Livros que deveriam ser (bem) traduzidos - Doutor Palhinha - Inteligência Artificial - Econometrica - outros despachos
Os sábios possuirão a glória: a exaltação dos insensatos será a sua ignomínia (Salomão)
A semana terminou e sábado, que está no final dela, traz o v(3), n(23) da newsletter. Doa a quem doer. Custe o que custar e, sim, Salomão tinha razão. Olhe no que deu passar a mão na cabeça dos idiotas: chegamos a este estado atual de coisas. É o que chamo de otarismo. Definição (criada por mim, patente requerida): comportamento pró-otários. Diga não ao otarismo.
Livros que deveriam ser (bem) traduzidos - Em primeiro lugar, vários que foram traduzidos, só que de maneira porca (desculpe-me, leitor, mas é isto mesmo). Não custava nada revisar, né? Sei que é fácil. Já revisei tradução umas poucas vezes. Hoje em dia, com estes tradutores automatizados, cada vez melhores, a revisão pode até ficar mais simples (salto tecnológico!). Claro, isso quando falamos de livros técnicos.
Pois, dos que nunca foram traduzidos eu gostaria de ver o Politicized Economics dos Robert Tollison e Robert Ekelund traduzido. O clássico A monetary history of the United States, 1857-1960, de Milton Friedman e Anna J. Schwartz também (neste sentido, uma reedição do A história monetária do Brasil, do Carlos Pelaez e Wilson Suzigan, também não seria má idéia (é, com acento, meu texto, minhas regras)).
Para os não-chegados em Economia, traduzam qualquer livro do P.J. O’Rourke (só existe um traduzido, algo como ‘o guia do solteiro’…). Ou o The Future and its Enemies, da Virginia Postrel (qualquer livro dela merece ser traduzido). O Instituto Millenium, recentemente, indicou este livro que nem é tão novo assim, mas agradará àqueles que gostam de Hayek, Schumpeter e estes temas relacionados à tecnologia, inovação, etc.
É uma lista um pouco aleatória, mas, enfim, é a lista de hoje.
Doutor Palhinha - Vamos recordar a primeira história do Doutor Palhinha? Criação do Alexandre Soares Silva, apareceu aqui (e depois este conto foi reproduzido naquele livro dele, O homem que lia os seus próprios pensamentos). Estou com saudades do Doutor Palhinha. Só que pouca gente tentou fazer estorinhas com ele. É um personagem ótimo. Tão bom quanto o Juó Bananére.
Doutor Palhinha surgiu em 20/12/2011 (data do post). Já está entre nós por, pelo menos, 11 anos e alguns meses, não? O Alexandre deveria fazer um bolo de aniversário para ele e nos convidar para a festa. Eu iria.
Inteligência Artificial - Peguei a IA direitinho. Usei o método socrático até ela apelar e parar de me responder. Quando fizerem uma IA melhor, eu voltarei a perturbá-la. Aliás, sobre a utilidade da IA, veja isto.
![Twitter avatar for @cdshikida](https://substackcdn.com/image/twitter_name/w_96/cdshikida.jpg)
É, parece que o choro dos pessimistas não durou um ano. Descobriu-se, rapidamente, que a IA é, ao mesmo tempo, substituta e complementar, dependendo do que você esteja analisando. Mais ainda: como seres humanos têm neurônios no cérebro, a criatividade é o limite. Ou melhor, a falta de criatividade é o limite. Ou melhor ainda: não há limites para a criatividade humana.
Econometrica - Eu já contei para vocês que o Pedro Sant’Anna tem artigo para ser publicado na próxima Econometrica? Tente publicar lá para ver o quão difícil é!
Sempre disse aos meus alunos que o autor do livro-texto mais didático de microeconomia, era o Hal Varian, economista-chefe da Google. Agora, quem andou no cargo de economista-chefe da Microsoft? Sim, o Pedro.
Tenho orgulho de ter contado com ele como assistente de pesquisa nos tempos em que dividíamos eu, Ari e ele uma salinha pequena (ok, uma sala pequena) na faculdade. Pedro chamava-a de ‘sala da maldade’, creio eu, por conta do prof. Ari, famoso por sua crueldade com os alunos (parece que jogava óleo fervente neles).
Da sala da maldade para o mundo. Com muito estudo, claro. Incrível!
Ensino no Brasil - Vamos ser sinceros. Não há muita gente preocupada com isso. O PISA está aí e a turma que iria ‘salvar’ a educação não mexeu um dedo (ou mexeu, mas na direção errada) para melhorar o ensino básico e o fundamental. Fazer um monte de relatórios e rechear pastas (hoje, digitais) com documentos não é a mesma coisa de criar possibilidades concretas de melhorias no ensino. Muito menos fazer um monte de palestras virtuais (algumas paga$) sobre o tema.
Simples assim. Simples e triste. Anos e anos de educação ruim estão cobrando seu preço…
p.s. Sou um velho rabugento? Sou. Por que? Vai praticar ‘etarismo’ (que palavra idiota…) agora? Meu texto, minhas regras. Aliás, sou velho. Envie piada de velho para mim (pode me ofender, eu adoro). Use a caixinha de comentários (tá com medo? Mande anonimamente. Não se acovarda? Assine ao enviar. Não sou rancoroso. Sei separar o pessoal do profissional, ao contrário dos(as) estupidificados(as)).
Nabokowski - Nabokowski era um juiz no distante país do Samboquistão, uma ex-república soviética situada em algum lugar do continente sul-americano. O Samboquistão, para quem não conhece, usa o sistema de três poderes repressores: Executivo (que executa os opositores), Legislativo (que legisla em causa própria) e Judiciário (que não faz nada, mas é bem remunerado).
O Samboquistão é um país, obviamente, pobre e instável, política e economicamente. Com tantas distorções, os conflitos são frequentes. Todos os presidentes do Samboquistão dizem, quando eleitos, que unirão o país, mas, na verdade, tentam aumentar ao máximo a polarização política.
O leitor provavelmente não iria querer viajar para este país, nem se o visto de turista fosse gratuito. O povo de lá até tenta emigrar, mas a pobreza do país é tão grande que poucos conseguem sair do infer…digo, do país, com segurança e com alguma perspectiva de uma vida nova.
Nabokowski, o dito juiz, é um dos poucos que trabalham no país. Claro, segue os valores do seu país (e do seu contracheque). Tem orgulho de ser um cidadão do país. Foi aprovado com louvor na Faculdade Nacional de Direito e, rapidamente, fez um concurso para juiz para garantir a estabilidade de seu emprego e a liberdade de expressão (no Samboquistão, apenas servidores públicos bem endinheirados têm liberdade de expressão. É a lei do mais forte…).
Um belo dia, foi convidado para a Corte mais alta do país (conhecida com a Corte de Marfim) e, como o salário não era nada mau (dava mais ou menos 300 escolas públicas, em valores de 2015, já na paridade do poder de compra), ele aceitou. Segundo consta, seu dever era zelar pela Constituição do país, coisa que ele repudiou veementemente, dizendo que a Constituição estava toda errada.
Seu primeiro ato, na Corte de Marfim, foi mudar o rito de posse dos juízes da Corte. Desde então, ele se dá, obrigatoriamente, com fanfarras, dançarinas belas e jovens (para combater o etarismo, dizem), e com um show ao vivo de algum cantor agraciado com recursos públicos que seja da preferência do novo juiz.
Nabokowski poderá fazer muito mais, claro.
Em breve, as aventuras de Nabokowski na Corte de Marfim do Samboquistão. Não perca!
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Viva Dr. Palhinha!