não consigo não rir com o título deste romance presente nas páginas d’O Riso.
Repare o leitor que o periódico nasceu em 1911. O Rei Pausolo, conta-nos o romance jovial, era ‘soberano absoluto’ de Tryphemia, uma terra onde mulheres belas podiam caminhar nuas e as feias não podiam se mostrar senão de máscara (e vestidas). Ah sim, ele tinha um harém também (por que não estou surpreso?).
Nada mal para o início do século 20. ^_^
Jornalismo investigativo? - Uma conversa bem interessante sobre o jornalismo investigativo brasileiro. David Ágape, o entrevistado, mostra como a ‘investigação’ nem sempre é o forte do jornalismo investigativo.
Juó Bananére - Uma tentativa de declamação bananérica, usando a famosa paródia de ‘Canção do Exílio’, Migna Terra. A
Ah, sim, #juobananerepresidente.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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Si, bravissimo!! Audio perfetto!!
Anch'io voglio "juobananerepresidente!!!!"
Adesso, mi hai fatto ridere con l'anima caro mestre.
Grazie!