O que são as ARCs? - Barba, bigode e cabelo - Os amigos - Música!
"Viver pra mim é um perpétuo espanto. Nunca me acostumarei com o fato de estar vivo. Nem morto."
O v(5) n(12) passou por uma semana quente, mas sobreviveu. Ele agradeceria se uma chuva viesse, mas…(e ela não veio alguns dias depois?)
Ah sim, a frase aí em cima foi retirada do Todas as Festas Felizes Demais, do Fabio Danesi Rossi, publicado em 2004. Sim, recomendo-o.
Começamos hoje de forma mais técnica com…
O que são as ARCs? - O que é um ARC? (em inglês: Business Improvement Districts (BID)) é uma área que possui uma gestão público-privada visando sua revitalização. Vantagens? As mais óbvias: áreas revitalizadas têm mais comércio, portanto mais imposto (prefeitos adoram isto, certo?). No caso das ARCs, há um maior alinhamento dos interesses locais com os da prefeitura, já que a proposta é muito mais um fruto das pessoas do que dos burocratas (pagadores de impostos adorariam isto, certo?).
Uma ARC faz sentido se os benefícios e custos da revitalização forem, efetivamente, da própria área. Ou seja, não faz sentido uma ARC se os custos forem dispersos para outras áreas, com os benefícios concentrados apenas na ARC (isto seria algo de que grupos de interesse caroneiros (free riders) adorariam, certo?).
Um curso gratuito - e muito bom - sobre o tema está aqui. O Marcos e o Diogo, professores do curso, têm também um texto interessante em que propõem que uma ARC possa ser financiada pelos cidadãos, por meio de descontos no IPTU.
Em um país no qual se fala tanto em participação do cidadão na política, é irônico como esta proposta tenha tão poucos adeptos (duas vereadoras de Curitiba merecem aplausos aqui). Afinal, é o cidadão preocupado com a melhoria da área onde vive ou trabalha (ou alguma área próxima) dizendo ao governo o quanto de seu imposto deve ser alocado.
A proposta de uma ARC é um exemplo de que você consegue melhorar o ambiente de negócios sem gerar custo fiscal e, conforme a proposta, incentivando a cultura, melhorando o meio ambiente local ou mesmo reforçando a segurança pública. Há fundamento teórico para uma ARC? Arrisco a dizer que sim e aponto pelo menos um possível autor: James Buchanan.
O pai da Public Choice, James Buchanan (Nobel, 1986), um dos meus favoritos na Ciência Econômica também é conhecido por sua teorização sobre os chamados bens de clube (uma tradução diferente existe, mas não me lembro agora porque acho este termo bem mais esclarecedor).
O que são bens de clube? São bens que têm duas características: seu consumo é não-rival (o meu consumo de uma unidade do bem não afeta o seu consumo do mesmo bem) e excludente (só pode consumir quem pagou). Um clube é assim: só há sócios frequentando (pagantes) e o consumo do clube não é rival pois a administração do clube tem uma estimativa de quantas pessoas são suficientes para permitir o consumo dos serviços do clube sem congestionamento. Buchanan foi quem teorizou sobre isto pela primeira vez, em: Buchanan, J. M. (1965). An Economic Theory of Clubs. Economica, 32(125), 1–14.
Esta teoria já foi usada pelo economista Todd Sandler, por exemplo, para estudar alianças como a OTAN. Há outras aplicações da Teoria dos Clubes, claro. Contudo, para mim, a ARC é uma aplicação prática desta antiga teoria do Buchanan. Obviamente, o leitor não-economista poderá encontrar outras influências que podem ser teoricamente relacionadas a esta interessante iniciativa.
Ah sim, não pesquisei, mas não é impossível que alguém já tenha escrito sobre esta relação entre as ARCs e a Teoria dos Clubes. Até tentei encontrar algo, rapidamente, mas encontrei outros trabalhos como este estudo (em português) sobre New York e esta revisão sistemática sobre os BIDs. Talvez eu tenha sido o primeiro a pensar na relação entre a Teoria dos Clubes e os BIDs (ou ARCs), mas isto é, obviamente, uma pretensão muito grande de minha parte...(aliás, alguém já fez algo interessante aqui)
Barba, bigode e cabelo - Podia ser Fitas, Bolachas e Catataus, mas os caras interromperam o programa. De todo modo, aos meus 18 anos (lá no século passado…parece velho falar isso, né?) eu tentei deixar o bigode crescer e constatei que o DNA do meu pai era mais forte que o da minha mãe, vale dizer: se meus olhos não vieram puxados, sou menos peludo do que um brasileiro médio.
Agora, aos 55 anos, resolvi fazer um experimento. A conferir.
Os amigos - Há algo em que sempre penso nas caminhadas que faço por um misto de recomendação médica (peso etc.) e necessidade própria (manutenção de minha insanidade mental em níveis socialmente aceitáveis). Este algo, o leitor já adivinhou, são os amigos.
Amigos não necessariamente veem com laços de sangue. Não mesmo. Há parentes falsos o suficiente para te fazer não querer ter família. Amigos chegam aleatoriamente ao longo da vida (eu achava que não faria amigos após os 40 anos, mas me enganei). Uns estão geograficamente pertos e outros, bem longe. Alguns conversam comigo frequentemente e, outros, umas poucas vezes no ano.
Recentemente, alguns amigos se mudaram (ou estão se mudando) para longe e meu sentimento é sempre este de todos nós: um pouco de tristeza egoísta e uma alegria imensa (que é difícil de sentir junto com a maldita tristeza, mas, de algum modo, a gente consegue).
Caminhando, ouvindo música nos fones, penso em meus amigos e em como é bom que eles existam e que estejam bem. Espero que meus amigos possam contar comigo em seus momentos bons ou ruins e, se eu tiver sorte, estarei com eles em alguns destes momentos.
Aliás, preciso caminhar.
Livros - Marize Schöns publicou novo livro sobre o Liberalismo na coleção O Mínimo. Não li ainda, mas pelo que conheço dela, será uma ótima referência para os que procuram saber mais sobre o tema e necessitam de um livro em linguagem menos técnica. Claro que vou querer meu exemplar autografado. Já está em pré-venda na Amazon.
Música! - Interessante isto aqui.
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.