Moti e Nori - Filmes - Imigração - Comparações - Aniversários - Valores que precisam ser recuperados - Virginia e seus livros - Abajur - Alexandrinas
Manda quem pode, obedece quem tem juízo...mas...quem é que está no comando?
Este é o v(4), n(25) desta nippoletter, como a denominou o grande Orlando Tambosi, na rede do sr. Musk.
Ela chega na semana de festas pela imigração japonesa (dia 18, o dia da imigração japonesa e, dia 20, o dia do nikkei). O que é nikkei (ou nikkey)? Esta é fácil. Uma pesquisa rápida te leva à resposta e não, não tem a ver com o bakufu, nem com o tofu. Não diretamente.
Moti e Nori - Os dois filhotes corgis puxavam as coleiras animadamente na manhã daquele sábado de sol, mas de temperatura amena. Durante o passeio encontraram pessoas, outros cães e pombos. Ah, os pombos! Os dois adoravam correr atrás dos pombos que, por sua vez, alçavam vôo rapidamente porque, sabe-se lá o que pensam estes aumiguinhos.
Seguindo para lá e para cá, como todos os cães, os filhotes adoravam cheirar muros e muretas. Ao mais velho, deram-lhe o nome de Moti. Ao caçula, Nori. Não tinham nem um ano de vida e, portanto, eram quase máquinas de moto perpétuo de brincadeiras e peraltices.
Cheirando aqui e acolá, Moti e Nori tentavam descobrir quem havia passado pelo mesmo caminho antes deles.
“- Snif, snif…é, parece que é aquele cachorro da velha do 204.
- Sniiiif…este parece do primo Basílio, Nori.
- Au, au…é mesmo, Moti! Será que esteve por aq…
- Snif, ei, olha, a Marília de Dirceu fez xixi aqui!
- Aquela branquinha do casal da praça?
- Ela mesma!
- Pensei que era a Iracema, Moti…
- Snif…ei, olha…a dona Guidinha do Poço também deixou sua marca…
- Ah…adivinhe só, Nori! Aquele doberman, o amanuense Belmiro esteve aqui semana passada!
- Moti, lembra da poodle Gabriela? Também esteve aqui…snif…mês passado!”
Moti e Nori são cãezinhos muito chegados à uma literatura brasileira. Seguiram cheirando e trocando confidências entre uma e outra lambida no meu rosto.
p.s. inspirado e dedicado a Banzé e Flecha e à família, claro.
Filmes - Graças aos DVDs, temos a liberdade que os serviços de streaming não nos permitem que é a de assistir filmes que queremos. Como assim? Falo por mim: 90% dos filmes que procuro não existem nos catálogos dos serviços. Nos últimos tempos assisti a duas comédias dos anos 80 e a dois filmes de ficção dos anos 60/70.
Foram eles: Uma Escola Muito Especial - Para Garotas (Private School), com Phoebe Cates e Betsy Russell. Taí um filme bobo, despretensioso, com piadas medianas que agradou a muito adolescente nos anos 80 (eu disse que tinha Phoebe Cates e Betsy Russell?). O filme é de 1983.
Vibes - Boas Vibrações (Vibes), com Cyndi Lauper, Jeff Goldblum e Peter Falk. Uma aventura paranormal no Equador em tom de comédia romântica. Peter Falk quase rouba os momentos em que aparece e Cyndi Lauper não faz feio. À época, eu não o assisti. Valeu por ver Falk (Columbo) e Cyndi Lauper em um mesmo filme. Quem poderia imaginar? Filme de 1988.
O Dia do Golfinho (The Day of the Dolphin), com George C. Scott e Paul Sorvino é um filme bonito e tenso. O nosso general Paton, digo George C. Scott, é um biólogo que ensina um golfinho a falar. Ao mesmo tempo, terroristas desejam usá-lo para assassinar o presidente dos EUA (mas o filme não explica suas motivações). O final, feliz (?), é de partir o coração. Filme de 1973, mas acho que já passou na TV.
O divertido A Louca Missão do Dr. Schaefer (The President’s Analyst), de 1967, tem o grande James Coburn (o eterno agente Derek Flint de dois dos três filmes da série) como um psicanalista escolhido para analisar ninguém mais, ninguém menos que o mandatário máximo dos EUA. Obviamente vira alvo da espionagem internacional e se torna mais e mais paranóico. É uma comédia, mas tem momentos sérios como, no início, quando um agente negro, na sessão, relembra o racismo em sua infância de forma dramática. Ah sim, o filme começa com um disclaimer sobre não terem tido a cooperação nem do FBR (Federal Bureau of Regulation), nem da CEA (Central Enquiries Agency).
