O mundo não importa - Juó Bananére - Doutor Palhinha e o Panettone Furado - Liberdade Econômica - Ilegais nos EUA - O laranjão voltou!
A ficção voltou à esta casa!
O v(5), n(5) chega em meio a um janeiro que termina bem quente, não?
O mundo não importa - Caminho pela rua com um fone de ouvido que me proporciona uma trilha sonora que não tem nada a ver com a do restante da vizinhança (por vizinhança, aqui, refiro-me ao país). Deste ponto de vista é correto dizer que, desde muito cedo, já vivo em outro mundo (não o da lua).
Durante a caminhada a música, devo dizer, cumpre um papel importante que é tentar acalmar minha mente. Digo isso porque quase nunca consigo me concentrar na letra da música (é um bom exercício para se aprender outras línguas) porque me vejo pensando em outros problemas e a música, tal como nos filmes, é quase que uma trilha sonora de fundo. Um pouco anárquica, claro, já que os pensamentos nem sempre combinam.
Assim, percebo agora, há momentos em que a música guia meu humor - e parte dos meus pensamentos, por consequência - e tem horas que estes fogem à trilha sonora, de forma que se isso é um filme, o editor precisa trabalhar um bocado para harmonizar música e acontecimentos…
De todo modo, os eventos do mundo (incluindo as redes sociais, o STF, guerras, ladrões governando, oposições oportunistas, preço da picanha, cadeias globais de produção, inflação etc.) de nada valem nestes momentos. Sou só eu, minhas circunstâncias, meus pensamentos e minha música.
Obrigado, humanidade, pelo 4G!
Juó Bananére - Nosso querido Juó Bananére tem uma mensagem. Mandou para mim por correio e, por isso, demorou a chegar. Pediu-me que a divulgasse amplamente (princípio da publicidade e transparência):
“Eh! Como ‘stão tutto us assinanti? Che ‘stão fazendu? Io gustaria di che u ano novo vai a ser molto bunitigno prá nóis. Felishe Añu Nuovo!”
Doutor Palhinha e o Panettone Furado - No calor do final de ano, nosso investigador favorito, o Dr. Palhinha (cria do Alexandre que também já foi usado pelo Polzonoff e por mim), degustava um whisky barato em um copinho de cachaça em sua mesa toda suja de farelos de panettone, pão e lascas de bife de lombo quando o celular tocou.
Tocou, mas ele não atendeu porque nosso indômito herói tem uma regra: jamais atende telefonemas se está apenas de cuecas. Doutor Palhinha tem valores, minha gente.
O telefone até tentou insistir, mas como já conhecia nossa personagem, resolveu dar um tempo, tipo uns 40 minutos para garantir. Foi quando tocou novamente e, desta vez, com sucesso.
“- Alôôô. Quem é?
- Sou eu, delegado Gaspar, seu Palhinhaa!
- Queeem?
- Gaspar Mendes, doutor! Da 5a!
- Ah tá, Gaspar, como ocê tá?
- Tô bem.
- Então tá bão. O que qui cê manda?
- Doutor, o senhor precisa vir aqui. Estamos com um caso complicado.
- Mas agora?
- Já são 10 horas, doutor…
- Nossa…tudo isso? Fiquei maratonando o Columbo no DVD e num vi o tempo passar. É na delegacia mesmo?
- É, aqui na 5a.
- Pódêxá, meu filho. Já chego aí.”
Cerca de de 20 minutos depois (a 5a fica a 3 quadras da residência de nosso bom doutor, mas sabe como é…), chegou o grande investigador na casa da lei (ou em seu puxadinho). Cumprimentou os guardas que se distraíam brincando com uma barata e foi até a sala do delegado Gaspar.
“- Oi, Gaspar!
- Olá, doutor Palhinha. Que bom que veio!
- Imagina, ômi!
- Café?
- Não, obrigado.
- Olha ali, doutor Palhinha.”
Gaspar apontou para uma mesa que ficava no canto da sala, ao lado da janela que dava para o pátio interno da delegacia. Em cima dela, majestoso, estava um panettone de 600 g, feito sob encomenda por dona Maricota Pinho do Valle, a melhor confeiteira de Taubaté e região (o “e região” era parte de sua propaganda, mas este autor nunca soube de alguém, fora da cidade, que comprasse seus confeitados e similares).
O panettone parecia normal, belo, de aparência apetitosa. Tradicionalíssimo, com farto e variado recheio. Envolvia-o um plástico transparente com motivos natalinos brancos e uma fita vermelha incomumente bonita. Uma visão de dar água na boca para aqueles que apreciam um bom panettone. Doutor Palhinha, inclusive, é um destes.
“- É de milho verde?
- Não, né, Doutor Palhinha.
- Inda assim deve sê bão!
- Nem me fale! Dona Maricota que fez!
