What if...o putsch integralista tivesse dado certo? Aviso importante. Aquecimento global. Dados e desejos. Outros.
Como diz o narrador do jogo, "o que já passou, já era".
O v(2), n(44) está no ar…e com um episódio de What if…(E se…).
Aviso molto importântimo! - Antes que me esqueça, Juó Bananére informa aos fregueses, eleitores e detratores que participará de todos os debates possíveis (e impossíveis) e imagináveis (ou não) no 1o e no 2o turno (ele está confiante!) das eleições. Lembre-se: #juobananerepresidente.
E se… - …o golpe de Plínio Salgado tivesse dado certo? Eu sou Uatu de Souza, um Vigia, e vim aqui contar para vocês o que aconteceria se o putsch integralista (como o chamava Miguel Reale) tivesse tido sucesso. Comecemos, terráqueos.
As forças de Dutra não chegam a tempo e Vargas é preso por integralistas e enviado ao exílio em Portugal. Com o novo regime vêm grandes responsabilidades. Gustavo Barroso é nomeado Ministro da Cultura. Miguel Reale é nomeado Ministro do Integral Tribunal Federal (ITF), João Cândido Felisberto ocupa o cargo do Ministério da Igualdade Racial. San Tiago Dantas assume o Ministério das Relações Exteriores. Dom Hélder Câmara, por sua vez, funda a Confederação Integralista dos Bispos do Brasil (CIBB).
O novo governo se mantém neutro durante a guerra, com discreto apoio aos países do Eixo. Os integralistas lançam um grande plano econômico de obras e implantam uma versão tupiniquim da Carta del Lavoro, disciplinando os sindicatos que passam a fazer parte da Central Única dos Trabalhadores Integralistas (CUTI). Além disso, promovem a preservação da Amazônia e implantam as cotas raciais nos concursos públicos, o que amplia a aliança governista integralista com a inclusão da sociedade civil verde-e-vermelha organizada (segundo terminologia da época).
Nos anos 50, Plínio Salgado ordena a mudança da capital federal para o centro do país. Com o apoio (sempre solícito) de Oscar Niemeyer projeta-se o Distrito Integralista (DI) batizada como ‘Plinília’. O apoio dos sindicatos e empresários é definitivo para o sucesso do projeto e a mudança é feita em menos de 5 anos.
Aliás, com a valorização dos sindicatos e das estatais, os comunistas passam a apoiar o governo (alguns, contudo, só o fazem por conta de um esquema paralelo de pagamentos) e dividem com os integralistas o comando da CUTI.
As reformas profissionalizam o serviço público cujo acesso passa a ser feito por meio de concursos públicos. Gustavo Barroso e Luis Carlos Prestes ficam famosos por apertarem as mãos na inauguração do Instituto Superior de Estudos Integralistas Brasileiros (ISEIB) no final dos anos 50.
Aliás, o ISEIB difunde a ideologia do nacional-desenvolvimentismo integral (NDI) nas décadas seguintes. Sua influência se estende às artes e um exemplo famoso é uma peça de teor altamente nacionalista como Deus e o Diabo na Terra do Sol Integral, de Glauber Rocha, produzido pela estatal Atlântica Filmes Integrais (AFI).
Os não-integralistas e não-comunistas, por sua vez, não encontram apoio popular e definham como força política. A única oposição é a dos monarquistas, que, por algum motivo, têm o apoio do estamento universitário brasileiro, a despeito do sucesso das reformas educacionais integralistas.
Com a morte de Plínio Salgado, em 1981, constrói-se um museu e um monumento - em que o chefe integralista aparece de pé, com o braço esquerdo saudando o povo, dentro de uma foice gigante - ambos em Plinília. Uma das conquistas mais lembradas de seu governo é o tetracampeonato do país no futebol: o Brasil colocou as mãos na taça em 1958, 1962, 1966 e 1970.
