Surtou...culturalmente?
Na terra dos sushis / vivem os javalis dourados / lá eles todos passeiam /em carros de nabos ralados (serviu para adormecer sobrinha há um tempo. Resultados podem variar, pilhas não incluídas)
Neste terceiro número do primeiro volume (em breve adotarei a periodização imperial japonesa…era Shouwa, era Heiwa etc.).
Hoje, o cardápio é japonês. Prepare seu edamamê!
Ligeirinha: na v.1, n.2, falei, bem lá no final, de Takeshi Kitano (quatro filmes). Em breve, voltarei ao famoso comediante, ator e diretor com a sua autobiografia Boy publicada em 2007 nos EUA. Afinal, esta newsletter é sobre o que estou lendo, né?
Surtos culturais
Você já reparou como a abertura de um país (quase?) sempre vem com um certo surto cultural? No final dos anos 80 e começo dos 90, em Belo Horizonte, houve um súbito interesse pelo aprendizado da língua alemã. Tínhamos, inclusive, o Goethe Institute instalado nas dependências do famoso (na região da “pequena BH”) Colégio Arnaldo e os cursos de línguas da Faculdade de Letras da UFMG como opções. Jah, jah…Das Buch ist über den Tisch…
Talvez você não conheça Belo Horizonte (eu já mencionei a sigla BH?). Talvez você conheça mesmo o exemplo da Restauração Meiji no final do século XIX. Também por lá houve um surto cultural, com vários autores defendendo a ocidentalização da literatura.
Souseki Natsume (grafado por aqui como Soseki Natsume) foi um deles. Antes de viajar para seus estudos na Inglaterra era um entusiasta desta visão. Já quando retornou, era menos radical, defendendo uma literatura com elementos autóctones e estrangeiros (poderíamos chamar de uma visão sushi California?).
Souseki foi também um empreendedor. Tinha uma vida relativamente estabelecida como professor universitário quando, com o crescente sucesso de seus escritos, decidiu renunciar ao posto e foi viver de seus livros.
No Brasil, país tão pouco aberto ao mundo, sua obra só foi traduzida no século XXI (sempre dou um jeito de falar do Souseki, eu sei…). Dele, li do início ao fim e recomendo os divertidos Botchan e Eu sou um Gato).
Lição do Dia: Grandes Progressos são construídos por mudanças marginais: “Quer estudar? Ou escrever?…Realize-se na vida, de qualquer forma. Mas não se deixe precipitar. É importante prosseguir pachorrentamente, como boi…”. [Akutagawa, R. Kappa e o Levante Imaginário, Estação Liberdade, 2010, prefácio (p.13)]
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