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O Haiku de Mônica Maravilha - Após esta conversa com dois caras muito bons de poesia, resolvi compor este pequeno poema para o seu, o meu, o nosso deleite.
Mônica Maravilha, sei que errei,
Volte para mim. A.G.
Cartaz do canalha.
Antes de mais nada, a conversa com João e Ivan foi realmente incrível e você deveria assisti-la. Inclusive, revelou-me Deus em um sonho (quem é você para dizer que estou louco? Você assinou isso aqui! Olhe-se no espelho, for God sake!) que quem não assistir irá para o inferno (uns padres me confirmaram e não, beato, eles não são dizquerda). Dito isto, vamos ao que (me) interessa (, ao menos)!
Este profundo e enigmático poema, de métrica popular, democrática e socialista (ou seja, sem qualquer critério de qualidade), faz referência ao dia em que, saindo de casa, deparei-me com um cartaz colocado habilmente no gradil do prédio em que se lia mensagem similar à do maravilhoso (alô, ABL? Vamos trabalhar?) poema, mas com nomes diferentes, pois não sou de expor desconhecidas por aqui.
Intrigou-me, como republicofederativense que sou, o fato de que o apaixonado expôs o nome da amada enquanto escondeu o seu. Você pode dizer que ele é tímido, mas aí, por que deixar o nome dela explícito? Vai que ela também é tímida, né? Ou você pode dizer que ele quis deixar claro ao mundo que, apesar do que fez (ter-lhe colocado um belo par de chifres (de rena, pensando no Natal), talvez?), é dele a amada. Ainda assim, acho-o canalha.
Implícito está (ah, a poesia!) que algo de muito feio ele fez. Já especulei sobre os chifres, mas você pode pensar em roubo à mão armada; participar de uma orgia com 34 mulheres, um gambá e duas capivaras sem, sequer, tê-la convidado; perder o cão de estimação no passeio matinal por puro descuido…há muitas possbilidades e nenhuma delas, por óbvio, fará com que Mônica o perdoe. Não mesmo porque, em caso contrário, não haveria motivo para se colocar o cartaz…exceto se ele for um exagerado, o que só torna tudo deliciosamente mais trágico.
Sei não, Mônica Maravilha. Agora sei que tenho uma vizinha com este nome e que está solteira (e, possivelmente, com raiva dos homens porque, sabe como é, homem é igual a mulher: viu uma, já viu todas). No final do dia, eu só queria mesmo - mas não consegui - compor um haiku. Ou será que ao menos uma tentativa…
葉のない木 ha no nai ki.
捨てられたのは suterareta no ha (pronúncia, no caso: wa)
モニカ様 Monica sama
Árvore sem folhas. Aquela que foi abandonada, Mônica.
Pronto, mas não é, a rigor, um haiku. A métrica está ok: 5-7-5, mas não há elementos que façam alusão à primavera. Pelo contrário, a árvore está sem folhas, à espera da próxima floração (ou estaria morrendo?) e, ao mesmo tempo, Mônica Maravilha (lembre-se que a ela dei um nome falso!) foi abandonada, jogada fora, descartada.
Eu pensei em fazer um senryu (pronúncia: senryuu), mas, no final, não conseguir ser sarcástico…ou consegui? Afinal, temos árvores sem folhas e uma mulher em 17 sílabas. Bem, talvez não seja sarcástico. Talvez seja mesmo cruel (mas, hoje em dia, as mulheres até escolhem abortar, o que me tornaria nada cruel e até digno de honrarias em certos círculos…), talvez não (perdi as homenagens…mas posso ter ganho a admiração de outros). De que me importa? Hoje é sexta-feira!