Futebol feminino - Defesas - Jingles - Natal - Pandemia - Outras datas.
Temo o homem de um livro só...mas não pelo motivo que você imaginou.
Dezembro chegou e, com ele, o v(4), n(50). Estamos em ritmo de Natal.
Futebol feminino - O livro Evas do Gramado - a história do Primavera Atlético Clube, o time de futebol feminino proibido no Governo Vargas tem um valor histórico óbvio e, a despeito de ter apenas 107 páginas, traz muitas informações interessantes. Por exemplo, como surgiu a modalidade?
Logo à página 25 você é apresentado à senhora Carlota Alves de Rezende, que é a empreendedora da história.
“Viúva e dona de propriedades nos subúrbios cariocas, Carlota Alves de Rezende era grande entusiasta e incentivadora do futebol feminino. A quase sexagenária organizava e treinava equipes de moças nos campos dos bairros e promovia soirées entre as mesmas em sua casa na Rua Gaspar, em Pilares.
(…)
No final da década de 1930, Carlota conseguiu convencer as direções de algumas agremiações suburbanas a criarem departamentos de futebol feminino. Sua proposta era simples: ela já ‘possuía’ times completos, que seriam incorporados aos clubes. Estes poderiam organizar disputas com frequência uns com os outros, driblando assim a principal dificuldade de experiências anteriores com times femininos - a falta de adversários. E a frequência dos jogos, aliada à novidade, traria boas possibilidades de renda.” [p.25]
A senhora Carlota, como se vê, possuía recursos (rendas de propriedades) e não só viu uma oportunidade de investimento: também era monopolista no fornecimento dos insumos necessários à criação de um campeonato de futebol feminino. O livro não nos diz se ela era uma dentre várias viúvas ricas ou se era a mais rica de todas, mas arrisco postular que ela era quase uma monopolista natural (monopolista natural, definição: quando o custo de se produzir a quantidade de mercado é menor para uma firma do que com mais de uma firma). Será? Espero por novos estudos.
p.s. o tema é tão novo, que o verbete na Uíki-pídya te leva para um homônimo clube…em Mato Grosso.
Defesas - Semana passada estive em bancas de monografias (hoje chamadas de “trabalho de conclusão de curso” ou TCCs) e tive a grata satisfação de ver trabalhos interessantes. Fazia tempo e sei que isso não é uma tendência. Nosso ensino superior anda doente há muito tempo, há vacina, mas os gestores de Brasília não querem curar nada. “- São negacionistas!”, disse-me um aluno.
Jingles - Os jingles gerados por inteligência artificial são muito bons. Diria que a atividade profissional de se criar tais peças publicitárias foi alterada para sempr….digo, até a próxima revolução tecnológica.
Aliás, a ‘revolução tecnológica’ é sempre um termo que causa medo e não estou anunciando nenhuma novidade. Pense na descoberta do fogo. Ou na criação do arado. Ou mesmo na criação da internet. Todas elas atingiram toda a humanidade, de forma desordenada. Inovações causam medo e alteram os preços relativos na sociedade. Não seria diferente com os jingles.
O imaginário popular é pródigo nas fantasias sobre se a relação entre máquinas e homens é mais complementar do que substituta ou vice-versa. Quem não se lembra do filme O Exterminador do Futuro? Futuro sombrio aquele e o diretor, James Cameron, parece-me um pessimista com a tecnologia (da qual faz bom uso para fazer seus filmes, ironicamente…).
As consequências - boas ou más - da tecnologia são mostradas de forma bem-humorada no livro Por que almocei meu pai, de Roy Lewis, que retrata, ficcionalmente, a vida dos primeiros homens-macacos. A cena em que tio Vanya critica o pai do protagonista por estar usando o fogo para cozinhar carnes enquanto se delicia (e até reclama do ponto da carne) com a novidade: a carne cozida, ilustra bem o ponto. A vida durante o aprendizado com novas tecnologias é assim: críticos usufruindo da mesma enquanto a criticam. São os paradoxos que a vida nos dá quando das invenções.
Natal - Eu me presenteei com um conjunto de chá e livrinho de poemas de Natal do Joseph Brodsky. Tudo lá da Anna Mars Tea. Não experimentei o chá ainda, mas já vi que o livro promete…trechinho:
“Não há peixe dourado nadando para nós.
Marx de produção não entende picas.
O trabalho não é mercadoria de troca.
Dizer isso é de quem trabalha fazer troça.
Trabalho e da vida fim e forma.
Dinheiro - como que sua plataforma.
Algo além dos meios de sustento.
Vamos deslindar a meada num momento.”
[Joseph Brodsky - Poemas de Natal, p.29]
Chupa, Marx!
Pandemia - Sim, usei máscara e me vacinei. Isto não deveria chocar ninguém, mas há pessoas que me cancelariam por isso…tanto quanto outras que pregavam o uso irrestrito e eterno de máscaras e lockdowns…porque sim. Não creio no autoritarismo de obrigar os outros a fecharem suas lojas por conta de um vírus cuja propagação você nem mesmo sabia explicar. Muito menos no autoritarismo que transformou a ciência (sim, em minúscula mesmo) em uma luta entre os que defendem o autoritarismo e os que o combatem. Ciência não é isso, embora gente muito mal-intencionada sempre tenha tentado argumentar o contrário.
Poderíamos ter considerado diversas opções e sido, verdadeiramente, federalistas, no sentido de dar aos políticos locais sua quota de responsabilidades por soluções mais adequadas às suas jurisdições. Tivemos vários estudos, à época, mostrando indícios de que a pandemia poderia atingir diferentemente pessoas conforme algumas características (idade, condições de vida, comorbidade etc.).
Tivemos quase isso. Quase. Alguns prefeitos e governadores buscaram uma solução que não destruísse tanto a vida das pessoas. Entretanto, parte delas queria que a solução fosse centralizada, autoritária. A China comunista mostrou-nos que este não era o caminho. Melhor seria algo próximo ao que a China democrática (a famosa Taiwan) adotou, no período. Observe, leitor, se alguém, hoje, lembra-se de Taiwan e de seu sucesso no combate à pandemia. Minha impressão é a de que ninguém se lembra e a imprensa esconde Taiwan em prol de flertes perigosos com a China autoritária, a comunista, talvez por conta de verbas publicitárias que recebe de um governo que não esconde sua admiração por modelos totalitários de sociedade, talvez porque receba mesmo ‘mimos’ da República Popular da China. Vai saber.
Sei que o assunto é polêmico, mas não estou aqui para jogar para as platéias (com acento mesmo e ponto!). Para nenhuma delas. Sou um indivíduo e, como tal, imperfeito, cheio de problemas, mas nem por isso imbecilizado, escravizado, pois posso, inclusive, mudar de idéia (e até não acentuar idéia!). Tente rotular pessoas, amigo leitor, e você verá como somos, nós, humanos (você incluso, claro!), difíceis de se rotular… ^_^
Outras datas - Possíveis pontos de inflexão na história humana.
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Esse Poemas de natal é uma delicia a cada página. Boa leitura, Claudio - e tome o chá junto!!