'No mestrado continuam os mesmos problemas', seguido de uma sessão Japão: música folclórica, mangá, filmes e o dia em que Yukio Mishima foi à padaria do Pipoca.
E daí que é feriado?
Do outro lado da galáxia chega o v(2), n(72) da news. Hoje, com um sabor de aji-no-moto acentuado.
Paródias musicais - Eis uma das várias que já fiz. Sempre para um público tão restrito que dificilmente alguém fora do nicho aprecia. Esta, por exemplo, é terrível até para o meu nicho mas, entre perder o amigo ou a piada...
Garotos da Economia – Tô de Saco Cheio de Lista de Exercícios! – 2016 (original – Garotos da Rua – Tô de Saco Cheio)
No mestrado continuam
Os mesmos problemas
Na graduação continuam
Me perturbando
No doutorado continuam
Me enchendo o sacoListas na minha vida
Não dão folga o dia inteiro
Vão se acumulando
no banheiroNão aguento
banho otimizado
Fico calculando
no chuveiroNo mestrado continuam
Os mesmos problemas
Na graduação continuam
Me perturbando
No doutorado continuam
Me enchendo o sacoNão deixam eu pesquisar
O esforço é alto
Doutores nem me deixam descansar
Ficam me cobrando
produção todo dia
Diploma virou seguro de vidaNo mestrado continuam
Os mesmos problemas
Na graduação continuam
Me perturbando
No doutorado continuam
Me enchendo o sacoSó falam de instrumento
e omissão de variáveis
É viés, variância,
aquelas planilhas
Querem que eu saiba
Micro, Macroeconomia
Por que é que eu tenho que saber
Tanta econometria!No mestrado continuam
Os mesmos problemas
Na graduação continuam
Me perturbando
No doutorado continuam
Me enchendo o saco
Eu me divirto, mesmo sendo um péssimo rimador. Caso os leitores não tenham se matado, poderei trazer novas (antigas) paródias que fiz, nos próximos números…
Começou! - Sim, começaram os ensaios do grupo de música folclórica (ainda sem nome) de Brasília. Na noite de um certo sábado, cinco pessoas se arriscaram pelo mundo do minyou (民謡). Um dos membros não pôde comparecer, mas estive lá para dar uma força (esta era a intenção) para o pessoal. Novidades em breve.
Um Bairro Distante - Mangá de Jiro Taniguchi publicado pela Pipoca e Nanquim em volume único. Belíssima história. Lê-se em uma viagem longa de trem (não me pergunte, leitor, o quão longa é uma viagem longa) ou em duas tardes de um final de semana. Recomendo fortemente.
24 Olhos e Carmen volta para casa - Em minhas divertidas (ao menos para mim) participações no FiBoCa e no Selmocast não mencionei dois filmes clássicos (do cinema nipônico) estrelados por Hideko Takamine: 24 olhos (二十四の瞳) e Carmen volta para casa (カルメン故郷に帰る).
São dois filmes bem diferentes, do mesmo diretor, Keisuke Kinoshita. O primeiro, 24 olhos, é bem triste e bonito. O segundo foi o primeiro filme colorido do cinema japonês.
Em 2009, escrevi (em algum lugar), sobre Carmen que (ok, editei o texto):
Trata-se de uma comédia sobre a história de Lily Carmen, pseudônimo de uma jovem interiorana de uma vila aos pés do Monte Asano. Lily Carmen, aliás, é uma dançarina de cabaré (ou, no bom popular, uma stripper dos anos 50) que se diz artista.
Na história do filme, ela volta para a cidade em sua semana de férias com uma amiga. As reações iniciais são de estranheza diante do visual exótico da “artista” famosa de Toukyou (Tóquio, para os não-iniciados).
É deliciosa a ironia do contraste entre sua antiga paixão, o professor que fica cego durante a Segunda Grande Guerra, e que compõe belas músicas tradicionais e a moderna Carmen (aliás, músicas infantis tradicionais estão belissimamente retratadas em 24 olhos).
