Irracionalidade Racional e sua inteligência - O bom partido - Electric Dreams - The Galaxy Railways.
"A democracia não é branca nem preta: é cinza" (Norberto Bobbio).
Eis que chegamos ao v(3), n(13) da newsletter. Hoje, um pouco menor porque a semana não foi fácil.
Irracionalidade Racional e sua inteligência - A irracionalidade racional importa? Não pergunte a mim. Apenas observe o noticiário…
Ok, eu sei que não é uma resposta bacana. Claro que importa. Basta ver algumas falas de mandatários públicos tão absurdas que você chega a pensar que é uma piada ou uma estratégia muito complexa e genial (raramente este é o caso, obviamente, porque o QI dos políticos não difere muito do nosso, é minha aposta).
Aliás, estudos com QI, embora sejam pouco divulgados por aqui, no país em que supostamente a ‘ciência’ é muito valorizada (pelo menos é o que ouvi, nos dois anos da pandemia), mereciam mais atenção de nossos pesquisadores (que também sempre se dizem muito afetuosos à tal ‘ciência’). Por que o preconceito de alguns com estudos utilizando QI? Não há um motivo razoável. Afinal, QI é uma medida como qualquer outra. E o que dizem os estudos científicos? Caplan tem algo a dizer sobre isto:
I’m an IQ realist, all the way. IQ tests aren’t perfect, but they’re an excellent proxy for what ordinary language calls “intelligence.” A massive body of research confirms that IQ predicts not just educational success, but career success. Contrary to critics, IQ tests are not culturally biased; they fairly measure genuine group differences in intelligence.
Eu gostaria de ver uma base de dados de QI de políticos, burocratas e eleitores e, claro, uma pesquisa sobre o tema. Um resultado interessante, a propósito, é o de que pessoas mais inteligentes pensam mais como economistas. Eis um trecho da conclusão do artigo referenciado:
Our findings are consistent with two other recent papers that explore the connection between cognitive ability and the standard rational actor model. Benjamin, Brown and Shapiro (2005) and Frederick (2005) find that the behavior of more intelligent people diverges less than usual from what the typical economist would advise. We find, similarly, that the economic beliefs of more intelligent people diverge less than usual from what the typical economist would think.
O homem econômico racional ensinado nas boas faculdades de Economia é, portanto, um modelo bem razoável, apesar do que dizem seus críticos…
Pois é. A irracionalidade racional tem mesmo uma relação não só com a educação, mas também com a inteligência e o resultado pode agradar aos economistas que, de fato, pensam como economistas (não-entendedores não entenderão).
Aliás, Caplan e Hanania têm uma ótima conversa sobre QI, crime e imigração.
O bom partido - Nunca foi um bom partido. Nem um bom movimento político, ou social. Nem um bom grupo de interesse, sequer uma boa minoria raivosa. Acabou mesmo virando um indivíduo, com suas imperfeições já conhecidas por todos.
Electric Dreams - Eu sou da época dos ‘bolachões’ (uma vez ganhei um naqueles sorteios das rádios FM). Pois houve um que comprei, trilha sonora do filme Electric Dreams. A música sempre ficou em minha cabeça. Contudo, é curioso que eu nunca tenha assistido ao filme.
Uma busca rápida pela internet me fez perceber que o razoável (e não muito pretencioso) Jexi, de 2019, é quase uma versão modernizada do divertido filme dos anos 80. Aposto que Electric Dreams não está em nenhuma plataforma, mas vou fazer uma busca…
The Galaxy Railways - Reiji (Leiji) Matsumoto é um talentoso mangaká, eu sei. O famoso Patrulha Estelar é, parcialmente, sua obra. Sim, ‘parcialmente’ porque a descontinuidade do desenho por mais de 20 anos deveu-se a uma disputa judicial com Yoshinobu Nishizaki, o co-criador. Até hoje, por exemplo, o site (excelente, por sinal) Ourstarblazers.com credita a Nishizaki a criação, seguindo a sentença da justiça japonesa.
O desenho The Galayx Railways é mais um na imensa lista de produções de Matsumoto e, como tal, chega a ser repetitivo (até fãs como eu se incomodam, às vezes). As histórias em todos os seus desenhos são muito parecidas. Você pode pensar como um mérito: o autor consegue resgatar a mesma história com variações em diversos universos distintos. Contudo, você pode pensar também que Matsumoto é pouco criativo, limitado e não cria nada novo desde, creio, os anos 80.
O The Galaxy Railways está no Crunchroll e, infelizmente, não há muitos desenhos de Matsumoto por lá. Há o remake da primeira série do Yamato (Patrulha Estelar) que eu recomendo para quem é fã. Embora já estejam na terceira série deste desenho lá no Japão, somente a primeira está disponível na plataforma.
De todo modo, o Patrulha Estelar vem sendo produzido pelo filho adotivo de Nishizaki, mas eu fico imaginando como seria bom se Matsumoto conseguisse, juntamente com o filho do ex-parceiro, inocular um pouco de sua imaginação no desenho…
Bom, mas eu falava do The Galaxy Railways (銀河鉄道物語, ou “histórias da ferrovia espacial”, no original). O visual é bonito. A tentativa de armar os trens como se fossem navios de combate, não sei, tenho sentimentos mistos sobre isto. Ao longo dos vinte e poucos capítulos vemos um revival das famosas mazons da primeira série do Capitão Harlock (mulheres vilãs que se incendeiam ao morrer). Desta vez, não querem invadir a Terra, mas o universo (elas são de outra dimensão, claro).
Matsumoto parece não ter produzido nada ultimamente. Gostaria de ainda ver alguma ópera espacial de sua autoria. Mesmo com as repetições, falta de continuidade temporal, mudanças de origens de personagens, etc. Afinal, seu traço inconfundível e o desenho de suas espaçonaves marcaram toda uma geração…
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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