O Dia das Mães de Juó Bananére - O menino que cheirava moedas - Fechar as escolas custou caro, muito caro - Altras nutiça
E o pai de Bananére inventou o fósforo de duas cabeças! Eh! Geniale!
O v(3), n(38) - o número anterior foi enviado sem o número correto - da newsletter é o segundo na nova fase semanal. A idéia - com acento, eu já disse? - é que o intervalo de tempo maior ajude na fermentação/maturação/infusão (ou confusão) dos textos.
Vejamos no que dá.
O dia das mães de Juó Bananére - O dia das mamma steve molto alegre prá migna famiglia. Intó Io piguê o Uber co a sposa e figlios e tutto mondo foi vê a mama.
O Úbero cobrô u preço dinânmico, che Io nón entendo, má o figlio da máia non tigna trôco. Eh! Porcaria do Úbero. N’a padaria du Pipocca comprê uno lombo du pernilo molto saboroso. Um puchigno du molho du abacaxi c’o as pimenta i també uns suco de maçã e, claro, schopps. Uh! Che gostosura o almoço! Pipoca inventò u fiado dinâmico che Io pagaré com uno pícus. Molto migliore i más in’novatore chi u Úbero! Vica u Pipocca!
Mamma ‘steve molto feliche c’o a visita. U cumpadro Pietro Sant’Anna largó tutta inconometria i foi tomá uns schopp (c’o us pastel) na casa da mamma. ‘Stavam tambê u capitó Ari, a soçiólogga Marize chi teniam as mamma morando ali perto da gaza da migna genitora. Che coincidênssa!
Io stava co a saudade dus inlettôre desta niusléttere. Contra tutto spettativa Io vortê. Eh! Sorpresa!
Con tutta stima c’ua consideraçó,
Juó Bananére.
O menino que cheirava moedas - Era um jovem que adorava ler as páginas de Economia do jornal. Minto. Sendo jovem, só lia as notícias de Economia em seu celular. Quando dirigia, colocava algum podcast temático da área. Podia ser, por exemplo, sobre M&A, F&A ou M&Ms. Em casa, à noite, corria na esteira assistindo algum canal do tipo (dizem que era Bloomberg, mas o pai jura que ele assistia à Playboy TV).
Seu nome era Machado - o pai era um voraz leitor das obras de Machado de Assis e a mãe não conseguiu emplacar seu nome favorito, Osmânio… - embora todos os chamassem pelo apelido que ele se deu e o qual divulgava com orgulho: Dólar Júnior (Dólar Jr., para os íntimos).
Deixava de sair com os amigos nos finais de semana se encontrasse uma palestra motivacional de algum coach. Dólar Jr. gostava tanto do ‘ramo dos negócios’ que comprava jornais ou imprimia notícias só para recortar as fotos dos famosos (empresários, coachs, influencers…) e preencher um álbum de figurinhas/poster que começou a colecionar desde os 10 anos, quando vendeu sua primeira barraca de limonada para o vizinho.
O plano era usar o dinheiro para comprar uma segunda barraca, na qual venderia limonada gourmet, um sonho que acabou não realizando. Foi com o fracasso deste sonhado empreendimento que começou o vício de Dólar Jr.: o de cheirar moedas. No início, parecia uma espécie de tique nervoso (assim pensaram os pais), mas, com o tempo, percebeu-se que o menino estava mesmo viciado em cheirar o vil (vil para você, claro) metal.
Houve aquela ocasião, em frente ao carrinho de pipocas que ficava ao lado do portão do colégio, em que insistiu com o vendedor, seu José, para que a compra do saquinho de pipocas fosse feita em dinheiro vivo. Nada de ‘PIX’, nem de transferências bancárias.
Seu José, que há muito vendia pipocas ao adolescente achou aquilo muito estranho. Em deferência aos anos de convivência com o menino e à amizade que desenvolveu com seus pais, cedeu e lhe entregou umas notas amassadas e algumas moedas que, por sorte, tinha no bolso.
Dólar Jr. saiu correndo, esquecendo-se até da pipoca, virou a esquina e pegou uma das moedas. Levou-a ao nariz. Cheirou-a demoradamente. A sensação de prazer e euforia pareceu-lhe única. Aquele aroma sobre o qual ele não saberia discorrer parecia sempre convidá-lo para uma festa da B3 ou para uma palestra na Faria Lima com buffet recheado de canapés e sucos detox gourmet.
