O dia do chacal (parte 1) - Economia soviética - Zonas Econômicas Especiais - 54 - Outros.
Agora, também mais velho.
Chegou o v(3), n(43) da newsletter. Talvez com chuva, talvez não.
O dia do chacal (parte 1) - Acordou com a luz do dia. Também, quem manda esquecer a cortina aberta à noite, não é, Zé Chacal? Sua mãe sempre lhe passava pitos por conta de seu descuido com a janela. Ou por causa da chuva, ou por causa do frio, tudo era motivo para dona Hortência Chacal chamar-lhe a atenção.
O cheiro das bananeiras do quintal da vizinha fazia com que se levantasse com alegria, lembrando-se das vitaminas de banana que sua mãe preparava nas manhãs de domingo, antes da missa. Seu pai, João Chacal, era muito popular na cidade. Dono de pequena padaria, seu Chacal era particularmente conhecido pelos saborosos pães doces que animavam as festas das crianças.
Levantou-se, escovou os dentes com a fúria de um chacal, resmungou ao ver que o desodorante estava no fim, e foi fazer um café. A cozinha lhe pareceu mais desarrumada do que o normal, mas, como apenas ele morava no apartamento, não pôde culpar ninguém que não ele próprio.
Pensou até em adotar um gato porque, neste caso, poderia colocar a culpa no mesmo. Seria um gato laranja? Um frajola? E o nome? Pensou em Peter Parker, já que gostava das histórias de super-heróis. Que dupla! Zé Chacal e Peter Parker!
Enquanto divagava, Zé Chacal ia se aprontando e conferindo os seus pertences. O porteiro já o havia alertado sobre a impossibilidade de lhe conceder a entrada sem o crachá. Não pela vigésima vez! Mochila abastecida, cabelo penteado, Zé Chacal deixou o apartamento. Alguns minutos depois, encontrava-se com seu chefe, Eugênio Trabuco, que lhe passaria o serviço da semana.
Enquanto isto, do outro lado da cidade, Odair Alencar começava seu trabalho na gerência do banco. Trabalho, aliás, cansativo. Odair se queixava, já há alguns meses, da cansativa rotina que a nova direção do banco havia imposto. “Mudança de cultura corporativa”, eles diziam. Na verdade, apenas mais um lenga-lenga para agradar a turma moderninha do marketing que sempre emplacava os modismos mais loucos no banco.
Não era tão difícil, Odair já sabia. Some-se advogados com preguiça para os quais tudo seria um problema de judicialização com um pessoal de recursos humanos pouco criativo e, pronto, a turma do marketing tocaria o terror e faria todos de gato e sapato no banco.
Odair, com seus sessenta anos nas costas, conhecia os tipos. Aliás, conhecia, inclusive, o chefe do bando, o Fábio Kondo, que dizia aos quatro ventos que ser um influencer era mais importante do que gerir um banco. Sabe-se lá o porquê, a diretoria se encantou com Fábio (uns dizem que ele era sobrinho do presidente, mas são só boatos…) e lhe deu liberdade para direcionar a propaganda do banco.
Naquela manhã, eles ainda não sabiam, mas os caminhos de Odair Alencar e Zé Chacal iriam se cruzar. (continua no próximo número, eu acho).
Economia soviética - Tive a honra de ser convidado (e aceitei) pela professora Marize Schons para conversar com os alunos de seu curso sobre marxismo sobre a economia soviética. Usei uma bibliografia que vai de Alec Nove passando por Janos Kornai, Stanley Fisher, Peter Temin e Peter Boettke.
Só que a manhã estava bem complicada para mim - eu realmente gostaria de conversar mais com todos os que me assistiram (e que me fizeram muitas perguntas interessantes, nenhuma fácil, o que é ótimo!) - e acabei não sendo lá muito didático. Espero ter contribuído para mostrar ao pessoal a importância de três palavrinhas: (a) incentivos, (b) rent-seeking, (c) restrição orçamentária frouxa.
É um tema de história econômica que precisa ser revisitado. Não faltam desinformação por aí, muitas vezes vinda de gente que tem alguma certificação acadêmica. Bem, ninguém mais tem a ilusão de achar que título de mestre ou de doutor é sinônimo de excelência. Nem eu me escoro neste ‘carteiraço’ deselegante, nem gosto de quem o faz.
Agora, que foi legal ver alunos participando e perguntando, como nos bons tempos, isso foi. Dá até vontade de abrir um curso assim.
Zonas Econômicas Especiais - Será que esta, em especial, será um sucesso? Trata-se da The Kigali Special Economic Zone, localizada em Ruanda que, para os padrões africanos, parece não ser um lugar ruim para uma zona destas (cuja área, aliás, o governo está dobrando).
Quais as metas? O prazo para que sejam atingidas? Não descobri. Seria bom ter mais informações sobre este empreendimento. O continente africano tem sido um local de implantação de várias zonas como esta. Há até uma organização africana de zonas econômicas especiais.
O Brasil é um Encanto - O Orlando mandou bem demais neste texto, viu?
54 - Em ‘O Mochileiro das Galáxias’, o número era 42. Ontem, alguns se lembraram do meu aniversário e, por consequência, fui também lembrado do mesmo. Sou de 1969, logo, tenho 54 anos (é o que me diz a aritmética). Foi um dia em que tive que me desdobrar para acomodar dois compromissos em um só. Também foi o dia em que encontrei ‘cola’ de uma prova em que atuava como ajudante do professor no banheiro.
Eu falava dos 42. Por um lado, se o sentido da vida se resume ao 42, que significado teriam os 54? Certamente não é o preço de um café (ainda). Talvez seja o significado da morte. Ou, quem sabe, a solução para a dívida pública? Deixando a megalomania de lado, acho que é só mesmo um número e o que importa é continuar caminhando, como o simpático cavalheiro da caixa de whisky.
Ah sim, dia 20 também é, hoje em dia, a data comemorativa dos nikkeis (nikkeys), ou seja, dos descendentes de japoneses.
Livres - O Livres parece ter dado um passo de volta à sua origem liberal. É o que parece.
Conversa divertida - Alexandre, Yuri e Elton (alguns sofreram espancamentos e outros juram que viram fantasmas).
Espero que tenha gostado!
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Feliz aniversário :)
Que Deus o abençoe!