O final do filme é interessante e desperta alguma reflexão sobre preconceitos, choques culturais, mas nada muito profundo. Afinal, o filme é uma comédia. Na minha opinião, inferior ao “24 olhos”, este sim, um belo filme, mas os estilos são distintos.
Sem mais spoilers, mas o leitor que procurar direitinho vai achar ao menos um dos filmes por aí, com legendas em inglês.
Aliás, não é que existe um museu do 24 Olhos?
Tomando uma cerveja com Yukio Mishima - Eu não queria ser John Malkovich. Tampouco Toshiro Mifune. Talvez James Coburn (nos filmes do ‘Agente Flint’, claro). Mas eu me peguei imaginando como seria tomar uma cerveja com Yukio Mishima. Do que será que ele iria querer conversar numa rodada de cerveja? Eis meu palpite, imaginando um final de tarde na padaria do Pipoca.
‘- Oi seu Mishima, e aí? Tudo tranquilo?
- Toranquiro, seu Shikida. Exceto poru esute cenáryo porítico de nosso país.
- Do seu, né?
- É, faro do Japón. Burajiru eu só bijito pera pegaçón.
- Bem sei, seu Mishima. Mas, ó, comigo não, tá? Não curto.
- Fika toranquiro. Nón pego beryo gorudinyo.
- Não precisa ofender, né? Até porque estou me exercitando mais…
- É, mas nón tanto como eu. Bocê nón entende a imporutância da bereza temporárya e a esutétic…
- Ah, vai, Mishima. Para cima de mim? Isso aí é papo. Você gosta é de ficar se olhando no espelho da academia.
- Humpf. Bocê nón entende.
- E este seu uniforme? Pô, que mau gosto. Podia ter escolhido um alfaiate melhor. Ficou parecendo soldadinho de brinquedo chinês…
- Não apera que sou nashonarista burabo!
- Tá, tá. Mas, Mishima, o que vai ser? Fritas ou linguiça?
- Ringuiça. E sem piadinya…
- Hi, hi…ops, digo, sim, claro. Ô Pipoca, traz aí outra Colorado pro meu amigo escritor.
- Pipoca? Entón esuta é a padaria que aparece nasu hisutóryas do doutoro Parinya?
- Ah, tá informado, hein? Sim, sim. Mas só nas que eu arrisco, em desonra ao personagem criado pelo Alexandre Soares Silva.
- Na boa, Shikida, você manda muito maru em contosu. Deberia se suicidar, né! Areshandore esucurebe bem. Nón é tón bom como eu, masu é raozoáberu.
- Menos, Mishima, menos… Agora, vem cá, você deveria experimentar a empanada de frango.
- Acho que esute pode seru o começo de uma ronga amizade.
- Ou não. Mas, sério, larga essa faca.
- Oh, sim. Ah, boa a Cororado.
- Colorado.
- Isso.’
O que foi? Achou que ia ser um diálogo sofisticado? Na padaria do Pipoca? Menos, né!
Mishima e eu ainda beberíamos mais umas quatro cervejas. Ele ainda iria se divertir com uma porção de carne de sol com mandioca que pedimos depois, principalmente após minha explicação sobre a ambiguidade da planta. Ele achou engraçado ‘saudar a mandioca’ com alguns gritos de ‘banzai’.
Tive que me desvencilhar de suas mãos bobas que, em alguns momentos tentavam tocar minhas pernas. Disse a ele que pegasse a Yoko Ono e o engraçadinho me responderia, sarcasticamente, que, para ele, Yoko não era mulher, mas um homem magro, corroborando a opinião de alguns amigos acerca da mulher que (alegadamente) destruiu o famoso conjunto inglês.
No Uber, Mishima ainda tentaria cantar o motorista (que até se mostrou interessado, mas manteve a compostura). Deixei-o em um hotel perto da avenida Paulista no qual entrou assobiando uma popular marchinha militar nipônica.
Autismo - O Eli implementou um teste. Divirta-se.
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Sou um pouco menos sociável que o Eli, como se vê a seguir.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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