Os deuses trazem até você o v(2), n(27), na esperança de que seu conteúdo possa lhe proporcionar alguma alegria. Por que esperar? Pegue seu café e…
Meu sobrinho - Meu sobrinho tem se mostrado um exímio pesquisador. Não, não acredite em minhas palavras. Estes são os fatos, juro.
Primeiramente, há o do dia em que, ainda novo (com uns 3 anos), jogou um embrulho no chão para ver se a queda geraria um buraco. É que, um pouco antes, tendo achado uma minúscula falha no piso de um shopping, teorizou que este teria sido causado por um pesado dinossauro.
Assim, pegando da mãe a sacola com o presente de aniversário do coleguinha cuja festa seria no dia seguinte, mirou no encontro dos pisos, lá, onde a falha se encontrava e, claro, testou sua hipótese.
No mesmo dia, divagando um pouco, apostamos corrida na pista de uma famosa loja de artigos esportivos. Na ocasião, aliás, ele estava com o escudo do Capitão América (presente deste), o que foi motivo de elogios por uns garotos maiores.
Voltando ao tema, de lá para cá, o menino só se tornou mais empenhado (e menos destrutivo?) em seus estudos. A pandemia o deixou trancado e a sala de casa transformou-se em diversos produtos de sua investigação arrojada. Certa vez ‘construiu um carro’ com uma variedade impressionante de bugigangas. Em outra ocasião, um não menos detalhado ‘sistema de esgoto’. E assim por diante.
Na escola - sim, finalmente ele voltou à escola - segundo conta a professora, ele não só disserta sobre dinossauros (a fase dos dinossauros é constante entre as gerações, né?). Também corrige o uso incorreto dos colegas. Afinal, não se mistura um dinossauro da era X junto a outro que só existiu no período Y.
Sim, o menino é fera.
Este jovem pesquisador que completará 6 anos neste ano, agora está na onda dos faraós e pirâmides. Encontrei-o, outro dia, numa praça. O primeiro presencial em dois anos. Ele cresceu um pouco, aquela espichada dos 5 anos, embora o rosto continue o mesmo, com aquela expressão peralta que é típica dos meninos de sua idade.
De capacete em seu patinete, esta destemida versão infantil de Indiana Jones parou em frente a um círculo desenhado a giz no chão e me soltou um será que são pirâmides?. Não é preciso ser gênio para saber o que respondi.
A imaginação, claro, vai a mil. Espero que continue assim por toda sua vida.
Jogos te influenciam e são poderosos... - Assim afirmam alguns, olhando para o videogame, com olhar severo (quando não cheio de ódio…). Pois imagine então um mundo sem internet ou televisão. Sei que você, leitor jovem, acha que isso é ficção. Mas não é mesmo. Já houve um tempo assim.
Em um mundo como este existem alguns jogos que teriam um suposto impacto em seu comportamento como é o caso da Mansão da Felicidade. Como diz o link a seguir, era um jogo com pretensões elevadas: ajudar a criar virtudes nas crianças.
Decorridos mais de 150 anos, não me parece que os EUA tenham se tornado um país de pessoas moralmente elevadas. Talvez a culpa seja do jogo Banco Imobiliário. Não, espere, os EUA também não são famosos por serem um país em que monopólios são a preferência nacional.
Talvez, mas só talvez mesmo, devamos considerar que o cérebro humano não é tão suscetível ou maleável como nos dizem. Aliás, quem gosta de revista em quadrinhos sabe de como, nos anos 50, nos mesmos EUA, houve um ferrenho movimento anti-quadrinhos.
O movimento se refletiu por aqui (ver A Guerra dos Gibis de Gonçalo Jr, Companhia das Letras), sob argumento similar ao que se usa hoje contra os videogames. Aliás, este é um divertido livro para se ler.
p.s. Ah sim, a propósito…
Imigração por meio de viagens no tempo - Um comentário do Orlando Tosetto sobre a turma da obra na Roma antiga me fez pensar numa possibilidade de imigração fictícia (por enquanto): aquela feita por meio de portais que nos permitam viajar no tempo.
Primeiro, claro, o comentário.
Pois não é que é uma boa, seu Orlando? Imagine alguns governos desenvolvendo projetos secretos para construírem máquinas que nos permitissem estas viagens. Como o futuro a Deus pertence, as viagens seriam apenas para o passado (não, não eram os deuses os astronautas. Nem os pedreiros).
