O (Pequeno) Príncipe. A Gestão Educacional É Séria Demais Para Ser Deixada Nas Mãos Dos... Etc.
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Olá e bem-vindo ao v(2), n(26) desta newsletter. Época de se preocupar com o imposto mais (im)popular do Brasil, não é mesmo? Faça um breve intervalo e venha bater um papo rápido. Prometo que vou tentar não ser muito chato.
O Príncipe - Alguém já contou isso como piada, mas, comigo, aconteceu mesmo. Tinha sido aprovado no vestibular e começaria, em breve, a graduação. Conversando com um parente, fui convencido de que deveria ler o famoso livro de Maquiavel.
Assim, num belo dia em que estava no centro, passamos em uma livraria. Minha mãe perguntou ao vendedor se eles tinham O Príncipe. Claro que o vendedor retrucou sobre se procurávamos pelo Pequeno Príncipe.
É piada para você, mas lembrança para mim.
Gestão educacional - Eis um e-book sobre gestão educacional com algumas avaliações de impactos para diferentes propostas. Em uma delas, inclusive, os autores encontram evidências de que as escolas cívico-militares têm impactos positivos no desempenho dos alunos.
No conjunto, o e-book tem uma mensagem interessante: não é o gasto por aluno que importa, mas a eficiência da gestão. Obviamente, isso não significa que o gasto por aluno deva ser zerado, apenas que não adianta despejar dinheiro numa escola.
Em um cenário no qual a população envelhece (a reforma da previdência deixou muito claro uma das consequências deste envelhecimento…), não é uma estratégia inteligente (nem mesmo compatível com os recursos obtidos dos pagadores de impostos) construir escolas apenas.
Experimentar novos modelos, avaliá-los, descartando o que não funciona, é isso que realmente importa. Veja, esta frase não deve ser tomada apenas por seu valor retórico: estamos falando de avaliar, empiricamente, modelos de gestão. Estamos falando de usar os recursos dos impostos para, de fato, melhorar o desempenho dos alunos que, em breve, serão os responsáveis pela produtividade do país.
Para quem ainda não sabe, eis um fato econômico básico: o bem-estar de um país não evolui sem aumentos em sua produtividade.
Ainda sobre a educação - Disse Cecília Meireles:
Entre a criança que faz gazeta, porque a escola lhe parece abominável, e a que se submete a frequentá-la, passivamente, bobamente, eu prefiro a primeira. É a que revela mais sensibilidade, mais vida, mais inteligência. É a mais aproveitável. Acho que devia ganhar prêmios. Prêmios de escolas adequadas, de professores adequados. De educação adequada. [Cecília Meireles, “Da Evasão Escolar”. In: Azevedo Filho, Leodegário A. de. ‘Cecília Meireles. Coleção Melhores Crônicas. Global Editora, 2003, p.330]
É um trecho curioso. Ao mesmo tempo em que valoriza - acertadamente - crianças que não se comportam passivamente, subitamente, no mesmo parágrafo, Cecília passa a falar de escolas, defendendo as que incentivam crianças que não sejam passivas.
Não há como discordar da poetisa: até hoje nossos estudantes são conhecidos, mundo afora, por sua passividade (e, não, estudante, isso não é um elogio). Eu ainda acrescentaria a falta de noção que vejo em universitários (os de boa fé) que confundem uma discordância científica com uma ofensa pessoal.
Os alunos passivos de ontem, inclusive, seguem estimulados a serem assim, até mesmo no setor privado. Infelizmente, muitas escolas, influenciadas pelos assessores de marketing, nas últimas décadas, passaram a valorizar o silêncio em sala, o fim das análises críticas porque, sabe como é, o aluno é um cliente.
Tenho uma novidade para você, senhor marqueteiro: o senhor também é cliente de médicos e estes, quando sérios, não lhe prescreve apenas o que você quer, já que o dever primordial do médico é com a sua saúde, não com seus desejos.
E, sim, existem médicos que apenas desejam agradar. O noticiário nos mostra o que acontece nestes casos, mas não acho que sejam bons modelos de conduta…
Belo trecho - Eis um belo trecho sobre (bem) escrever.
Escrever é um trabalho árduo. Uma frase clara não é acidental. Poucas frases surgem prontas logo de cara, ou mesmo depois de duas ou três vezes. Lembre-se disso nos momentos de desespero. Se você acha difícil escrever, é porque é mesmo difícil. [Zinsser, William. Como Escrever Bem. Fósforo, 2021, p.23]
Não teria dito melhor. Aliás, comecei a ler e já me sinto tentado a recomendar o livro a todos. Reviso cada texto várias vezes e sei que, ainda assim, erros são cometidos. Tento evitar, claro. A ideia é que os erros diminuam a cada texto. Sigo no esforço…
Que beleza! - O Orlando é sempre uma leitura obrigatória. Agora, com esta entrevista, sua fama dá um salto (e descobrimos que é, também, um homem que precisa de um wi-fi melhor…).
p.s. Caramba, acabei de ter uma surpresa na parte final do vídeo…
A gente se vê.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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