O v(4), n(51) vem com a tradicional mensagem de Natal que esta newsletter herdou dos tempos das mensagens por e-mail.
O Natal se aproxima… - A gente olha para o calendário na parede e vê que é a última página de nossa vida…em 2024. Lá se foi mais um ano e todo mundo costuma fazer uma retrospectiva nesta época. Pensei em fazer o mesmo, mas não sei se consegui. Vamos aos fatos, numa resenha algo caótica. Depois, à mensagem de Natal.
Fatos (sem Fotos)
I. Conheci a livraria Conservatorium e, com ela, o Romel, Jorge, Júlia e o Gustavo, que é o dono, mas os melhores frequentadores são o Apolo e o Bituca, que andam de quatro patas.
II. Consegui, apesar do ano agitado, emplacar um artigo em periódico estrangeiro com a inigualável (até porque não tem irmã gêmea) Isabela.
III. Desde julho encontro-me com uma sinusite que tem um efeito colateral que ainda não consegui reverter que é o efeito sobre minhas cordas vocais. Para quem gosta de karaokê, isto é quase um tiro no coração.
IV. Iniciei um grupo de estudos com a Nicole (quase escrevi Natália) e o Rafael (quase escrevi Diogo). O grupo tem tido um desempenho melhor do que eu esperava.
V. Sobrevivi aos efeitos de uma chuva que inundou parte do apartamento em janeiro. Vim, vi…quase voltei, mas venci.
VI. O cacto da amizade que eu trouxe de Brasília mostrou-se um imperialista: já troquei de vaso duas vezes. Daqui a pouco ele me expulsa do quarto.
VII. Tentei vender, doar, dar livros, mas sem sucesso. Minha biblioteca ainda se sustenta com estantes precárias de plástico (e, pois é, comprei mais livros. Não me julguem. Lembrem-se do que disse Jesus!).
VIII. Comprei uma AirFryer e levei algumas semanas para saber como encaixar o cesto rotatório nela. Sim, este sou eu.
IX. Passei a mandar áudios para o Trocando as Bolas só porque o Orlando mandou. Sou uma pessoa invejosa? Ou será que mandei só porque o Carlão disse que não? Sou uma pessoa teimosa?
X. Usei pouco o Juó Bananére aqui (acho que 2021-22 foi o auge dele). É que não tenho tempo de fazer algo decente (dá trabalho escrever em ‘bananérês’).
XI. Descobri que o YouTube Music confunde Antonio Marcos com um tal de Antônio Marcos e não tenho como enviar uma mensagem a eles corrigindo. Assim, em todos os resumos periódicos sobre o que eu ouvi aparece o Antônio e não o Antonio (que conhecemos pelo sucesso maior dele: O Homem de Nazareth).
XII. O Cruzeiro conseguiu descambar ao longo do segundo semestre (Fernando Seabra > Fernando Diniz, mas é o que temos…), mas o Atrético (Peter Can) quase foi rebaixado (voltou ao seu estágio normal). O Esporte Clube Pelotas voltou para a 1a divisão do Gauchão. O Juventus, ah, o Juventus ainda não consegui acompanhar com carinho necessário. Mea culpa.
XIII. Na LibertyCon, o Magno me lembrou que eu estava no barco muito antes dos liberais-que-cabem-numa-kombi. É, eu estava no liberais-cabem-no-fusca-com-folga. Já se deu conta disto? Eu não havia percebido. Talvez porque eu não goste de envelhecer (quem nunca?).
XIV. Revisei alguns materiais didáticos que tenho, pensando nos alunos (que oram para que eu não pense em revisar materiais didáticos) e estou criando umas notas de aula. Disponibilizei algumas delas no LinkedIn porque me dei conta de que posso morrer a qualquer momento e minha obra grandiosa não pode ser ignorada pelos mortais ignaros (vaidoso, não?).
XV. Continuei com a publicação de pequenos ensaios na coluna que o Instituto Millenium tem na Exame. O esforço com os ensaios é o que ainda me mantém são (mas a lei dos rendimentos decrescentes…).
XVI. Ainda não consegui atingir um nível saudável de vida no planeta. Às vezes eu me pergunto se realmente isso é um problema. Ou será que a vida que levo é que deveria ser bastante alterada? A reflexão que todo mundo faz de vez em quando (e os adolescentes fazem o tempo todo).
XVII - Li Abandonar um Gato, do Haruki Murakami, por indicação do Adalberto, que conheci, juntamente com sua simpática esposa (cujo livro ainda não li) em Goiânia. Foi minha primeira viagem a Goiás.
XVIII - Li também o Criatividade, do John Cleese, mas não me sinto mais criativo no momento. Também li Microeconomia Brasileira Contemporânea, do André Portela e do Bernardo Guimarães; Contra o Estado, do Chesterton (este nem conta, é um panfletinho); Por que almocei meu pai, do Roy Lewis; A política econômica brasileira no período 2019-2022, do Adolfo Sachsida e do Paulo Guedes; Aki no Kure - haicais & antologia, do Ivan Eugênio da Cunha. Escrevi, com a Marília, um capítulo para o Decisões judiciais e suas consequências econômicas e sociais, organizado pela professora Amanda Flávio e pelo Guilherme Mendes de Resende.
