O aluno relapso - Buck Rogers no Século 25 - Bon Odori - Inferno na Torre, no Chão, na Esquina… - Outros.
Derreti antes de...
O v(3), n(57) desta nippoletter chega com a onda de calor que assola o país. Uma doutora em sociologia me garantiu que a onda de calor é um resultado das políticas neoliberais de Carlos III. Dá para ver que o calor atrapalhou um pouco o seu raciocínio. Ou talvez não.
O aluno relapso - Era um aluno relapso. Tudo começou no jardim de infância, quando não cumpriu uma tarefa e o professor, cansado de tantas conversas com os pais (que não ligavam muito para o futuro escolar do próprio rebento), deixou para lá.
Também deixou para lá o professor do ensino médio da escola pública porque, afinal, ali era o senhor e fazia o que queria e não toleraria aquele aluno relapso. Só que, àquela altura, o menino não só escrevia errado com h (‘herrado’) como as suas frases começavam a não fazer muito sentido com ç (‘çentido’).
“- Ah, tudo bem”, dizia a mãe. E ainda emendava:
“- Hoje em dia os meninos já nascem sabendo. Tem computador e inteligência artificial, é uma questão de prioridades…
As instruções de trabalhos e provas pareciam invisíveis para o aluno relapso. Perdia pontos por bobagens. Não era o único da turma, claro, mas era de longe o mais relapso.
Quando chegou à faculdade é que “a coisa ficou feia”, como dizia seu avô (que não era nada relapso). Perdia os dias de aula, não lia as instruções dos trabalhos ou das provas. Sempre dizia ao professor que havia tirado foto do quadro, ou da tela do computador, mas quem disse que as consultava depois?
O que era, até então, um fenômeno escolar, começou a transbordar para outras esferas de sua vida. Perdeu uma namorada por se esquecer da data de seu jantar em família. Houve também o caso da carteira de habilitação, cuja data venceu e ele não conseguiu renovar.
“- Ah, tudo bem, eu arrumo outra!”
Sim, outra namorada, outra carteira, outra consulta médica, outro emprego, outra festa de aniversário etc. As perdas se acumulavam. Agora ele não era mais um aluno relapso, apenas relapso. Morreu aos vinte e poucos anos, vítima de um acidente de trânsito (adivinhe quem não prestou atenção ao semáforo?) e tornou-se um problema do além, pois não desencarna por nada deste mundo.
Buck Rogers no século 25 - Estou revendo um seriado dos anos 80, o tal Buck Rogers do título. Claro que são aventuras de ficção, com alguns efeitos especiais (é um seriado surgido após o sucesso de Star Wars) com tudo o que se espera de um seriado dos anos 80.
Só que há também um outro elemento interessante, principalmente na primeira fase do seriado (a segunda, bem, eu prefiro nem falar muito, há uma queda de qualidade). Os roteiristas são bem explícitos em sempre mostrar como Buck supera problemas do futuro usando seu cérebro, não cedendo nunca ao conforto das máquinas.
Sim, ele usa pistolas laser contra os inimigos e apetrechos tecnológicos para recriar vinhos (ou tacos de golfe) em uma Terra que sofreu um holocausto nuclear em algum momento dos 500 anos em que o capitão Rogers esteve congelado no espaço.
Pilotando seu caça, sempre se sai melhor do que os demais porque usa o controle manual, não o do computador. Ou vence em uma mesa de blackjack computadorizada, segundo ele, porque usa seu cérebro em um mundo onde as pessoas nem mais calcular sabem. Os exemplos não param por aí e não é difícil ver a mensagem que os roteiristas tentam trazer: a tecnologia é boa, mas não se pode abdicar do cérebro humano.
Há um contraste entre a ficção do seriado com a dos anos 70 que pode ser descrito assim: nos anos 70, o negócio era falar de um mundo destruído, naquele clima de Guerra Fria (os cinco filmes da franquia do Planeta dos Macacos, por exemplo, foram lançados entre 1968 e 1973).
Já nos anos 80, com o choque cultural (visual) de Star Wars, enfatiza-se mais uma visão que questiona a tecnologia (O Exterminador do Futuro, as obras de Reiji Matsumoto (sempre questionando a ‘imortalidade’ de quem transfere seu cérebro para um corpo mecânico) etc.).
Buck Rogers no Século 25, salvo engano, passava aos domingos, em torno do horário do almoço ou no começo da tarde. Era uma época sem streamings e com transmissões de seriados, desenhos ou filmes determinados pelas emissoras. A falta de opções nos levava a valorizar mais (ou não) os episódios que assistíamos.
Não sei se estamos em situação melhor ou pior que antes no que diz respeito aos seriados e à TV. Só sei que o mundo do século 25 era bem divertido lá nos anos 80…
Bon Odori - Tivemos um evento na colônia japonesa de Belo Horizonte: o Bon Odori. Deu certo, dentre outras coisas, porque respeitaram a importância da cultura japonesa, de fato.
Digo isto porque tivemos a participação do pessoal do Projeto Sankyu (São Paulo, procure no Instongrude) apresentando músicas folclóricas japonesas com o talento de sempre.
O grupo de música folclórica de BH - éramos todos filiados à Kyoudo Minyou - diminuiu muito. Por sorte, agora, temos a Akemy, que realmente gosta de Shamisen e, graças à festa de ontem, descobrimos outro praticante do melódico ‘banjo japonês’. Que maravilha, não?
Shamisen, Shakuhachi e boa vontade é o que precisamos para fazer florescer um novo grupo de música folclórica por aqui. Foi assim em Brasília (o grupo de lá, aliás, fez sua primeira apresentação pública por estes dias), e será assim aqui também.
Os antepassados, que homenageamos dançando no evento do Obon são os que provavelmente ficam mais felizes com estas notícias…
Inferno na Torre, no Chão, na Esquina… - A onda de calor está muito intensa. Impressionante como está quente por estes dias. Não sei como eu mesmo não derreti. Leia muita água e beba muitos livros. Ou o contrário, não sei.
Obviamente, ondas de calor são fenômenos antigos, mas como ninguém mais sabe o que é ‘aquecimento global’, tudo virou…’aquecimento global’. Choveu granizo? Só pode ser por causa do aquecimento global. Onda de calor? Claro, aquecimento global. Seu time perdeu? Aquecimento global, né?
O problema da Ciência, hoje em dia, é que a maior parte do pessoal que grita/escreve “viva a ciência” não faz a menor idéia (é, com acento, culpa do aquecimento global) do que seja o método científico. Há motivos legítimos para se preocupar com um aquecimento global, claro, mas nada tão insano quanto alguns desesperados trombeteiam.
Enquanto isto, o calor só aumenta e a Ciência se perde…
Casos - Perguntaram ao Pipoca se ele tinha tido caso com alguma mulher do bairro e ele respondeu: “- Não, embora algumas moças do bairro tenham tido casos comigo”. Pipoca é um influencer… (quem adivinha de onde veio a idéia original da piada?)
Mais Bon Odori - Fique com Tanko Bushi, a mais famosa canção de Bon Odori.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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