O fim está próximo. Camarões. Leituras. Como você se vê no futuro? Poema para quem precisa.
Vai uma misericórdia benfazeja? Sim, com limão e gelo, por favor. Faz um aí, Consuetude, no capricho!
O v(2), n(97) chega, com um certo cansaço devido aos problemas que um final de ano comum traz. Nada que impeça o meu apego ao compromisso com as (ainda) duas news por semana.
O fim está próximo - A Copa está próxima do fim. O ano, idem. As malas não se fazem sozinhas (e, infelizmente, nem se carregam sozinhas). O mundo não está próximo do fim, mas muitas vidas, sim. Penso também que certos contratos chegam ao fim (quem nunca vendeu um carro?). Também a Terra, um dia, chegará ao seu fim (é o que dizem os astrônomos).
A finitude da gente tem sempre um desconforto, não é? Você, que me lê, fica assim, olhando, pensando: ‘puxa, mas olha como minha imaginação é infinita e eu penso na asneira que eu quiser, pelo tempo que eu aguentar’! Por isto mesmo é que é tão desconfortável. Porque você chegará ao fim, mesmo carregando esta maravilhosa máquina de pensar em pleno funcionamento (às vezes debilitada pela demência, mas, em geral, funcionando).
O trabalho está chegando ao fim. As férias se aproximam, mas elas também chegarão ao seu fim. Não se engane: este ciclo também se encerra em algum momento que, dizem, a Deus pertence. Toda aquela papelada (desculpe-me, todos aqueles arquivos no drive) chegará ao seu fim, assim como toda aquela angústia de não saber o que fazer nas férias.
Também chegará ao fim o doce de goiaba que você degustou algum dia destes. Ou a goiaba (e o seu bicho, caso tenha tido o azar…ou sorte…) que você comprou ontem e já está quase madura. Ou o suco de maçã, que já deve estar no fim. Ou mesmo o café, que você havia achado que nunca chegaria ao fim.
Mas ele chega. Ah, se chega!
Chega o fim para cada coisa, cada um de nós (animais inclusos) em certo momento. O fim pode ser violento. Ou apenas lento. Ou modorrento. Ou ainda, talvez seja este o seu intento. Não importa. O que importa é que ele chega (ah, se chega!).
Diante disto, que decisão tomar? Eu arrisco - já que estou indo bem no Bolão da Copa, senti-me encorajado para arriscar - que a melhor coisa a se fazer é não ligar para o fim. Ele virá, inevitavelmente. Não haverá tempo para se arrepender das enfiadas de pé nas jacas (cujo cheiro, aliás, odeio…). Não haverá nem tempo para ver a vida passar diante dos seus olhos porque, sabe como é, hoje em dia até cenas pós-créditos existem, e os créditos demoram horrores para chegarem ao seu fim. E quem disse que não há mais créditos depois das cenas dos pós-créditos?
O fato é que esperar pelo fim não significa sentar-se, cruzar os braços, e ficar emburrado olhando para o fim que vem, lá longe, caminhando, com o sol atrás de si, quase nos cegando com seus raios brilhantes (acho que ando vendo aberturas de animes demais). Não senhor. Você pode dançar e fazer caretas enquanto aguarda o fim. Ou pode ver uma série. Ou ler um livro. Ou sair para conversar com pessoas que te oferecem um pouco de sua amizade a um preço tão baixo que a gente acaba se apegando.
Há ainda, hoje em dia, os tais multiversos (e os buracos de minhocas, etc.) e, com eles, vários fins alternativos. Em um deles, a Copa finda com o Brasil hexacampeão. Em outra, um golpe de estado no Qatar implanta uma ditadura que impõe o país como campeão. E por aí vai. Porque, afinal, as possibilidades, enquanto houver imaginação, são infinitas.
O fim está próximo. Com ele, também, tudo o que há de bom ou de ruim. Dependendo do fim, voltam no ano que vem para terminar novamente no outro. Dependendo, não. Cada fim é um fim único e é parte integrante deste exemplar, não podendo ser vendido separadamente (embora não haja ninguém fiscalizando).
O texto também chega ao fim. Sim, eu digo, este texto também chegará ao seu (dele) fim. Só me dê mais alguns segundos, por gentileza. Quero que seu (dele, mas o seu também, quando vier) fim seja o mais confortável possível. Inspiro lentamente. Fecho os olhos, penso em um bocado de asneiras. Abro os olhos. O texto continua aqui. Não foi o mundo destruído e, com ele, o texto. Não mesmo. Eu é que terei que lhe dar um fim. Foi bom enquanto durou, amigo texto, vá com alegria e saúde. Não chore. Até as lágrimas têm seu fim.
FIM
Camarões - Assisti ao jogo na casa de um casal amigo. Digo, assisti assim, né? O filho deles, de 1 ano e 9 meses (segundo os institutos de pesquisa), descobriu que seu visitante era um menino grande e decidiu lhe mostrar todos (quase todos) os seus livros. E brinquedos. E dinossauros (de brinquedo, claro).
O melhor mesmo era brindar com ele. O moleque adora um brinde e, se deixar, ele toma cerveja. Um perigo o guri. Fiz mais um amigo. Ótimo, não é? Compensou, na despedida, o abraço dele. Camarões? Ah, é só o nome do pequeno texto. Só sei que ganharam de uma seleção de reservas o que, claramente, mostra que Tite é um bom técnico, pois não os escalou em seu time titular.
Camarões (extra) - Na volta, conversando com o motorista do aplicativo, falamos de futebol e, em algum momento, comentei de quanto acho abençoadas as pessoas que têm filhos. Falava sobre a importância da boa criação, dos altos custos quando ele complementou:
‘- Pois é. Eu acho que isso se compara com se criar um pet. O bichinho precisa de cuidados, é caro, tem que levar no hospital também, são carinhosos…’
É, parece que seus padrões de comparação mudaram, leitor.
Piadinhas à parte, dos tempos dos meus avós até hoje, de fato, o número de filhos por famílias tem caído bastante. Talvez as pessoas prefiram ‘crianças’ que não precisem de nove meses de gestação, que sejam mais obedientes e que não gerem despesa por mais de uns 14 ou 15 anos (nem festa de 15 anos têm…ainda). Já alimentou seu pet hoje?
Leituras - Tive um apagão literário nos últimos dias por motivos alheios à minha vontade. Ou talvez eu esteja com problemas com respeito às minhas vontades (no plural mesmo). Estava animado com uns livros e pretendo retomar as leituras.
É irônico que o que me motiva a escrever aqui sofre um apagão. Só não pode ser permanente. Espero que não seja.
Como você se vê no futuro? - Foi a pergunta do funcionário de recursos humanos, claramente entediado e irritado pela proibição de fumar nas dependências da empresa.
O entrevistado olhou em seus olhos e, com convicção de quem foi treinado para entrevistas, respondeu: - Morto!
O entrevistador quase caiu da cadeira. Contudo, a resposta era a mais correta que já ouvira. Foi assim que contratou o novo gerente da funerária.
Poema para quem precisa, poema para quem precisa de polícia - Eis um bom.
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Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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