Startup societies - A armadilha da mediocridade - O Cheio de Si - O jovem Hegel, o jovem Marx, o jovem Kierkgaard e o jovem… - Outros
Quem atira, amigo não é. Nem é bom da cabeça, e tem bicho de pé.
O v(3), n(61) não derreteu ainda. Ainda!
Startup Societies - Há um mundo de gente pensando no futuro. Eis alguns exemplos.
Sim, sim: charter cities e zonas econômicas especiais são parte desta grande conversa que foi potencializada com este livro do Balaji. O conceito de startup societies mostra que avanços tecnológicos são capazes de afetar a governança de um modo muito mais profundo do que geralmente se imagina.
A ansiedade de gestores públicos - em geral - com a inovação bem poderia ser substituída por uma visão mais tecno-otimista. A agenda das startup societies tem um potencial imenso. É uma conversa da qual eu quero fazer parte. Quem quiser vir comigo, bem, pode vir.
A armadilha da mediocridade - No início dos anos 90, a abertura econômica e as reformas das duas administrações Cardoso, é minha sensação, trouxeram uma mudança transitória na sociedade.
Houve o momento em que os eleitores-sustentadores perceberam que era ofensivo os cartazes, em várias repartições públicas que insinuavam que reclamar seria um crime contra o servidor público (eufemismos jurídicos não são de hoje…).
Também foi um tempo em que os serviços, em geral, pareciam apresentar uma perspectiva de melhora. Sim, garçons continuavam olhando para o outro lado quando você fazia seu pedido. Por outro lado, a noção de que o consumidor poderia ter alguma importância parecia estar ganhando algum espaço na reflexão de comerciantes tão mal acostumados ao baixo nível de competição.
Até mesmo no meio acadêmico as pessoas pareciam estar percebendo que as mudanças, por mais lentas que fossem, iam na direção correta. O crescimento da educação privada diminuiu o monopólio estatal do ensino trazendo alguma diversidade de pensamento. Estudantes de Economia perceberam, por exemplo, que a Cepal não era um oráculo.
Isto foi no início dos anos 90 e, creio, durou até a primeira década do século atual.
De lá para cá, a história da armadilha da renda média parece ter se solidificado. Os governos que se diziam preocupados com a vida do trabalhador (que estiveram contra o Plano Real e, depois, o Bolsa Família e, desde então, tentam reescrever a história com o mesmo fervor que tanto condenam quando outro tenta fazer o mesmo) não se esforçaram muito para mudar isto.
O ensino, a formação técnica, tudo isto ficou estagnado. Ampliar o ensino técnico, democratizando mais as possibilidades? Não. Isto seria um ‘plano malvado da burguesia neoliberal’ que quer impedir o acesso de analfabetos ao diploma universitário. Melhor mesmo é não ter técnicos. Quem precisa, né? Os poucos que aí estão ganham muito e o serviço não é lá estas cois….ops, entendi.
Aliás, o lobby do ensino superior - supostamente inovador e gerador de externalidades (e, claro, de produtividade) - dizia que o ensino básico/médio não era tão importante assim porque…poucos de seus professores seriam mestres ou doutores. Quase se podia ouvir o brado: Invista nos doutorandos e mestrandos, não nestes ignorantes professores de crianças. Depois alguém (quem?) arruma isto!
Estagnados em níveis educacionais medíocres e presos na armadilha da renda média, acostumamo-nos à má qualidade. Mal servidos pelo setor privado e pelo público. Funcionários ineficientes comandados por gerentes mal preparados atendem mal os clientes e já é menos comum ver aquela legítima preocupação em servir bem. No máximo, repetem, apressadamente, que a empresa é ESG, sem se engasgarem. Do lado do setor público, ignorar o cidadão voltou a ser um padrão de comportamento em alta. O cidadão? Está bestificado.
A pandemia, neste contexto, teve dois lados: amplificou a mediocridade mas, ao mesmo tempo, gerou incentivos para que possamos sair dela. A digitalização de serviços públicos e privados exige, no mínimo, uma autocrítica dos respectivos ofertantes de bens e serviços. Há uma esperança, a despeito das asneiras que vejo nos noticiários.
Na outra ponta, infelizmente, o consumidor também se mediocrizou. Acha que tem direitos, mas não deveres. Nem sempre entende o que está pedindo ou comprando. Perdeu a capacidade de barganhar (até para somar 8 e 2 ele precisa de uma calculadora, o que toma segundos preciosos em negociações simples e quem já ficou em uma fila de uma padaria sabe do que falo).
Tudo isto é minha sensação, claro. Estou dizendo algo novo? Não mesmo. Muitos especialistas realmente bons de serviço (e até uns pale$trante$ burrinhos, mas antenados) reclamam da estagnação da qualidade de nosso ensino. Nem precisa ser especialista. Contrate uma pequena obra em sua casa e veja você mesmo. Ou vá ao restaurante e veja como garçons pioraram (não os de seu restaurante caro, leitor rico). Ou peça 6 pães franceses na padaria. Exemplos não faltarão.
