Por que não se suicidar? - Economia - Student Economic Review - Sayounara
Por que pararam o show?
O v(5), n(11) chegou após o Carnaval. A caminho da Páscoa!
Por que não se suicidar? - Pessoas elencam vários motivos para não se suicidarem, mas, será que estão certas? Eis os que, para mim, são os mais importantes:
Não dá para se suicidar com quatro tiros: afinal, qual a graça de se matar com um tiro? Nenhuma. Coisa de pobre. O bom é se matar com quatro tiros da mesma pistola, mas o problema é que isso não é possível. Não, não, nem me venha com apetrechos mecânicos: suicídio, só pelas próprias mãos.
Não dá para se suicidar com uma única música-tema: todo mundo que pensa em se suicidar, parece-me óbvio, pensa em uma música que possa ser tocada durante seu último ato em vida (digo, ‘último’ apenas se tiver sucesso). Simples, não? Bem, o problema é a escolha da música. Quando você acha que escolheu a música especial, surge outra porque você pensa em algum outro momento de sua vida que também deseja usar para adornar seu suicídio. E mais outra, outra. No final, você tem uma playlist, mas ainda não consegue se decidir porque não sabe a ordem das músicas.
Não dá para se suicidar com uma espada de samurai (katana) e um kaishakunin: Mishima teve este privilégio, mas ele era rico. Infelizmente, a desigualdade de renda não nos permite que outras pessoas possam fazer o mesmo. Culpa do neoliberalismo, claro. Um suicídio elegante - e dolorido - como este deveria ser de acesso amplo a todos (eis uma política pública relevante!), mas até o Estado, capacho do neoliberalismo, faz-se de bobo e não investe um mísero níquel em boas espadas para rituais de harakiri.
Não dá para se suicidar porque não é possível escrever cartas de despedida de boa qualidade: ora, não é só passar um corretor ortográfico, minha gente. É necessário se escrever um conteúdo de qualidade e sempre falta algo a ser dito, lembrado ou jogado na cara do destinatário. Não, nem com a inteligência artificial você consegue fazer isto (e nem deve, já que uma carta desta tem que sair do próprio coração). Você escreve, reescreve, quando pensa que está bom, a vida lhe dá outra desagradável surpresa e você tem que mudar todo o texto. Haja paciência!
Não dá para se suicidar porque você pode perderá o próximo título do seu time: o futebol, como já disse Hegel, é uma kleine Überraschungsbox e a chance de seu time levar a Copa Brasil, ou a Libertadores, ou qualquer outro título nunca é igual a zero. Como os malditos campeonatos acontecem recorrentemente, o suicídio, uma vez consumado, implica em perder uma possível agradável surpresa futura. Mesmo que seu time esteja, hoje, na série D.
Economia - Um aluno, vamos chamá-lo por um nome genérico para preservar sua real identidade, digamos então, que ‘Lauro’ me procurou. Ele queria saber mais sobre materiais que o ajudassem a analisar a conjuntura econômica.
Bem, eu pesquisei e encontre dois livros de um mesmo autor, o prof. Rogério Mori, o qual não conheço pessoalmente (e, portanto, não posso ser acusado de fazer propaganda para ele). São ótimos para o que Lauro quer. São o Economia na Real e o Guia de Indicadores Econômicos Brasileiros.
Passei os olhos nos dois, li alguns capítulos, e, realmente, gostei bastante do que encontrei. Fica a dica para Lauro e similares.
Student Economic Review - Excelente iniciativa desta faculdade irlandesa: uma revista que publica apenas artigos científicos de alunos de graduação. A iniciativa é interessante porque o conselho editorial me pareceu razoavelmente exigente, de modo que você realmente encontra bons trabalhos ali. É um estímulo para alunos entenderem como se aplicam a teoria e os métodos próprios da Economia em problemas do mundo real.
Claro que qualquer faculdade pode fazer isto, inclusive no Brasil. As dificuldades para fazê-lo são:
(a) arrogância - neste país há muita gente com boa formação (doutorado nos EUA) que pensa que qualquer artigo científico só é bom se publicado na Econometrica. Ok, todo mundo sabe que é muito bom publicar lá, mas, ao mesmo tempo, sabemos que há artigos menos ‘precisos’ em seus resultados que merecem divulgação ampla (por exemplo, para estimular as pesquisas no tema…vimos isso na pandemia, não vimos?). Além disso, há muito “Ph.D.” que fala cada bobagem incrível enquanto há alunos de graduação que são promissores;
(b) a burocratização - este é o oposto, por assim dizer, do problema anterior. Aqui, a publicação perderia sua qualidade em troca de uma visão mais simplista, de fazer o periódico apenas como peça de propaganda, afagando egos de alunos e aceitando qualquer lixo para publicação. Vira uma publicação periódica, mas de qualidade duvidosa (enganando os leigos pais e mães que acharão maravilhoso ver o nome do filho lá).
Editar um periódico científico é muito mais do que apenas implorar a pesquisadores que avaliem um artigo, ou preocupar-se com a cor da capa do próximo número. Sei bem como é isso e aprendi que é preciso ser não só um demandante (do tempo alheio), mas também um ofertante (de novas idéias para futuras publicações).
Um periódico para alunos de graduação é um desafio interessante, mas, claro, não existe periódico bom grátis e é por isso que você não vê isso com muita frequência no Brasil, este país em que os sábios se isolam da massa analfabeta com nojo ou idolatram-na, mas sem real preocupação com sua precária situação…
Recomendações de canais - Algumas do YT para você, amigo assinante.
Jerome Weiselberry - A moça comenta filmes, sem preconceitos. Vídeos curtos, de uns 30 minutos.
Watch it for days - Canal dedicado à série Columbo. Vídeos longos, mas com detalhes curiosos, sobre cada um dos episódios da série de nosso detetive favorito.
Cult Cinema Classics - O nome diz tudo, eu sei.
Japanese Commercials HD - Só os mais estranhos comerciais japoneses.
Sayounara - A belíssima música do final do longa Adieu, Galaxy Express 999, em uma de suas versões, a em língua inglesa.
Por hoje é só e…até mais ler!
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
Caso queira compartilhar, clique no botão abaixo.
Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.