Zanzibar - Zan Baolo - Incrível, Fantástico, Extraordinário! - Vai dormir não? - Outros
Há luz no fim do túnel...em Atlanta.
Pois é. É mesmo o v(4), n(8) este que adentra sua caixa postal como quem não quer nada.
Startup Cities - Zanzibar é a mais nova startup city do ecossistema que envolve Próspera (em Honduras), Catawba (nos EUA) e algumas outras zonas econômicas especiais (ZEE) que vou chamar de ZEE da nova geração, já que o brasileiro médio (o famoso ‘afegão médio’) geralmente (claro, senão não era médio) acredita que ZEE é sinônimo de Zona Franca de Manaus ou de Zonas de Processamento de Exportações.
A bem da verdade, estas últimas formam subconjuntos dentro do conceito maior de ZEE (ou, para alguns, de Charter Cities). A nomenclatura pode não ser ainda definitiva, mas como eu e Isabela procuramos mostrar em outro texto, talvez possamos classificar estas jurisdições especiais em ordem decrescente de abertura às inovações institucionais e, também, de independência em relação ao governo local (no qual, geograficamente, encontra-se a jurisdição especial). Neste caso, a mais ampla seria a Charter City, seguida das ZEE chegando até às sandboxes regulatórias que já são conhecidas no Brasil.
Falávamos de Zanzibar, não? Zanzibar é um ‘região semi-autônoma’ da Tanzânia, na África oriental. Após a independência, Zanzibar, até então um protetorado britânico, passou a ser uma república socialista que durou pouco tempo dado o custo humano gerado (mais de 20 mil mortos) e, em 1964, uniu-se à Tanzânia no que ficou conhecido como a República Unida da Tanzânia.
Famoso pelo turismo, o arquipélago de Zanzibar sofreu com os dois anos de pandemia (precisamos mesmo discutir a segurança em laboratórios chineses). Este deve ter sido um motivo importante para o governo da Tanzânia aceitar a criação do que o African Business chamou de Silicon Zanzibar.
“We are providing an open and enabling environment for all tech companies and their team members to be based in Zanzibar – one of the world’s most attractive destinations – allowing everyone building tech for Africa to be based in Africa,” says Mudrick Soraga, Zanzibar’s minister of investment and economic development. “Attracting tech companies and global talent brings in a lot of purchasing power into the country, which definitely will be beneficial for its economy,” says Dietzold. [Africa Business]
Aí está a motivação das mudanças regulatórias em Zanzibar: atrair capital humano especializado em tecnologia. Nômades digitais ou empresas (já há a Wasoko) e até mesmo uma universidade (a African School of Economics) universidades estão se estabelecendo por lá.
Zanzibar é mais um exemplo do que os governos brasileiros não fazem. Só temos zonas econômicas especiais que operam sob incentivos disfuncionais, do ponto de vista da prosperidade econômica. Nenhuma delas atrai capital humano estrangeiro.
Não temos nem incentivos para a imigração. Exemplos: refugiados de Hong Kong (quando da tomada hostil feita pela China socialista, na pandemia, com a supressão dos movimentos populares). Refugiados ucranianos? Não… Os venezuelanos só vieram porque o desgoverno de Maduro forçou o êxodo maciço e aí o governo brasileiro foi obrigado a lidar com a imigração.
Aliás, a visão do brasileiro médio é a de que a imigração prejudica os empregos locais (desconsiderando que toda solução mais eficiente realoca fatores de produção para atividades nas quais são mais produtivos e, mais ainda, que mudanças tecnológicas são essencialmente idênticas a choques migratórios).
A discussão sobre o Brasil vai longe, claro, mas o leitor pode ver que há soluções melhores como nos casos de Zanzibar, Próspera ou Catawba. Descobre-se, no mínimo, que não precisamos fazer o que fazemos do jeito que fazemos. Não para sempre. Foi assim, aliás, que fizemos mudanças importantes em nossa história.
Zanzibar pode dar certo? Pode. A conferir.
Zan Baolo - Juó Bananére e um de seus poemas famosos (tá lá no La Divina Increnca). Peguei daqui e corrigi os pequenos deslizes.
SODADES DE ZAN BAOLO
Tegno sodades dista Poliçea,
Dista cidade chi tanto dimiro!
Tegno sodades distu çeu azur,
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.
Tegno sodades dus tempo perdido
Xupano xoppi uguali d’un vampiro;
Tegno sodades dus begigno ardenti
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.
Tegno sodades lá da Pontigrandi,
Dove di notte si vá dá un giro
I dove vó spiá come n’un speglio
As bellas figlia lá du Bó Ritiro
Andove tê tantas piquena xique,
Chi a genti sê querê dá un sospiro,
Quano perto per caso a genti passa,
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.
Tegno sodades, ai de ti – Zan Paolo!
Terra chi eu vivo sempre n’un martiro,
Vagabundeano como un begiaflore,
Atraiz das figlia lá du Bó Ritiro.
Tegno sodades da garôa fria,
Agitada co sopro du Zefiro,
Quano io durmia ingoppa o collo ardenti
Das bellas figlia lá du Bó Ritiro.
A minha versão, para Belzonti? Tá lá no Inner Ring, com narração (Que chique!).
Incrível, Fantástico, Extraordinário! - Eis aí uma chamada para um programa de rádio que eu (não?) gostaria de ouvir.
Vai dormir não? - Uma voz em minha mente - acho que é em minha mente, mas como saber se não vem do meu ombro, ou do meu joelho? - pergunta, com certa impaciência (são 23:31 agora) se não vou dormir. Gostaria de estar dormindo e, portanto, sem a menor possibilidade de respondê-la. Só que estou mesmo acordado.
Preciso, de fato, dormir, mas algo me impede. Terá sido o dia intenso? Pode ser. Ou o reencontro com uma antiga apostila que escrevi - provocação de um amigo - e que me fez ver o quanto eu já trabalhei pelo conhecimento dos estudantes (e dos alunos que, como sempre digo, são os que não estudam). Descartada está a hipótese de que eu tenha trocado a ordem dos meus remédios. Isso, definitivamente, não.
Olha, voz misteriosa, talvez eu desabe de sono lá pelas 00:20. Depende de se conseguirei me desligar nestes minutos finais. Depois te conto. (Dormi mais ou menos pela 00:20, indeed).
Expectativas Racionais - Eu não me lembrava desta apostila (acabei de mencioná-la!!) que elaborei há alguns anos. Um colega me pediu e eu tive uma surpresa comigo mesmo: ela é bem razoável. Alunos de graduação podem gostar.
Carnaval - Já que estamos no início do século 20, com Bananére, eis uma música da época para o seu carnaval (que já terminou, vê se toma jeito!): Vem cá, mulata!
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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