Eis o v(2), n(75) de nossa newsletter. O sal tá aí ao lado. Há palitos também.
O que eu vi… - O que eu vi, li ou ouvi? Não sei. Pensei numa lista que ofereço ao leitor de forma desordenada (não é um ranqueamento) e algo aleatória (não me esforcei para me lembrar de nada em especial).
Hoje, só do que eu vi (na TV ou ao vivo). O que li ou ouvi, bem, talvez outro dia. À lista!
Guerra das Malvinas;
Queda do Muro de Berlim;
Diretas Já;
Copa de 1982;
A disputa do VHS com o Betamax;
O fim da reserva de mercado para computadores;
O pavor com o surgimento da AIDS;
A distorção do que é método científico com a pandemia;
A morte do imperador Showa (Hirohito);
O ipê amarelo que meu pai plantou em frente ao prédio florescer;
O disc laser (ainda que por pouco tempo);
Eu vi New Orleans antes do Katrina;
O rock brasileiro florescer nos anos 80;
O massacre da Paz Celestial;
O grande tsunami destruir parte do litoral nordestino do Japão.
Poderia seguir com a lista, claro. Vi muito mais do que isto, obviamente. Considerando, contudo, os itens acima, noto que há uma mistura de coisas ‘boas’ e ‘ruins’. Também são eventos que atingiram a mim apenas, ou a um grupo restrito, ou a quase todos do planeta.
Muito do que vi não se repetirá. Mas há ali uns que podem se repetir (como os dois últimos), apenas com pequenas alterações, em outro contexto. Nem sempre o futuro replica o passado (ou o presente) de forma exata, mas há padrões, não há? Acho que sim.
Digo a você, leitor, pelo menos, que fico feliz de poder ter visto isso tudo aí. Foi uma boa experiência. O que vem adiante? Não sei. O futuro está depois da curva. Bom, eis algo que vi recentemente: semana passada morreu a rainha Elizabeth.
Antes dela morreram alguns princípios da lógica elementar (motivados, creio, por um certo viés ideológico), como me lembrou a Lygia. Essa morte da lógica (ou dos bons modos, escolha) teve efeitos devastadores no meu humor.
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Alexandre Soares Silva fez observações complementares às de Lygia, sobre a morte da rainha, em seu texto da Crusoé. Creio que os dois se complementam ao mostrar o quão pouco se reflete sobre a relação ‘afetiva’ de alguns de nós com o poder (ou com apenas alguns poderosos…).
Pois é.
Morremos um pouco nós, que ensinamos repetidas vezes aos alunos que o mundo não se divide entre virtuosos e diabólicos (nós e o pessoal que criou o ‘Yinyang', há uma pá de anos (e que pá!)…). A cada besteira escrita nas redes sociais (houve um que acusou a rainha de ser escravocrata…note: um brasileiro…) sangra um pouquinho o sujeito bom que mora em meu coração (ok, de favor, mas mora) que imaginou, um dia, estar ajudando pessoas a pensarem de forma mais tolerante.
Fala-se em ‘estudar a história’, mas, lamentavelmente, o que se quer dizer é: ‘aceite a história como eu a vejo ou te cegarei’. Ironicamente, um marxista muito provavelmente desprezaria as críticas da esquerda moderna (que lê menos de um livro por ano, mas manda bem no TikTok, nada contra, mas, veja bem…).
É, eu vi muita coisa. Nem tudo o que vi foi bonito. E nem sempre vi com olhos livres de preconceitos. Entretanto, a convivência com gente muito boa da cabeça e alguns princípios básicos de educação, aos poucos, guiaram-me para um caminho em que minha autocrítica opera com certa desenvoltura. Espero que seja assim com mais gente. Com meus leitores sei que posso contar.
Ainda bem.
Futebol de botão - Ainda existe, mas tornou-se uma diversão muito especializada, quase exclusiva de adultos. Da minha infância, o futebol de botão me remete ao Rio de Janeiro, das duas vezes não-consecutivas que lá morei. Se posso dizer que tive um período dourado envolvendo futebol de botão, este corresponde a estas duas experiências de vida na capital carioca.
Havia uma papelaria pela qual eu passava a caminho do colégio (seu nome era Externato Angelorum), que vendia botões avulsos. Até então, eu só conhecia os botões de plástico, vendidos em sacos grampeados com um algum papelão impresso com motivos alusivos ao futebol em geral (ou ao time ensacado).
Pois eu falava da papelaria, não é mesmo? Ah, sim. Foi nela que vi a bandeira do Vasco da Gama, ainda criança e, sendo um cruzeirense expatriado, sem time na capital carioca, tornei-me vascaíno. Aquela caravela imponente foi a responsável por minha adoção deste time (que durou até 1982, quando a Copa do Mundo me afastou do futebol por mais de 20 anos).
Minhas lembranças da papelaria são escassas. Tento lembrar um ou outro elemento, sem muito sucesso. Tudo o que sei é que sua fachada me parecia enorme. Por outro lado, tudo é muito grande quando se é criança, é verdade. Lá dentro, pela primeira vez em minha vida, vi botões que não eram como aquelas tampas de plástico que mencionei. E os goleiros eram blocos de madeira com uma camada de acrílico neutra ou alusiva a um time (um dos meus era da seleção brasileira). Um mundo novo!
E, o mais engraçado, não eram de um único tamanho os belos e coloridos botões. A altura e o diâmetro, tudo mudava. Não havia um padrão. Tive um time todo misturado que usava em jogos com algum vizinho (ou mesmo sozinho). Ah, e eu nunca tive a bolinha de pano (feltro?). Jogava com aquelas ‘pastilhas’ de plástico que eram as bolinhas dos jogos de botão mais baratos (os que chamei de ‘ensacados’).
O único time, uniforme, composto por um goleiro de madeira e botões de acrílico (ou seja lá que material era aquele) que tive, foi o do…Vasco! Acho que foi um presente que pedi ao Papai Noel naquele início dos anos 70. Sim leitor, estes botões mais elaborados eram caros. Nada muito estranho às leis básicas da Ciência Econômica.
Ainda vejo, hoje em dia, tabuleiros para o jogo, à venda. Já até presenteei o filho de um amigo com um destes (e com dois times), na intenção de que o menino tivesse uma opção aos jogos eletrônicos e que lhe permitisse uma interação mais, digamos assim, presencial. Creio que ele e o pai jogaram algumas vezes. Os botões ainda sobrevivem no mundo dos jogos eletrônicos.
Junto à lembrança de um Rio de Janeiro ainda pouco violento ali pelos lados da praia do Flamengo ou do bairro da Glória vem-me, muito fragmentariamente, esta recordação de um dos meus passatempos. Bons tempos.
p.s. Era divertido fazer barreira com botões.
Econometria para todos - Pedro Sant’Anna mandando a real em Nashville (e também online).
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Haiku e café - Olha que eu descobri uma lista, só para cafés. Está aqui. Fato curioso: uma grafia para café (koohii) usando ideogramas.
珈琲 (コーヒー)
Pois descobri que, ao contrário do que sempre acreditei, a palavra não foi trazida do inglês, mas do holandês (tá aqui, ó). Faz até mais sentido a pronúncia ser, em japonês, koohii, já que, no holandês é koffie. Perfeito! Seguiram a regra de tentar se aproximar da pronúncia original.
Um bom café não faz mal, aliás.
E até mais. Fique com essa bela melodia, originalmente de uma famosa série japonesa.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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