Quem ganha com isso são os políticos que precisam de pobres para angariar votos. A eles não interessa, a despeito do discurso contrário, enriquecer ninguém. Bobeando, querem até te empobrecer. Não sei como isto evolui (ou involui). Só sei que não é o mesmo mundo em que nasci.
O Cheio de Si - Conheci outro dia o CDS, que não sou eu, mas o Cheio de Si. Eu, claro, estou é de saco cheio de mim. Quanto ao Cheio de Si, ah sim, eu o vi no calçadão. Andava todo cheio de si (claro), com os braços abertos e as pernas mais arqueadas que John Wayne em dia de cavalgada.
Olhar altivo, queixo para o alto, o cheio de si é só confiança. Digo, confiança em si mesmo. Todo pimpão, só distribui “hás e hús” para todos.
“- Sabe como resolver?
- Há!
- Tem como me ajudar?
- Hú!
- E sobre esta equação?
- Há!”
Cheio de Si, acha-se o alfa, o ômega e todas as letras gregas entre elas. Quando alguém lhe apontava uma solução melhor, distribuía apenas seu desprezo, iniciando sempre com um guincho selvagem.
“- Viu que aqui fica melhor?
- Ihhhhhhhhh! Discordo.
- Por que discorda?
- Ihhhhhhhhhhh! Porque discordo. Queria manifestar minha discordância em alto e bom tom para todos. Ouçam, seus pulhas!
- Tá, mas…
- Ihhhhhhhhh! Sem mas, discordo!”
Cheio de Si adora manifestar sua discordância do alto dos mais nobres e sábios critérios da história da filosofia humana e não humana (notadamente, esta última) que, dizia, guiavam suas iluminadas reflexões e decisões.
Como todo ser (humano e não humano) cheio de si, discorda sempre de modo arrogante. O negócio, digo, o jeito (ou o trem) para não ter uma convivência complicada com ele é simplesmente ignorá-lo e fazer-se de estupefato diante de suas (para ele geniais) óbvias constatações.
Cheio de Si nunca ligou muito para as restrições do mundo. Afinal, ele é cheio de si, estocando vento, como disse alguém. Os pais são ricos, o que facilita bastante sua vida. Com seus foras, virou unanimidade entre os vizinhos que passaram a vida rindo dele pelas costas. É visto no trabalho como figura curiosa, algo divertida, que só se garante pelo nome da família, muito influente na vila.
É isso aí, Cheio de Si! Siga firme. Precisamos de mais risadas neste mundo tão monótono. Divirta-nos! Não precisa fingir. Apenas seja você mesmo! Seus guinchos são melodias aos nossos ouvidos!
O jovem Hegel, o jovem Marx, o jovem Kierkgaard e o jovem…- O jovem Claudio andou pelas ruas do centro de Belo Horizonte, mas isto, como o ‘o jovem’ insinua, já faz muito tempo. Acho até que ele se chamava Cláudio, mas não há registros arqueológicos definitivos sobre o assunto (ou acento). Tal como Gilgámesh, você tem que achar mais tabuinhas com ‘Cláudio’ do que com ‘Claudio’ para poder criar um consenso acerca da maneira correta de se grafar o nome do antigo jovem.
Pelas ruas de Belo Horizonte ele andou. Talvez, ainda criança (quando seria então o jovem-jovem) tenha urinado em algum jardim de alguma praça. Caso tenha ocorrido, foi em um tempo em que aqueles que fazem as leis não obrigavam as pessoas a pagarem contribuições ao governo (ao mesmo tempo em que, eles mesmos, davam um jeito de não pagarem seus impostos).
Naquele tempo, o sonho de diversão era, na pior das hipóteses, um jogo eletrônico nos famosos fliperamas que haviam na cidade. Lembro-me, colado no antigo Cine Jacques, no local em que hoje é o Shopping Cidade. Aliás, este era um dos melhores cinemas da cidade. Ainda na época do jovem-jovem Claudio, podia-se lanchar uma banana split no Ted’s, uma lanchonete que, creio, era a única na cidade a, heroicamente, divulgar em sua placa, a Pepsi, enquanto todos vendiam Coca-Cola.
O jovem Claudio andou um bocado pelo centro de Belo Horizonte. Os outros jovens do título? Não, não creio que tenha visto algum deles por aqui. Talvez em Nova Lima…
Outros - Só para finalizar, sim, hoje é aniversário do meu mais antigo amigo, um que, aliás, mais discorda de mim em quase tudo, mas não larga mão de me ajudar quando preciso. Ele não assina isto aqui, mas merece os parabéns. Parabéns, Ji…<fim do seu tempo. Insira mais uma moeda>
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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