Frajolinha em busca de um crachá!
O dia em que a Terra não parou, mas eu bem que fiquei parado quando...
Edição extraordinária, a primeira de 2022!
Frajolinha - Cheguei cedo na esperança de conversar um pouco com Frajolinha sobre minhas angústias e esperanças. Ou apenas sobre o Cruzeiro (o que dá no mesmo). Não a encontrei. Dei uma volta pelo prédio. Nada.
Frustrado, decidi começar o expediente mais cedo e subi até o segundo andar. Entrei em minha sala e, no gaveteiro próximo à minha mesa, uma cápsula de café iria me trazer alguma energia adicional.
O café, contudo, exige esforço (exagero meu, nem é tão longe assim). A máquina fica no gabinete da presidência, a alguns passos e, claro, para lá me dirigi, ainda pensando em onde poderia estar a Frajolinha.
Chequei a água: suficiente e ainda com um excesso para os próximos colegas. Subi a alavanca, joguei a cápsula, desci a alavanca. Como um autômato, já tendo aprendido a otimizar movimentos, peguei o copo de plástico, sete gotas de adoçante e coloquei o copo, já com o palitinho misturador cujo nome desconheço na posição correta.
O passo final: ligar a máquina e aguardar o marcador parar de piscar. Assim me ensinaram e assim foi feito. Enquanto isso, meus pensamentos se misturavam ao vazio que caracterizam aqueles minutos iniciais do pré-trabalho. Olhei para a janela e quando ia engatar um raciocínio, levei um susto.
Um miado. Não. Dois miados. Ou seria minha imaginação?
Antes de pensar no problema que é estar enlouquecido, virei-me para trás. Meio movimento. Ou um pouco mais de meio. Vá lá, 65 graus. Ou algo assim. Embaixo de uma das mesas do amplo espaço de coworking (ou de cotalking), Frajolinha me encarava.
Obviamente, ela estava ali porque não a chamaram para assinar a ata. Ou porque não lhe confeccionaram o crachá que espera há anos. Bem, louco eu não estava (assim, pelo menos, acredito). Aproximei-me e sabia que seria iniciada mais uma dança.
Ela, cautelosa, fazia que vinha e que não vinha. Ao mesmo tempo (gatos são assim). Falei com ela. Finalmente cedeu e veio. Marcou-me de todo jeito. Falei que seria mais prudente que não ficasse por ali ou que poderia lhe sobrar algum trabalho ou, pior, alguma reunião.
Hesitante, Frajolinha ponderava sobre se ficaria ou não quando ensaiei tomá-la em minhas mãos. Aí sim, a dança começou. Levantei-me e começamos a andar em direção às escadas. Ela me guiava e se fazia de guiada. Aquela sintona de valsa felina… Descemos.
No térreo, em nosso habitual canto de conversas (um espaço de cattalking?), ajoelhei-me e voltamos ao papo. Expliquei-lhe que precisava subir, que voltaria em breve para mais uma rica troca de ideias sobre a vida, os peixes e tudo o mais. Um pouco desapontada, mas já acostumada, Frajolinha ficou ali, olhando-me por alguns segundos.
Subi. Mas voltarei em breve. Como sempre.