O queijo e a vida. Diálogos insólitos de nós dois (eu e eu). Outros Temas.
Este 'bombom conhaque' da Pan é um sobrevivente...
Este é o v(2), n(12) da newsletter… e o tempo segue escasso. A semana foi pródiga de intolerâncias nas redes sociais (quem nunca, né?). Mas manter-se são não é tão complicado. Começa com uma rotina de leitura. Escolha um livro qualquer, leia-o sempre, todas as manhãs, antes de começar o dia. Ou escreva um diário. Deixe as ideias livres. Quem não gosta de liberdade de pensamento é que é intolerante.
E siga com sua dose desta newsletter. ^_^
Amor entre guerras e os mil e um usos dos queijos para sua saúde - Há muitos anos, num evento da colônia japonesa de Porto Alegre, tive a oportunidade de comprar um exemplar autografado de Amor Entre Guerras, de Marianne Nishihata.
O livro, resultado de entrevistas da autora com uma das personagens, Ilma, narra o romance da brasileira com Alberto Tomiyo Yamada, um nissei que serviu na Força Expedicionária Brasileira (FEB), na Itália.
Comecei a ler o livro há muito tempo. Retomei-o nos últimos meses. Embora a história do casal seja bonita, confesso que terminei o livro quase que no automático. Há bons momentos (daqui a pouco menciono um), mas o livro tem um capítulo bizarramente fora de ordem, o capítulo 7.
Digo isto porque a autora segue uma narrativa claramente linear - algo que ajuda muito em histórias como esta - e, de repente, no sétimo capítulo, um evento que só ocorrerá muitas páginas adiante, surge, do nada. Tive quer ler várias vezes até me convencer de que eu não estava maluco.
Bom, mas ao evento. Em meio à neve italiana, em um bosque ou algo assim, o cabo Yamada enfrenta rajadas de balas alemãs. Correndo, sente que uma bala o atinge perto do coração. Consegue alcançar os colegas do outro lado do bosque. Desesperado, diz que está ferido.
Os colegas tiram sua camisa, sua blusa e notam que não há nada ali, a despeito da dor. Yamada foi salvo por um pedaço de queijo que guardara no bolso para terminar de comer posteriormente e que lhe alojou a bala.
Antes dos mineiros comemorarem mais este feito dos queijos, vale lembrar de uma cena como esta em Hard Boiled (Fervura Máxima) de John Woo. O delegado presenteia o infiltrado Alan (vivido pelo ator Tony Leung) que o coloca no bolso de seu informante, Foxy (interpretado por Stephen Tung), ajudando-o a escapar da morte por um tiro mais adiante, no desenrolar da trama.
Ah, os mil e um usos dos queijos…
Mais ‘Nisseis’ - Tadaatsu Matsudaira, japonês, emigrou para os EUA no século 19. Lá ele teve um filho. Quer saber mais? Leia a parte final do texto do An Eccentric Culinary History.
Desenho animado também é cultura - Não é que um episódio de Jonny Quest tem uma história que parece mesmo inspirada em eventos reais? Quem diria…
O Claudio Shikida do futuro e o de hoje - Provocado por uma colega (para a preservação do anonimato, chamarei-a, de ‘Bruna’) que me perguntou sobre o que aconteceria se o Claudio Shikida de hoje ligasse para o Claudio Shikida do primeiro dia de trabalho, pensei em algo similar.
- Alô, é da Casa da Pamonha?
- Não. É da Repartição.
- Repartição? O que é isso? Quem fala?
- É o Claudio Shikida.
- Ué, que legal. Aqui também é o Claudio Shikida. Espera...
- Ah, entendi. É que você tá começando a trabalha aí, né?
- Isso, mas como é que você...
- É que eu vim do futuro. Não viu a esfera de raios? Eu saí pelado aqui e me troquei...
- Que legal! Mas não te viram? Pelado? Espera, você sou eu...amanhã?
- Isso, mais ou menos. É que a Bruna...
- Que Bruna?
- A do TCC. Ela...ah, ela não tá aí ainda.
- Ah, entendi...acho.
- Então, ela queria saber o que você tá achando...
- Do quê?
- Do seu primeiro dia de trabalho.
- Mas e a história da pamonha?
- É que se eu perco o amigo, mas não perco a piada, não poderia perder meu melhor amigo, que é você, digo, eu.
- Hum, vejo que não mudou…mudei nada, né?
- Nadinha.
- Mas, vem cá, e o seu dia? Como foi seu primeiro dia?
- O dia? Tá sendo bom. Mas nem acabou ainda. Vem cá, no futuro, o Diogo ainda tem barba?