Imigração - No dia 18 de junho comemoramos a imigração japonesa no Brasil e publiquei este texto na coluna do Instituto Millenium, na Exame, comentando sobre a data e, claro, sobre a imigração em geral.
Comparações - Podem me corrigir, mas o John Cusack na adolescência me parecia um Michael J. Fox menos talentoso e nada carismático.
Aniversários - Aproximam-se os aniversários de meus afilhados para os quais as famílias valorizam a relação padrinhos-afilhados, além de se preocuparem com os seus bons modos, ou seja, meu afilhadinho e minha afilhadinha. Vamos comemorar!
Valores que precisam ser recuperados - Há uma massa de jovens que não aprendeu a estudar, mas que também não entende o que é a vida na universidade. Em algum momento, entre 2015 e 2020, isto se perdeu. Encontra-se por aí estudantes que confundem críticas à apresentação como críticas pessoais (imagina uma pessoa destas em um seminário acadêmico!) e outros que acham que um trabalho a ser apresentado é uma questão de jogar uns slides mal arrumados, sem data, sem contexto, sem menção aos autores (quando estes existem) e mais do que isto parece uma tarefa para Hércules!
Poderia bancar o professor ranzinza aqui e listar mais uns cinco ou seis itens que jogam esta geração lá embaixo, mas o fato é que isto também é um problema dos pais. Eles largaram a mão - talvez tenham terceirizado seus deveres para um Samsung ou um Iphone cedo demais - de educar os filhos por motivos que não vêm ao caso. O fato é que o prazo para se corrigir erros de educação doméstica não pode ser muito longo, ou o estrago não se conserta mais.
Dizem que não se pode enviar notas dos universitários para os pais porque o jovem já é responsável pela nota. É verdade, mas aí o jovem é pego colando e pede para o pai ir até a faculdade resolver sua lambança. É o mesmo jovem que quer fazer a lulovolução aos 16 anos votando no vermelhinho, mas não aceita ter que fazer o trabalho que lhe foi atribuído. Ou que se diz muito conservador, mas não estuda como antigamente. Ou ainda que se diz empreendedor, mas não consegue alinhar incentivos com um ou dois colegas para, sei lá, resolverem uma lista de exercícios juntos.
Antes que você diga que estou amargo e pessimista, retrucarei que há umas exceções, mas mesmo estas, só o são porque têm boa vontade e respeito ao próximo. Infelizmente, o pouco empenho destes também é visível se os compararmos com jovens que ocupavam os mesmos bancos há apenas 10 anos.
Lembro-me de, em 2022, conversar com um filósofo que publicava muito em jornais. Ele se espantava com sua melhor aluna, sua monitora ou algo assim, que não entendia o que era uma ficha catalográfica de um livro. Quer dizer, a pessoa vê vídeos, lê slides (eu os usarei cada vez menos, pois são inúteis para estas gerações mais novas), lê até livros no kindle, mas não entende o que são autores e organizadores de uma obra. Faltou uma peça aí, né?
A tecnologia é sempre bem-vinda e inevitável. O desafio está colocado no típico estereótipo que guia as aberturas de documentários sobre o Japão: Japão, um país em que o antigo convive com o novo e é uma potência econômica. Bem, nem é mais tão potência assim, mas a busca da produtividade sem abrir mão do que é importante na tradição ou na educação é, sim, um desafio. Um desafio que estamos perdendo.
A atitude (o bom e velho guts) parece estar extinta. Será?
Virginia e seus livros - Virginia Postrel foi a melhor editora que a Reason já teve. Além disso, tem ótimos livros - sendo The Future and its Enemies uma leitura essencial - e ela foi entrevistada, recentemente, aqui.
Abajur - Com o fim das obras no telhado do prédio - e com a temporária suspensão das chuvas volumosas - não tenho mais infiltrações e, assim, retornei minha cama para a posição original, o que me permite usar o arremedo de criado-mudo com o abajur. Ótimo, porque pude voltar a ler. Ontem foi mais um capítulo do Feérico Luar no Copacabana Palace, do Alexandre Soares Silva.
Alexandrinas - Mas só do bem. Eu discordo do Sugamosto (que também é Alexandre, vejam só!) - que abre a entrevista - porque acho que os escritos do Alexandre (Soares Silva) não são só “conservadores”. São importantes para entender a literatura nacional. Acho que há, ali, uma obra mais ampla, ainda que possa, sim, agradar a conservadores.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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