Guardou a moeda no bolso da camisa do uniforme e tirou outra moeda do bolso da calça. Repetiu o ritual. Seguiu para a casa dos pais com o sorriso dos ébrios, caminhando de maneira despreocupada. O mundo lhe parecia tão belo quanto à alta da Bolsa de New York em um dia de verão (ou de inverno, outono, primavera…o importante é a alta!).
O hábito, digo, o vício não mais o abandonou. No recreio, enfileirava as moedas sobre a mesa do pátio e cheirava-as demoradamente. Tinha até a sensação de que seu nariz se entupia com o odor das moedas. Os colegas começaram a se afastar dele. Nem Maria Bracarense de Orleans Windsor da Silva, sua colega mais aristocrática e eventual crush, conseguiu acompanhá-lo no estranho ritual.
Certo dia, lavou-as, arrependido por cheirar moedas assim, in natura. Foi logo depois da aula de Biologia, do professor Marcelo. Talvez algo no papo sobre doenças tenha despertado algo no viciado cérebro de Machad…digo, Dólar Jr. Moedas lavadas, testou cheirá-las e se afastou com expressão de terror. O sabão e a água destruíram o amado cheiro de suas amadas moedas.
Inicialmente, os amigos de Dólar Jr. achavam que era só mais uma mania do colega fissurado em Finanças. Afinal, para quem enviava mensagens para a Bloomberg elogiando o noticiário, isto não seria algo tão estranho, imaginavam. Talvez isto passasse logo. Entretanto, o vício de Dólar Jr. só fazia aumentar e aumentar e aumentar. Perceberam a gravidade da coisa quando, ao vender um sanduíche de seu lance para um colega, reagiu violentamente à menção de que receberia por meio do PIX.
Aos poucos, Dólar Jr. passou a se isolar. Só usaria papel-moeda (que passou a cheirar também) ou moedas metálicas. Nada de aplicativos no celular, ‘PIX’, ‘DOC’ ou ‘TED’. Não, não mesmo. Achava estas formas de transmissão de dinheiro impuras, heréticas. Onde estava o cheio de um PIX, afinal?
Quando pediu aos pais para cancelarem o pagamento da mensalidade do colégio, via cartão, insistindo que lhe permitissem transportar o valor em papel-moeda, bem, foi aí que se complicou. Os pais, obviamente, negaram-lhe o pedido. Dólar Jr. respondeu violentamente à ordem dos pais que, surpresos, colocaram-no de castigo e, após uma consulta ao diretor do colégio, levaram-no para uma consulta psiquiátrica.
O tratamento durou meses e, hoje, Dólar Jr. está no estágio inicial da cura: só cheira moedas de um centavo. O problema é quando se depara com moedas da época de ouro da hiperinflação brasileira. Fica alucinado…
Voto ranqueado - Voltei, recentemente, a um tema que sempre me parece interessante: o papel de diferentes regras de votação (incentivos!) sobre o resultado eleitoral. A discussão só reforça o que aprendemos com a Public Choice: diferentes regras podem gerar diferentes resultados. O artigo é de acesso livre (o único custo é o do seu tempo).
Fechar as escolas custou caro, muito caro - É o que dizem vários estudos, inclusive este, do Banco Mundial. Quer um número? Ei-lo:
“Today’s students in low- and middle-income countries could lose up to 10 percent of their future average annual earnings due to the COVID-related education shocks. Globally, this generation of students risks losing $21 trillion in potential lifetime earnings.”
Só 10%. Digo, “só” 10%. Faça as contas. Manter uma atitude acorvadada diante da pandemia (“eu não aprendi porque foi durante a pandemia e não sou capaz de mudar isto”) significa perder 10% de sua renda futura. Há professores querendo te ajudar. Alguns pais também já entenderam que o problema é sério.
Agora, em última instância, o dono do seu futuro é você mesmo.
p.s. Na OCDE? Também há perdas.
Ditaduras regulam piadas - Digo, ditaduras e aspirantes a ditadores. É o que dizem as evidências.
O Rap de Bolzano-Weierstrass - Eu não o conhecia…até hoje.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.