- A confeiteira? Ah, ômi de Deus, deve di sê muito bão!
- Então, doutor…este é o problema…
- Qual é o problema?
- O panettone!
- O panettone?
- É, o panettone.
- O que tem o panettone?
- É o problema!
- Eu sei, mas qual o pobrema do panettone, Gaspar!
- Veja, se o senhor olhar bem, notará um buraco na embalagem…um buraco que vai até o meio do panettone.”
Gaspar e nosso bom doutor se aproximaram do panettone e, de fato, lá estava um buraco, mais ou menos do tamanho de um (ou dois) dedo(s) que cavava um túnel até seu centro. Antes que perguntasse, o inspetor Gaspar já lhe adiantou que não, aquilo não estava lá quando dona Maricota o entregou. Assim que, diante dos fatos, havia um mistério a ser resolvido.
“- O que acha?
- Gaspar, quando isso apareceu?
- De ontem prá hoje, doutor.
- Hum, deixa eu pensá…
…
…
…
- Já sei, Gaspar, traz aqui os seus hômi do turno da noite.
- É prá já!”
Gaspar saiu e voltou com três dos seus guardas: Zacarias, Paolo e Valentim. O doutor Palhinha notou que seria um desafio, dado que os três eram bem gordos (o leitor que conhece o método do nosso investigador sabe como isso dificulta as coisas…).
“- Ó gente, ocês trêis aí. Tô vendo que comem bem, né?
- Pandu tá cheio, doutor! (disse Zacarias, com um sorriso que só os gordos felizes têm)
- Obrigado, doutor, a gente capricha! (disse Paolo, batendo em sua proeminente barriga branca que mal era contida pela farda)
- Ô, doutor, nem como tanto assim, meus ossos é que são pesados! (disse Valentim, meio sem graça).”
Doutor Palhinha sorriu, olhou para Gaspar e soltou seu veredito.
“- Gaspar, pode perguntar ao Valentim.
- Eu? O que tem eu?
- Valentim, foi você que experimentou o panettone?
- Eu?
- Vamô, moço. Pode falar. Doutor Palhinha não erra nunca!
- Bem, sim…me desculpe, inspetor…o panettone era tão lindo…não resisti…
- Doutor Palhinha, como chegou ao culpado?
- Uai Gaspar, fácil. Ele foi o único que respondeu com receio de sua gorduchice. Isso é coisa típica de hômi gordo que quer fazer dieta e não consegue. Era o curpado mais provável!”
Valentim teve que pagar 50 flexões na frente de todos. Também foi encarregado de comprar outro panettone para toda a delegacia. Doutor Palhinha ainda levou um pedaço para casa. Assim foi o final de ano de nosso grande investigador de Taubaté (e adjacências).
Liberdade Econômica - O ELIB criou o mais interessante evento do ano na Fundação João Pinheiro (na minha opinião): o seminário “Lei Brasileira de Liberdade Econômica: Um Balanço dos Seis Primeiro Anos”. A submissão de trabalhos receberá artigos de graduandos, mestrandos, doutorandos e, claro, mestres e doutores. O card ficou bonito, não acha?
A Lei de Liberdade Econômica necessita de uma análise? Claro. Muito se fala de seus impactos, mas poucos tentam medí-los. É um desafio muito interessante pois cada estado e cada município nem sempre implementa a lei no mesmo período de tempo, o que a torna uma espécie de ‘experimento natural’ como o são as implementações de leis nos EUA. Raras vezes temos, no Brasil, a oportunidade de ver algo assim. É preciso aproveitar, não?
Bons pesquisadores saberão fazer bom uso dos dados (o ILISP disponibiliza um bocado deles, online). Não, não vou dar o link assim. Pesquise um pouco, leitor. É fácil.
Quanto aos artigos, estamos no aguardo. ^_^
Ilegais nos EUA - O prof. Rasmusen traz argumentos que passam longe dos debates dos ‘especialistas’ de jornal brasileiro. Passam longe, inclusive, de entrevistados, que nem sempre entendem dos detalhes legais do país, embora sejam formados em Direito (e está tudo bem, já que os fundamentos da lei brasileira não são os mesmos de lá…o que não está bem é dar pitaco sem entender).
Eu também gostaria que a imigração fosse algo fácil de se implementar, mas a verdade é que não é. Você precisa se preocupar com terroristas (grupos como o Hamas), traficantes de drogas, traficantes de seres humanos etc. Todo aquele que se diz defensor de uma política de imigração mais aberta (estou no grupo) não pode, ao mesmo tempo, ignorar estes problemas e o desafio é abrir o país com segurança. Um desafio que, aliás, acho que vale a pena enfrentar. Imigração é uma coisa boa, mas…não existe boa imigração gratuita.
O laranjão voltou! - Have fun!
Como sempre, até mais ler!
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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