A cartilha do Visconde de Cairú. Zéverissimações. O terror e a inflação. Música Folclórica Japonesa.
O mineiro tá on...cotô.
Chegou o sábado e, com ele, o v(2), n(47) da newsletter.
Cairú e os Exemplos de Economia na Bíblia - Passeando pela José Mindlin, encontrei dois volumes do Escola brasileira ou instrução util a todas as classes extrahida da Sagrada Escriptura para uso da mocidade autorados pelo patriarca da economia brasileira, o famoso Visconde de Cairú.
Fiquei curioso quando vi que a idéia do famoso visconde era a de oferecer uma cartilha para os jovens (ninguém mais usa mocidade, mas é um substantivo bonito…) com o que achava serem boas lições.
Ao folhear o segundo volume deste livro de 1827, para minha alegria e surpresa, descobri que o autor criou uma seção, Instrucção Economica, de 80 páginas e composta de 63 tópicos. Alguns deles? Veja que delícia!
Lei da Sociedade, Lei do Trabalho, Cooperação Social, Divisão do Trabalho, Salario do Trabalho, Direito da Propriedade, Intelligencia Humana, Riqueza e Prosperidade, Industria e Preguiça, Oppressão nos Trabalhos, Economia Publica, Segurança Nacional, Homens Publicos, Bens da Frugalidade, Bom Governo, Prosperidade do Homem, Excesso de População, Màos Legisladores, Parcimonia Irracional, Incerteza da Fortuna, Aphorismos Economicos e Credito Publico.
Sensacional, não? Cairú é uma espécie de economista clássico. Os temas abordados podem - a despeito de uma ou outra palavra cujo significado ou uso mudou ao longo dos anos - ser facilmente encontrados em alguns manuais de Economia atuais. Sim, os grandes temas são duradouros.
Ainda curioso? Separei uma amostra de alguns tópicos. Em direito de propriedade, por exemplo:
Como se vê, uma utilidade da cartilha de Cairú é fornecer ao professor exemplos para uma discussão mais profunda do tema. Vejamos um outro tópico que, hoje, seria chamado de capital humano.
Sim, sim, a sabedoria não é o mesmo que conhecimento técnico, o que não impede que você entenda tanto a questão do capital humano quanto o da importância das instituições informais de Douglass North para a prosperidade das nações.
Problemas de incentivos na política? Temos também. Em um rodapé, o autor apresenta uma noção algo primitiva de que o jogo político no legislativo seria um problema.
Não sei se ele tinha uma boa noção dos incentivos políticos, já que Cairú era um defensor apaixonado da monarquia. Salvo engano, em seu Mauá, Jorge Caldeira informa que Cairú, ao traduzir o A Riqueza das Nações, ‘enxertou’ um trecho, inexistente, na obra de Adam Smith, defendendo o papel do Poder Moderador. Um homem de seu tempo? Sem dúvida.
Vejamos mais um conceito econômico, o de acréscimos marginais, muito presente nas primeiras aulas de microeconomia, surge neste trecho (juntamente com um tom, digamos, anti-frugal).
Pode-se até pensar em uma discussão sobre a intertemporalidade do consumo, o que nos levaria a discutir, com os alunos, temas como poupança, investimentos e, claro, crescimento econômico.
Enfim, estes são apenas alguns exemplos do esforço de Cairú em buscar, no livro provavelmente mais lido da época, a Bíblia, exemplos que o ajudassem a difundir sua visão de mundo.
Ficou curioso? Dá uma olhada nos dois volumes.
Cripto - Era um criptojudeu que só negociava em criptomoedas. Contudo, sua revista favorita era Kripta, o que o incomodava profundamente.
Kripta e Inflação - Aliás, se você quer ter uma idéia aproximada da inflação brasileira dos anos 70-80, acompanhe a mudança de preços na capa da Kripta aqui. A partir de 1979, as coisas parecem piorar (aceleração). Aliás, você pode fazer o mesmo exercício com várias outras revistas de terror na mesma página.
Já fiz isto no passado, com revistas da Marvel. A diferença, em relação a olhar apenas a capa de revistas é que, neste exercício mais antigo, pude observar, também, a mudança no número de páginas das revistas.
Sílvio Romero e José Veríssimo - Ok, é uma querela entre os autores. Mas o título do livro provocador de Romero não deixa margem à dúvida: Zéverissimações ineptas da critica: repulsas e desabafos. A ironia do título é contagiante. Um trecho ilustrativo da raiva de Romero a seguir.
A retórica é uma das armas do debate, tenha este o fim que você desejar: busca sincera da verdade, caluniar o oponente etc. Sem dúvida, Romero não gostava da crítica de Veríssimo às suas teses (inclusive à sua visão racista, muito em voga na época), como se vê na sequência do texto anterior.
O artigo é ainda menos que pessimo; é uma verdadeira bota. Taí uma ofensa que não se lê todo dia…
Nova newsletter - Descobri esta aqui por meio de um tuíte do Eli Vieira e já assinei.
Amor e São Tomás de Aquino - Porque frases de Instagram nem sempre são o que parecem. Não mesmo. E o texto do Pedro é super-ultra didático (e divertido, eu já falei divertido?).
Propagandas gratuitas - Dia 18 de junho, como todos (deveriam) sabe(r), comemora-se o dia do imigrante nipônico. Há vários eventos alusivos à data. O mais famoso é o Gueinousai que acontece em São Paulo.
Contudo, há outros também. Caso você esteja em Brasília, há o Festival do Japão.
Aliás, pela primeira vez, neste evento, um grupo de jovens do Distrito Federal - cinco bravos brasileiros e nikkeys - vão se juntar ao sensacional Grupo Min para uma apresentação (infelizmente, estarei em São Paulo e vou perder este marco da música folclórica japonesa do Distrito Federal). Segundo me informei, tocarão nos dias 25 e 26 sendo, que no primeiro, devem se apresentar em algum momento entre 13 e 15 horas.
Sim, falei disto na última news. Mas também falei que iria reforçar a propaganda por aqui, com mais informações. A esperança é a de que você possa se divertir em ao menos um destes eventos.
Gato preto - Taí algo que não se vê todo dia.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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