Nas décadas seguintes, o país cresce a taxas baixas, mas constantes (2 ou 3% ao ano). Nada que não se espere, já que são os sindicatos que dão a tônica nas políticas públicas e a economia é pouco integrada ao resto do mundo. Também nestas décadas expande-se o culto a Plínio Salgado. A principal avenida em várias cidades, ruas e até uma fundação de pesquisas (a Fundação Plínio Salgado, FPS) levam seu nome.
Aliás, a FPS forma vários economistas defensores da tese da substituição de importações e da deterioração dos termos de troca. A escola é comandada por Celso Furtado que também implanta o currículo da Economia Integralista em várias escolas do país como a PUC-RJ, a Unicamp e a USP.
No início do século 21, o Brasil ainda se encontra sob a hegemonia sindicalista, homenageando o falecido Plínio Salgado e com taxas de crescimento econômico ainda modestas. A inflação, nunca debelada, é um problema constante, mas a mídia, sempre simpática à intrusão estatal em todos os aspectos da vida, não faz ao governo críticas muito fortes quanto a isto, celebrando sua política de correção monetária heterodoxa.
Mais recentemente há uma tentativa de se introduzir no país aplicativos de transporte e de entrega de refeições. Entretanto a CUTI agiu rapidamente, impedindo o que rotulou de não-sindicalização dos trabalhadores. Profissionais não-sindicalizados e ativistas chegam a ser espancados (e rotulados de ‘precarizadores liberais’ e ‘subversivos’). Finalmente, vale mencionar que a popularidade do governo segue intacta.
Como o leitor pode ver, eu, Uatu de Souza, Vigia Nacional (e sindicalizado), vejo, várias possíveis trajetórias para um evento histórico. Quanto ao Brasil, bem, devo dizer que choques institucionais nem sempre alteram significativamente a trajetória deste gigantesco país.
Resultados similares aos descritos acima observei, ao examinar o que aconteceria se o golpe do ‘dispositivo militar’ da dupla João Goulart e Leonel Brizola tivesse tido sucesso em outra linha de tempo na qual o segundo engana alguns golpistas vestindo-se como Carmen Miranda e salvando o governo Goulart. Mas isto é assunto para outro dia.
Eu sou Uatu de Souza e este é meu multiverso.
Análise de Impacto Regulatório - Um sumário informativo por um scholar do Mercatus. Embora o foco seja a prática nos EUA, vale a leitura. Não são nem dez páginas.
Meu sobrinho - Encontrei-o na saída de seu colégio. Como sempre, um menino inteligente, cheio de imaginação. Em certo momento…
“- Olha, tio Claudio, fui para o Japão e já voltei.
- Como assim?
- Fui andando, assim! (e imita alguém andando na ponta dos pés)
- Mas sobre o mar?
- É que peguei carona com os tubarões.
- Ah bom, agora tudo faz sentido!”
Não sei você, mas minhas melhores reuniões são com crianças. A conversa é sempre de alto nível.
Aquecimento Global - Novo - e esclarecedor - episódio sobre o aquecimento global lá no Tôblock. Aliás, descobri que a ciência não afirma que a Amazônia é o pulmão do mundo, o que não significa que você deva queimar tudo ou embarcar em um ativismo mentiroso.
Dados e debates…e desejos - Seja você contra ou a favor do aborto (e seja este restrito ou não), um ponto importante é que os dados que se utilizam nos debates sejam apresentados de forma honesta.
É verdade que temas muito apaixonantes são uma tentação para cientistas que, abandonando a boa retórica e as boas práticas, caem mais rápido que Ícaro ao sol...
Você pode ser um apaixonado defensor de uma causa sem precisar praticar crimes, inclusive contra os dados. É a melhor forma de se ganhar corações e mentes? Não sei. Mas é melhor do que ser desmentido por mau uso dos dados…
Queimando estátuas - O governo da China socialista é um entusiasta da depredação de monumentos, tal e qual a esquerda radical brasileira, que parece ter adotado uma postura violenta diante de monumentos e estátuas.
Entretanto, no caso da China, não deu certo. Bem-feito.
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Towel Day - Um dia para celebrar Douglas Adams.
Boa conversa - Dois escritores jogando conversa fora. Sempre aos domingos e sempre divertido.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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