- Tem, mas tá maior agora.
- Ih, rapaz, então deu tudo errado...
- Não, bem, mais ou menos. Deixa de ser pessimista.
- Mas eu não sou pessimista no futuro?
- Sim, você é. Mas é que...ah, esquece. Conta do seu primeiro dia.
- Como falei, tá começando. Mas passei pelo corredor e, adivinhe, parece que tem coxinha nos eventos. Não em todos, mas tem.
- E a sua equipe?
- A gente se apresentou. Mas eles ainda não sabem o que esperar de mim.
- É, acho que me lembro disso.
- Ué? Mas vem cá. Se você sou eu amanhã, então, por que você me perguntou isso tudo? Você perdeu a memória?
- Não. Mas é que a Bruna pediu para te ligar. É tudo culpa da Bruna.
- Deixa esta Bruna chegar aqui que vou falar com ela para ligar para a Bruna do futuro…
- Mas ela só chega aí em algo entte o seu presente e o futuro. E eu duvido que a Bruna daqui vai querer ligar para ela do meio do caminho entre passado e futuro. Não é o usual. Sem falar que mulher nenhuma gosta de aparecer em uma esfera de raios pelada. Bom, talvez o único caso seria se a esfera se materializasse em uma loja de roupas femininas…
- Você tem um bom ponto, como sempre. Olha, eu tenho que trabalhar. Diogo me pediu umas coisas esquisitas aqui. Tem um tal de ‘sistema eletrônico de informações’ e umas tais de ‘notas técnicas’…
- Ah, sei como é. Talvez um dia você supere isto…
- Ei, espere aí! Como assim ‘talvez um dia’?
- Tenho que ir. Grande abr…
- Ei, espera aí, tenho tantas perguntas…
- Olha, pelas regras das ligações telefônicas intertemporais, você só tem direito a uma pergunta.
- Tá. Então me diga: ainda tem um carro cor de gelo do lado de fora do prédio aí no futuro?
- Peraí. que eu…ah, palhaço! Eu ainda uso esta piada.
- Ha ha ha ha.
- Ok, Claudio. Bom início de trabalho aí. Vou retornar ao futuro.
- Tá bom. Boa sorte para você aí.
- Para você também. E não coma morcegos, tá?
- Ei, esta é a piada mais idiota que você já contou. Ninguém dever rir disso aí no futuro.
- Ninguém mesmo. Abração.
- Abração. Lembranças à sua amiga Bruna. Espero que consiga tirar algo de útil desta sua ligação.
- Duvido. Você avacalhou tudo com suas piadinhas mas, ei, é a vida, né?
- É.
- Até mais!
- Até mais!
FIM (ufa!)
Dicas de R - Esta dica de R me faz pensar se não estamos nos divetindo mais do que trabalhando. Brincadeira…
Nazismo e Comunismo - O Pedro faz uma pequena, mas interessante reflexão sobre as duas doutrinas mais mortíferas que já vimos (uma delas, ainda, livremente celebrada em boa parte do mundo).
O Grande Gellner - Ernest Gellner, em seu Condições da Liberdade - A Sociedade Civil e Seus Rivais, publicado por aqui pela Jorge Zahar Editor, em 1996.
Para os velhos puritanos, o trabalho bem-sucedido era apenas o sinal da eleição, mas não a sua essência. Para os marxistas, o trabalho era a própria salvação humana'. [p.48]
E que tal esta imagem rent-seeking do Islã, algumas páginas antes?
Na prática, as formas de governo muçulmanas são permeadas de clientelismo. (…) A lei governa os detalhes da vida diária, mas não as instituições de poder. [p.30]
Aliás, a última frase parece uma descrição do Brasil, não?
Eu pouco havia lido de Gellner antes. Posso estar enganado, mas acho que há insights de Gellner similares aos de McCloskey, em seus últimos trabalhos. Mas ainda estou no início do livro. Em breve, quem sabe, volto ao tema.
Todas as Festas Felizes Demais - Livro de Fabio Danesi Rossi, de 2004. É, 2004. E eu não conhecia. Pequeno, um opúsculo, mas daqueles livros dos quais nada se desperdiça. É incrivelmente engraçado e, sem spoilers, tem começo, meio e fim (embora não pareça, à primeira vista). Claro que recomendo.
Economia Comportamental nas mãos erradas… - Governos manipulando medos? Imagina, deve estar havendo um engan…waaait a secoooond!
Desenho soviético - Por que achei que assistia ao the yellow submarine?
Por hoje é só, pessoal!
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