Bem-vindo ao v(2), n(46). Ontem foi um dia que começou com muita coisa dando errado e terminou com…pouca coisa dando errado. Só não posso errar com você, leitor. Vamos entrando? Tem café ali na mesa do canto…
Missão (Filosofia Mais Barata Que Deus Me Livre) - Terminar de ler um livro é como cumprir uma missão. Mas, sabe, há um detalhe. Quando o livro é bom, terminá-lo é como perder algo agradável. Similar sentimento é o de se terminar uma tese, por exemplo.
Dia destes eu terminei o Nossos Anos Verde-Oliva do Roberto Ampuero, que, aliás, é de leitura fácil (capítulos construídos em um tamanho pequeno e narrativa envolvente) e senti uma forte melancolia.
O cumprimento de uma missão - não à toa, o final de filmes, livros ou jornadas marqueteiras de heróis - é sempre um momento que gostaríamos que nunca ocorresse. Queremos de toda a história a melhor lembrança possível e, esta, em geral, identifica-se com o final vitorioso.
A alegria de cumprir a missão, breve, mas excitante, é sempre seguida por uma sensação de vazio (também não à toa, as mensagens de final de livros, filmes ou jornadas marqueteiras são sempre as de que o personagem partirá para ‘novas aventuras’). Tudo isso não é novidade e o leitor já sabe disto. É que eu só queria mesmo expressar meus sentimentos ambíguos ao término do livro de Ampuero.
Para minha sorte, descobri que o chileno tem uns romances detetivescos e, como sou fã de Columbo e do Dr. Palhinha (o leitor mais assíduo sabe quem é este último…), claro, já me presenteei com uma nova experiência. Logo conhecerei Cayetano Brulé, um detetive cubano e, seguindo o título desta newsletter, sim, algum dia, contarei a vocês algo sobre o livro.
Deixo o leitor com este amargo sabor de café ruim que caracteriza as filosofias de boteco, desculpando-me e já passando ao próximo item.
p.s. Quando terminei minha dissertação, passei dias cantando uma versão particular que fiz para a música Garçom, do maior cantor que já existiu neste pais: Reginaldo Rossi. Não conhece a minha versão? É a número II nesta minha página de (suposto) humor. Ah sim, a XIX, no final da página, foi feita durante a pandemia…
Falando em livros… - …a Biblioteca do Futuro me parece um belo exemplo de como a tecnologia pode nos ajudar a encontrar bons livros. A biblioteca é coordenada por Adalberto Queiroz, poeta goiano. Visite-a!
Tenente Frank Drebin - Estava assistindo mais uma das (infinitas) piadas do Corra Que A Polícia Vem Aí, com o falecido Leslie Nielsen e eis que encontrei uma ótima para usar no dia-a-dia. Em determinado momento, o detetive encontra sua namorada e seu chefe, ambos sentados à mesa. A conversa que se segue é mais ou menos assim:
‘- Frank!
- Drebin!
- Sim, ambos têm razão.’
Minha vontade de usar esta piada simples, agora, é irresistível. Imagine chegar em algum lugar e…
‘- Claudio!
- Shikida!
- Ambos acertaram. Boa noite, amigos.’
Não sei como nunca pensei nisso antes.
Bons exemplos - Sim, precisamos de mensagens mais positivas. Ótimo episódio do Out of Frame. Eu diria que há uma demanda reprimida por personagens mais virtuosos. Comentei outro dia, por aqui, sobre meu desconforto com telenovelas e, após assistir este vídeo, vejo que não sou o único. Também noto que é, sim, uma questão de estilo de diretores (de novelas e de filmes)…
Seus dentes mais verdes? - Estive passeando pelo jornal ‘A Offensiva’, integralista, disponível na hemeroteca digital da Biblioteca Nacional. É, leio desde comunistas como o Barão de Itararé até jornais integralistas, sou uma pessoa estranha mesmo, antigo, de antes da era canceladora-identitária, uma época em que líamos, realmente, de tudo. É, sou velho (mas eu nunca disse que não era, né?).
Voltando ao tema, notei que, a despeito do discurso anti-socialista e anti-capitalista, o jornal tinha anúncios que iam desde camisas passando por cigarros e chegando a dentifrício, com um detalhe: todos personalizados para os camisas-verdes (e para as senhoritas blusas-verdes). Sim, isso mesmo. Duvida? Então veja a figura a seguir.
O mais divertido é notar que a oferta e a demanda - o famoso ‘mercado’, também conhecido como ‘(neo)liberalismo’ - são muito mais efetivos do que discursos ideológicos. Irônico, né?
A imagem acima é apenas um lembrete de que a onipresença das trocas voluntárias (outro sinônimo para ‘mercado’) não é uma exclusividade da era digital. Fico feliz em saber que alguém pagou suas contas vendendo, capitalisticamente, pasta dental para integralistas.
Democratas e Republicanos - Scott Alexander vai muito além dos memes e mostra que não é tão simples assim dizer que partido se moveu para mais longe do centro, em direção à sua própria ideologia? Aliás, até mesmo a forma de se fazer a pergunta - tal como no ingênuo meme - é dissecada com dados e pesquisas. Grande postagem!
Caos e Atratores Estranhos em R - Para quem usa R e gosta do tema, eis um bom tutorial.
Música folclórica japonesa no Distrito Federal (Japônicas I) - Recebi com alegria a notícia de que o Renan Ventura, um estudioso e praticante da música folclórica japonesa, conseguiu reunir alguns jovens (creio que são cinco) e, veja só, agora Brasília tem um grupo dedicado ao tema.
Melhor ainda, parece que tocarão no Festival do Japão (que ocorrerá no mesmo período do Gueinosai de São Paulo), junto com o Grupo Min. Caso você esteja em Brasília, não perca a oportunidade de assistir a galera. Mais detalhes sobre estes eventos no próximo número!
Nada como conhecer alguém poliglota (Japônicas II) - O @nagameister (que também é da turma da música folclórica japonesa) mandou esta ótima do Botyan (Bocchan), o clássico de Natsume Souseki.
![Twitter avatar for @nagameister](https://substackcdn.com/image/twitter_name/w_96/nagameister.jpg)
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Feliz Aniversário… - …Caça-Fantasmas!
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico duas vezes por semana, geralmente às quartas e sábados. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Sou fã do melhor escritor contemporâneo: Cláudio Shikida in Malba Tahan
Yeaaaaah!!!
Remember:
Garçom
Reginaldo Rossi
https://youtu.be/6aLEhHgFWYU
Garçom
Aqui, nessa mesa de bar
Você já cansou de escutar
Centenas de casos de amor
Garçom
No bar todo mundo é igual
Meu caso é mais um, é banal
Mas preste atenção, por favor
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão
Garçom, eu sei
Eu estou enchendo o saco
Mas todo bebum fica chato
Valente, e tem toda a razão
Garçom, mas eu
Eu só quero chorar
Eu vou minha conta pagar
Por isso eu lhe peço atenção
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão
Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração
E pra matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão
E pra acabar o trabalho, só faço estudar,
vou ler tudo, até me cansar…
Se eu pegar no sono, … não durmo não!!!
Quem diria?! Reginaldo Rossi…