Mau humor 3.1 x 1 Bom humor (segue o jogo)
Sem muita inspiração, em final de férias, tentei trazer um texto com temas compartimentados. Será que perderei leitores? Final imprevisível!
Olá, leitores. Este é nosso v(1), n(17). Estou com reservatórios em baixa. A inspiração está escassa. Talvez seja o final das curtas férias (o que, geralmente significa que cuido de outras pesquisas e/ou afazeres). Claro, o problema de ter que se manter isolado em casa é que destrói qualquer prazer no que deveria ser um período de mais diversão. Então, o que tem prá hoje, véi?
Pensei em não enviar o 17o número para vocês. Ou enviar apenas um aviso: “fala galera, hoje não vai dar, então envio no meio da semana que vem, ok?”. Contudo, não me sinto muito bem com relação a descumprir o que prometi. Então, aí vai, já me desculpando pelo despejo de mau humor. Tentei suavizar a coisa toda.
Mau humor #1: avaliação no ensino virtual - Conversei dia destes com um colega que está lecionando em uma universidade federal durante a pandemia. Ele se queixava de ter encontrado plágio em trabalhos. Quem poderia condená-lo? Eu mesmo fiz minha catarse sobre o tema, há alguns anos e disto resultou o capítulo de um livro virtual que se pode obter sem pagamento monetário.
Nossa conversa me levou a fazer um rápido survey, sem pretensões maiores do que obter uma pequena amostra do que pensam os professores universitários acerca da avaliação no ensino virtual.
Após as perguntas iniciais (todas sem identificação) veio a crucial, criada com uma Escala de Lickert com 7 pontos (indo do mais ineficiente (1) para o mais eficiente (7)). A pergunta: Em termos da credibilidade do sistema de avaliação no ensino virtual, qual a sua percepção?
Com 72 respostas até o momentos (sou bem pouco popular com meus pedidos de ajuda para surveys), eis o que obtive.
Cabe observar que a grande maioria dos professores que responderam são da trinca Administração-Contábeis-Economia, igualmente distribuídos entre o setor público e o privado. A maioria (43%) declarou lecionar (no ensino superior) há mais de vinte anos.
O resultado me surpreendeu, pois o que mais ouço são queixas dos colegas. Curioso o ligeiro otimismo do pessoal. Talvez haja uma heterogeneidade no método de controle entre diferentes faculdades e meu colega deu o azar de estar em uma instituição pouco preocupada com a real avaliação do conhecimento (não seria uma surpresa…). Sim, o formulário segue aberto, mas não devo ultrapassar as 80 respostas.
(Not-so-)Mau Humor #2: A escolha de Sofia - Sofia foi adotada por nós (é uma gata, não uma criança) há pouco mais de um ano e meio. Tem sido uma experiência interessante. Arredia no início, hoje ela se mostra bem mais próxima. É um bom contraste com o que sempre ouvi sobre gatos não serem muito próximos aos donos. Ah, claro, recomendo fortemente que você, dono de um(uns) gato(s) leia o Eu Sou Um Gato de Natsume Souseki (Soseki). Ou que reveja o ótimo filme de Kurosawa, Madadayo (“Ainda não”) que retrata a vida de Uchida Hyakken (ou Hya’ken) , discípulo de Souseki e igualmente fissurado com gatos.
Mau Humor #2.1: Agora sim - Ah, eu me esqueço, boa parte dos meus leitores é tão nova que não sabe quem foi Akira Kurosawa (ou o Capitão Kirk). Procure por ele na internet. Você vai gostar. E o tal Hyakken? Não se encontra nenhum livro seu traduzido. Infelizmente. Ele é autor de um “Eu sou um Gato, a versão fake” (tradução livre) que, só pelo título, dá vontade de ler.
Mau Humor #3 - Não sei o que ocorre, mas, após alguma atualização recente do Windows (é minha suspeita), meu mouse da Microsoft, que opera com o teclado da mesma marca parece não estar funcionando muito bem. Eu clico, às vezes, umas três vezes no que, usualmente, seria um clique. Sou só eu? (nota posterior: um reboot parece ter resolvido o problema)
Bom Humor - Estive relendo alguns ensaios do falecido Roberto Campos para um projeto com o qual me comprometi há algum tempo. No meu mundo ideal, um bom texto escrito em língua portuguesa seria estruturado conforme o mini-guia a seguir.
Mini-Guia Preliminar do Claudio Shikida para um bom texto - Os parágrafos seriam simétricos, como em textos de Celso Furtado. O humor político de um ensaio seria como nos de Roberto Campos (ou nos de P.J. O’Rourke). O detalhamento do texto seria como os de Miguel Reale (leia suas memórias, dois volumes…). O humor mais descomprometido seria como no estilo de Groucho Marx. A elegância, se para um texto técnico, seria como a que sempre marcou os textos de Mário Henrique Simonsen. A clareza, bem, aí teria que ser anglo-saxã… teria que ser como a de David Friedman (autor do ótimo The Machinery of Freedom e filho do não menos autor de textos extremamente claros, Milton Friedman).
Frase do dia - O êxito é um obstáculo à liberdade. Ficamos sempre prisioneiros de nossas vitórias. (Tristão de Athayde)
É isto, pessoal. Espero enviar o 18o número no meio da semana que vem. Vou passar meu chapéu.