Professor Salmon contra os Quatro Alunos de Bronze e outros assuntos
O ChatGPT, um papagaio e um marxista entram em um bar cheio de identitários (desculpe o transtorno, piada em construção).
Chegou o v(3), n(31) da newsletter de nome mais reprovável se você trabalha com publicidade, embora seja um nome bem sincero.
Professor Salmon contra os Quatro Alunos de Bronze - O professor Salmon voltava para casa feliz, após mais uma visita em um sebo. Encontrara um raro exemplar do famoso manual de Henderson & Quandt, em bom estado. Como sabem os mais velhos, este era um dos livros de Microeconomia mais assustadores da época. Onde mais - exceto no livro Matemática para Economistas - você encontrava uma análise da dinâmica de mercado com equações diferenciais? Talvez no bom e velho manual de matemática de Allen, sim. Agora, em livros de Microeconomia? Era justamente isto que encantava o professor Salmon.
Absorto nas páginas amareladas daquele clássico dos anos 80, Salmon não notou que era perseguido por quatro figuras estranhas cujos rostos não se via. Pareciam pertencer ao mundo das sombras. Seriam ninjas? Fantasmas? Estas perguntas sequer passavam pela cabeça do professor, entretido com um exercício de otimização que encontrara no meio do capítulo.
Enquanto resolvia uma condição de segunda ordem de um problema de maximização, Salmon foi surpreendido com uma rajada de vento. Tirou os olhos do livro e se viu diante de quatro figuras que lhe pareciam, de um estranho modo, familiares. Não pelo rosto, mas algo místico emanava daqueles quatro seres.
- Olá, quem ser vocês? Eu sou a Professor Salmon.
- Nós sabemos quem você é! - respondeu um deles.
Diante de nosso ilustre mestre estavam os quatro famosos alunos de bronze, membros da Liga do Mal dos campi universitários: Preguiça, Ansiedade, Despreparo e Desonestidade. Todos sabemos que estes espíritos malignos rondam os professores e os bons alunos desde o início dos tempos. Há quem os associe aos Quatro Cavaleiros do Apocalipse (peste, guerra, fome, morte), mas não há comprovação disto até hoje.
Munidos apenas de suas sungas douradas e chinelos de dedo, surpreenderam Salmon em mais um de seus vários momentos de leitura concentrada.
- O que vocês quer comigo? Deixem eu ler minha livro em paz!
- Nós estamos aqui para impedi-lo-lo! Suas aulas têm nos atrapalhado muito!
- Vocês são bem bronzeados, heim?
- Somos os Quatro Alunos de Bronze! - disse um deles, com orgulho.
- Obrigado, inimigo, é que a gente sempre vai para o clube no horário da aula!
- Oh, maldição! Vocês fazem tudo errada!
- Sim, professor Salmon, e o senhor faz tudo certo.
- Obrigada!
- De nada, prof…digo, inimigo. Só que agora é hora de o senhor enfrentar…os Quatro Alunos de Bronze!
Preguiça, Ansiedade, Despreparo e Desonestidade cercaram o professor de modo simétrico. Como não carregavam livros, computadores ou qualquer outro material que pudesse ser usado para estudos, tinham as mãos totalmente livres, ao contrário de nosso herói, que carregava seu recém-adquirido livro usado de Microeconomia.
Para a surpresa de todos, Salmon juntou as mãos e se concentrou, gerando uma energia didático-pedagógica muito forte em sua volta (alguns chamariam de guenkidama). Preguiça apenas olhava, enquanto Ansiedade tentava penetrar na aura de Salmon, sem sucesso. Despreparo não sabia o que fazer e Desonestidade não tinha como ‘colar’ ou trapacear.
A aura de Salmon tornou-se mais e mais brilhante, com fórmulas de funções de utilidade (e alguns teoremas de Análise na Reta) ardendo em chamas. Sim, o professor Salmon era um iniciado nas antigas artes celtas do ensino de Economia. Invocando os poderes de David Hume, Adam Smith e David Ricardo, Salmon recitou alguns cânticos antigos e a aura disparou quatro línguas de fogo que atingiram cada um dos alunos de bronze que, por sua vez, caíram desmaiados.
Desfeita a aura, era como se nada tivesse acontecido. Salmon continuava de pé, com seu livro semiaberto, mas os quatro alunos estavam deitados, agora sem o aspecto bronzeado de antes. Pálidos, não estavam mais seminus. Nem de mãos vazias. Cada um tinha nas mãos um caderno e um estojo com lápis, borracha, caneta, régua… e um porta-canetas, brinde da faculdade (pois Salmon gostava de atrair alunos para o curso).
Seus nomes, nos crachás, não eram mais substantivos genéricos, mas apenas nomes e sobrenomes. Os quatro alunos de bronze haviam se convertido em estudantes (“você só assiste à aula ou também estuda?”). Sem se lembrarem de nada, levantaram-se e saíram conversando alegremente pela rua.
O professor Salmon seguiu em sua caminhada incomodado pois perdera o marcador de livro e não encontrava mais a página em que estava. Só iria reencontrá-la algumas horas depois, no horário do jantar, quando já lia o apêndice matemático e sorria pensando em como era emocionante a (sua) vida de professor de Economia.
Adormeceu em sua cadeira de balanço, com seus exemplares (volumes 1 e 2) do manual de macroeconomia de Gardner Ackley. Que novas e eletrizantes (ao menos para mim) aventuras o professor Salmon viverá? Só o tempo poderá dizer…
Todas Sabemos…,mas não denunciamos? - Eis um caso terrível envolvendo uma aluna de doutorado e um acadêmico muito cultuado pela esquerda (um outro relato aqui). O relato mostra que não é só em Hollywood que o assédio sexual abre portas. Infelizmente.
Em pelo menos duas ocasiões, Moira Millán já tinha relatado publicamente assédio do sociólogo. Diz que foi aconselhada a não falar do assunto para não parecer estar a fazer "o jogo da direita". [Aqui]
Quando o assediador é de esquerda, denunciá-lo é ‘fazer o jogo da direita’? Este tipo de conselho nos diz mais sobre o caráter de alguém do que discursos ou manifestações. Quando a ideologia a tudo se sobrepõe, o que se tem é um imenso nada.
Taiwan - Taiwan é um país independente e se o governo brasileiro não reconhece isto, então o mesmo governo não tem moral para julgar e perseguir quem se veja feliz apoiando ditadores ou torturadores. Simples assim.
A história da Hello Kitty - Um ótimo resumo, em inglês.
Piadas do ChatGPT - É, pedi a ele uma. Não é que ficou boa? Ei-la, aqui.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Precisamos de um mangá do professor Salmon.