Um dia tão bonito. Outros temas breves (inclusive bananéricos)
Eu fico com os dólares. Você, com as cuecas.
O v(2), n(88) da newletter está curtinho. É que hoje é dia de finados.
Um dia tão bonito… - Um dia tão bonito. Este era o quadro que gostaria de pintar Elias, o pintor. Elias morava em um pequeno prédio de três andares (dois apartamentos por andar). Com tantos moradores idosos, Elias, nos seus quarenta e poucos anos, era visto como o ‘filho que eu não tive’ por todos os vizinhos. Quase uma mascote do humilde condomínio, Elias, gentil que era, correspondia às cortesias ajudando os idosos sempre que podia.
Descobriu a pintura após romper com Rosa, sua quinta namorada (Elias não ficava, só namorava) em um feriado de Páscoa. Chegou em casa e flagrou a moça na cama com um homem vestido de coelho. Pior ainda, o Ovo de Páscoa que lhe havia presenteado estava despedaçado, no chão, com marcas de mordidas de uma boca que não era a de Rosa.
Cheio de ódio, expulsou ambos de casa com a roupa (e a fantasia) do corpo. Os vizinhos, vendo que Elias estava (muito) entristecido, fizeram uma vaquinha e lhe compraram um kit de pintura que estava em promoção na papelaria da esquina. Fizeram-lhe uma surpresa na garagem do prédio, quando Elias, abatido, voltava de mais um dia de trabalho sentindo-se ‘o’ corno, traído pela namorada com um coelho da Páscoa.
Passada a surpresa e os emocionados agradecimentos mútuos, Elias viu-se diante do kit em sua área de serviço, sem ter muita idéia do que fazer. Consultou alguns amigos e assistiu a alguns vídeos. Dois meses depois, começou a praticar. Os desenhos rudimentares até não eram ruins, o que o animou a fazer algumas aulas com um professor particular. Assim descobriu Elias seu talento para a pintura.
Após alguns meses de muita prática, Elias tentava descobrir como poderia pintar um quadro de um dia tão bonito. Não o dia mais bonito de todos. Nem o menos bonito. Apenas um dia tão bonito. Tendo já esquecido o desagradável acontecimento da Páscoa, aproveitou um feriado prolongado e pôs-se a pensar em como seria um dia tão bonito.
Pensou em paisagens bucólicas, em mulheres sorridentes, em crianças brincando no bosque e até em um prato de bobó de camarão. Foi quando teve aquela epifania e, furiosamente, pôs-se a pintar na tela virgem. Passou horas e horas. Nem banho tomou. Ao terminar, havia perdido quase um quilo, já que também não se alimentou.
Desabou na cama.
No dia seguinte, arrumou sua mala de viagem. Desceu até o hall de entrada do prédio e deixou o quadro, coberto, em cima da mesa de centro, com um envelope no qual se lia: ‘um dia tão bonito…obrigado, pessoal. Volto em breve’. Saiu e foi para o aeroporto viajar para um descanso de uma semana em alguma praia do litoral paulista (quem não tem dinheiro não vai para o Rio Grande do Norte).
Seu João, o síndico, tirou a toalha e seus olhos se encheram. Lá estava a cena da entrega do kit de pintura na garagem, retratada nos traços de Elias.
Caneta-tinteiro - Aconteceu. Deixei uma deitada na mochila por dias… Aproveitar o feriado para limpá-la e reabastecê-la com uma das tintas que ganhei do Orlando (valeu, Orlando!), autor da newsletter Silly Talks que, sim, eu recomendo muito (e não é porque ganhei a tinta, mas confesso que, desde então, faço propaganda com mais empenho).
Finados - Não sou muito bom com enterros e cemitérios. Homenageio os finados no silêncio da oração mesmo. Estejam todos bem, onde quer que estejam.
Mudanças no Twitter - Foi só o Elon Musk passar a cobrar por aquele selinho azul que a choradeira começou (inclusive com ofensas a ele). São 21 séculos e o povo não aprendeu que não, não existe almoço grátis. Digo, cada geração mais nova vem sem este conhecimento no seu DNA. Dá um trabalho ensinar…
Reforma trabalhista - O Pedro Nery foi até tímido no artigo em que defende a lucidez com a discussão sobre possíveis mudanças na reforma trabalhista.
Aliás, ele lembra bem, muitos interesses sindicais passaram todos estes anos espalhando fake news sobre a reforma, sem que ninguém se interessasse em banir os disseminadores de mentiras. Liberdade de expressão apenas para mim? Pois é.
Boatos sobre ministros de um possível governo de Juó Bananére - Eh! Tutto fêiki nyus! U meu aliado nón faz terror co u poppulo! Aóra tuttos inimici du Bananére faz fêiki nyus. Porca miseria! Che indisgunhambaçó! Cristówão, Vicenzo i Pitter nón són du meu ministérium. Sô Redattore! Pára co’as fêiki nyus nesta niusléttere!
Que saudades! - Saudades dos bons filmes do início dos anos 70 (ou final dos 60, vai)!
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
Caso queira compartilhar, clique no botão abaixo.
Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico duas vezes por semana, geralmente às quartas e sábados. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Também gosto de homenagear os finados no silêncio da oração...