Nós, aqui do Brasil, sabendo que uma reforma no apartamento, com duração prevista para um mês, nunca termina antes de um ano, poderíamos importar alguns destes talentosos e (supostamente) ágeis pedreiros romanos.
A ideia lhe parece promissora? Eu também comecei este texto com esta expectativa. Mas aí me dei conta de que escrevi, linhas acima, algo como: Nós, aqui do Brasil.
Ora, o Brasil é o Brasil. Portanto, como seria este troço de importar pedreiros romanos? Primeiro, chegando por aqui, teriam que aprender um pouco sobre ferramentas e materiais modernos envolvidos na construção civil. Até aí, nada demais, exceto que as dependências do curso seriam alguma obra pública inacabada, atualmente ocupada por usuários de crack. Sim, nem tudo é perfeito.
Além disso - já falei que isso aqui é Brasil, não o Reino Unido ou a Finlândia? - tem todo aquele tradicional imbróglio burocrático já que, por exemplo, os romanos não teriam passaporte. Suponho que nosso governo poderia lançar (mais) um programa para agilizar o registro dos novos, digo, antigos, pedreiros e de suas novas (ou antigas) microempresas.
Seria ótimo, mas um programa destes não pode ser feito assim, sem a observância do mais importante princípio da administração pública brasileira: o de que nada pode ser feito se houver a possibilidade de que você terá alguma chateação. De forma que o programa poderia demorar alguns anos até ser implementado e, até lá, a culpa já seria da 4aGuerra de Putin contra a Otan, em 2030.
Outro problema seria a questão sindical porque, sabe como é, sindicatos não gostam muito de imigrantes que chegam ao país querendo melhorar de vida sem o pagamento de ‘contribuições’. Não senhor! Tem que contribuir! Que egoísmo é este, seu romano metido a besta! Pague aqui, agora, cão imperialista-racista-misógino-amigo-da-minha-sogra-e-fascista! Opa, desculpe-me, eu me entusiasmei com a Internacional Socialista. Volto ao texto.
E o que dizer dos criminosos que tentariam importar servos do Egito antigo para economizar nos custos? Eis aí outro grande problema, mas, desta vez, para as autoridades. Não iria ser nada fácil para o policial abordar alguém dos tempos bíblicos e lhe perguntar sobre as condições de trabalho. Nem vou dizer que acho que a corrupção comeria solta neste novo nicho de mercado (ilegal)…
Ah, há também a dor de cabeça que teria o recenseador do IBGE ao se deparar com imigrantes nascidos a mais de 2000 anos! Quem disse que coletar estatísticas populacionais é fácil? A tecnologia é uma faca de dois gumes! Pobres recenseadores…
Bem, poderíamos testemunhar efeitos positivos deste fluxo migratório. Só para não dizerem que sou um pessimista. Eis um exemplo bem supimpa: teríamos uma classe de pessoas que iria se dar bem com esta imigração. Trata-se dos estudantes e professores de Letras.
Professores de latim e grego arcaico iriam, provavelmente, ganhar uma boa grana trabalhando como intérpretes (importando uns sumérios, até a escrita cuneiforme seria ressuscitada (o Esperanto, claro, continuaria colossalmente ignorado).
Além disso, teríamos aqueles restaurantes de comidas romanas antigas (o que, de quebra, proporcionaria ao pessoal destes programas de gastronomia da TV, novas ideias…) e discussões sobre doenças que não mais existem e que causavam dor de barriga nos tempos dos césares.
Apesar de tudo, não sei você, mas acho que esta ideia não vai ter muito futuro. Estou pessimista. Nem tanto pela tecnologia. O problema é o Brasil, eu acho.
Revista do Serviço Público de Cara Nova - Publicada nesta semana o último número da RSP que, aliás, é o primeiro de 2022. Vários artigos, inclusive um sobre os impactos da automação no serviço público.
Sei que este tema está em alta e há muito catastrofismo sendo vendido aos jornais como se fossem tendências. Vale a pena, pois, falar um pouco sobre isto.
A verdade é que, como todo choque tecnológico, a automação não é um fenômeno homogêneo, nem de fácil análise. As tendências de mudanças são muitas e dependem do tipo de habilidade que a profissão demanda da pessoa.
Sugiro um pouco de calma antes de embarcar em conversas de boteco sobre a decadência/destruição/fim da civilização por conta de robôs. A bem da verdade, o futuro depende mesmo da capacidade das sociedades humanas de se adaptarem. Sempre foi assim e sempre será.
O restante da revista também está bem interessante. Dá uma olhadinha lá.
Deixa de ser bobo - É o que diz o Eli.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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