XIX - Estive na Hayek Business College, em Brasília. Vou repetir: estive na Hayek Business College, em Brasília. Isso mesmo. Sou um homem internacional. Até ganhei camisa! Este empreendimento traz uma proposta que torço para dar certo.
XX - Consegui comprar um exemplar de Monsenhor Quixote, do Graham Greene que não veio com defeito (páginas faltando) como no original que li, mas ainda não consegui reler. Na fila.
XXI - Voltei a usar fichários, após tanto tempo. Agora preciso recuperar o pouco que resta da minha dignidade, digo, da dignidade da minha escrita.
XXII - Não comprei canetas-tinteiro este ano, mas comprei um ou outro charuto.
XXIII - Ganhei um relógio de bolso. Diferentemente dos outros, este é de dar corda mesmo. Vou comprar uma cartola e um monóculo e me mudar para os anos 20 tão logo inventem a máquina do tempo.
XXIV - Cancelei, após muitos anos, a assinatura d’O Estado de São Paulo. Mantenho só o da Gazeta do Povo.
XXV - Conheci a sede do Instituto Mauro Borges, órgão do governo goiano, e consegui ‘roubar’ uma caneca do Erik. É que gostei tanto que, tal e qual uma criança, perguntei se ele não podia transferir o direito de propriedade para mim e deu no que deu. Erik é nota dez!
XXVI - Estive em mais um Fórum de Liberdade Econômica da Mackenzie e revi grandes amigos. Desta vez, fui com a Nicole, do grupo de estudos que, espero, tenha aproveitado mais do que eu o evento. Há pessoas que não podem ter carteira ou dinheiro no bolso. Nicole é o contrário: precisa.
XXVII - Após muitos anos, estive em um amigo oculto. Só gente da nata. Ganhei um vinho e dei um Prometeu Acorrentado (que eu mesmo queria para mim, mas, ei, já falei que não tenho mais espaço para livros novos?). Fiz um esforço para escrever uma boa dedicatória usando Prometeu e falando de amizade. Não tive coragem de perguntar para a presenteada se gostou.
II.
Mensagem, propriamente dita
Acho que se um leitor conseguiu não passar mal após vinte fatos que falam muito mais de mim do que qualquer outra coisa, ele merece uma mensagem de Natal. Costumava chamá-la de “carta de Natal”, mas vamos de mensagem mesmo porque os tempos mudaram, a juventude não é mais a mesma, a civilização ocidental cristã (e Israel) estão acabando, a soja que alimenta o Exército Vermelho vai te transformar na Raquel Welch, vacinas deveriam ser obrigatórias e o mercado é o fruto de todo mal, qualquer fascismo/comunismo é melhor que ele etc. etc. etc.
Pois então…
Caro leitor, é isso aí. A vida é mais breve que um haikai. Quando você começa a achar que está entendendo o que se passa, vem um evento transgressor (que o STF não censura) e muda tudo. E aí, meu amigo, a vida já passou e você está velho.
Não foi um ano tão bom, né? Guerras continuam, trocaram um açougueiro por outro lá na Síria, e o governo brasileiro jura - né, Itamaraty?? - que existem eleições livres, imparciais e transparentes na Venezuela. É para isso que a gente paga impostos, eu sei.
O lado bom? O lado bom existe em vários momentos que você viveu ao longo de 2024. Sei que alguns existiram. Não minta para você mesmo. Você os teve. Eu sei e você também sabe.
Às vezes eu caminho nas manhãs de sábado e paro para tomar um café. É um momento no qual paro para pensar no que ainda chamo de vida <momento misteriosamente triste só para chamar a atenção>. Após alguns palavrões sobre a semana vem alguma lembrança boa (geralmente envolve amigos, Úrsula, Kenzo e, claro, Banzé, Flecha e Frajolinha) e sinto que ainda vale a pena um esforço aqui ou um ajuste acolá.
Há um filme do Yasujiro Ozu, cuja tradução é: A Rotina tem seu Encanto. O filme não é sobre rotinas e nem o título em português é uma tradução literal do japonês. Contudo, eis aí algo que o tradutor captou bem: a rotina não é e nem precisa ser sinônimo de monotonia. A rotina é a maior parte de nossos dias e um dia nunca é igual ao outro, não é? Podemos, como indivíduos, agir para temperar nossa rotina com um ou outro ato de amor (ou de humor).
Sorrir diante do mundo é um desafio. Rir do mundo é uma obrigação.
Feliz Natal para você e um ótimo 2025!
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Muito bom! E adorei a música indicada!
Ahh, adorei esse apanhado do ano :)