Bom dia.
Esta é uma edição extraordinária. Não no sentido de excelência da narrativa, ou da qualidade gráfica. Não, não. É apenas extraordinária no sentido de não ser uma edição regular. Esta, como sabe o amigo, a amiga e os inimigos(as), vem sempre às quartas, pela manhã.
Direto ao ponto, fui à tal LibertyCon ver como é que estes estranhos seres, os liberais, comportam-se.
Primeiro: Habitat - Os liberais são muitos. É uma frase batida (copiada de “Minas são muitas”) e óbvia. Afinal, onde há duas pessoas, há pelo menos uma briga. Há uma variedade grande de liberais. Habitam o mesmo planeta que os demais seres humanos (e terroristas), mas têm estas idéias estranhas (alguns não acentuam ‘idéia’, mas é que são hereges).
Na LibertyCon (onde mais?) pude ver o aumento do ecossistema liberal. Novos grupos (a última na qual estive presente foi a de 2019, também como investigador e espião sabe-se-lá-de-que-interesses-ocultos) como os Escafandristas, AgentesDev (acho até que a gente deve tomar um chopp (ou chope) sem imposto mas, como relatarei adiante, nem sempre isto é possível).
A despeito dos autoritários que são o mainstream da vida cultural (os neomaoístas identitários que a todos cancelam, os donos da moral religiosa que a todos acusam de não serem perfeitos como (supostamente) eles, os pseudo-liberais, que acham que a virtude está no meio por fé, não por evidências etc.), os liberais se consolidaram no meio social, mas não no cultural (ainda).
Segundo: Pessoas - Muitas. Menos do que eu gostaria, mas mais do que sempre vi. É importa a qualidade, não só a quantidade, mas mesmo assim…
Algumas, com as quais já conversei várias vezes, não me reconheceram. É que elas envelheceram e eu não (né, LCM e UI)? Falando em ver pessoas, vi uns alunos falando mal de professores (ou dizendo que um certo Azam-sei-lá-o-quê, supostamente professor, teria supostamente ‘amaciado’ no rigor em sala de aula). Eles não me viram, mas eu os identifiquei (brincadeira…).
Vi também várias lideranças que já não são mais estudantes, embora estejam trabalhando em alguma das diversas organizações que povoam o ecossistema liberal. É, também envelheceram. Isto me faz pensar sobre a efetividade da formação dos mais jovens e dos incentivos para se entregar a chave da liderança para a próxima geração…se é que a próxima geração quer mesmo saber disto. Muitos amigos e conhecidos encontrei e (poucos) novos amigos fiz.
Falendo em velhos, sou de uma geração que começou a acompanhar a literatura teórica e aplicada (quando o tema são políticas liberais, por exemplo) lá no início dos anos 90 e, portanto, tenho uma visão panorâmica deste processo. Não havia LibertyCon e os eventos eram mais restritos porque, simplesmente, não havia gente suficiente para encher um salão de hotel.
Terceiro: Papos - Muitos papos. Digo, conversas. Melhor: temas de conversas. Houve um painel muito interessante sobre conjuntura econômica no qual fui, para minha surpresa, citado. Não, não sou vaidoso. Não fui citado por alguma qualidade em minha análise econômica da sua vida, da nossa vida ou do universo. Não senhor! Fui citado pelo meu sarcasmo e, quer saber? Adorei.
O final deste painel foi um alerta para os jovens do Students for Liberty. Algo como: você só assiste podcast de liberal, só vai a festinhas de liberais, só faz network com a patota liberal…ou também estuda? Menos memes, mas horas-bunda de cadeira para não ser vencido pela concorrência (não é sobre mercados, amiguinho?). A superficialização de um movimento é um dos fatores de enfraquecimento. Capital humano nunca é demais.
Houve também a conversa sobre o liberalismo na prática. Diogo e Magno falaram bastante. Magno confessou que teve que estudar muito (o que é eu que acabei de falar?) e o Diogo trouxe uma experiência sobre as complexidades de se avançar idéias (com acento e quem discorda é fascista!) na administração pública. Afinal, quem quiser pagar de isentão será governado/administrado/gerido/tributado/censurado/cancelado por quem gosta de usar o poder para tudo isso que eu falei (certamente há outras formas de se oprimir as pessoas, mas me faltam agora, as palavras certas).
Assisti a parte de um painel sobre uma parcela minoritária que existe no movimento estudantil que são estes tais liberais. Depoimentos interessantes que mostraram que, entre o carreirismo estudantil (o eterno militante que não se forma porque tem que servir à luta de classes, mesmo fazendo parte de todas por sua falta de empenho) e a política estudantil que é um meio, não um fim em si, existem possibilidades. Como você as explora é algo pelo qual você será cobrado por sua consciência. É preciso, pois, ser cuidadoso com as escolhas.
Quarto: Geração Schons - Já mencionei que não era eu o mais novo a entrar nos salões das conferências, certo? Para mim, o fim está mais próximo do que para muita gente ali. Fico na torcida pela tecnologia, a despeito dos péssimos incentivos que nossos governos criam, neste sentido.
Antigamente, eu era mais conhecido por estar ali incomodando as pessoas. Agora sou conhecido porque a Marize Schons me indica quando perguntam a ela sobre queijos, doce de leite, goiabada e, acho, economia. Virei um apêndice da Marize (espero que ela não tenha apendicite, portanto) e até já a agradeci por isto. Não fosse por ela, eu já teria sido esquecido pela maioria das pessoas que ainda frequentam estes rolês aleatórios (notou a linguagem jovem?).
Quando encontrá-la em novembro, no VII Fórum Mackenzie de Liberdade Econômica, vou agradecê-la. Pouca gente sabe, mas a primeira vez em que troquei uma idéia (já falei do acento?) com a professora foi na LibertyCon de 2019. Já havíamos conversado antes, por telefone e, claro, falamos mal de todo mundo, mas nunca revelarei o perverso conteúdo de nossa conversa porque pode ser que a República caia.
Quinto: Acabou - Mais um ano, mais um evento, mais preocupações, alguma esperança e até um imposto sem chope (chopp, mudei, notou?). Sim, imposto sem chope porque, quem viveu, viu: a máquina vazou e o chão do restaurante ficou cheio de cerveja (não vi se alguém lambeu o chão, mas nunca se sabe…).
Daí falei: ‘imposto sem chope’ e o engraçadinho do Magno passou a gritar ‘imposto sem chope’, ‘imposto sem chope’. Não conseguimos uma multidão, mas os dois palhaços se divertiram um pouco.
Fiquei feliz em saber de boas gestões público-privadas em cidades do Rio de Janeiro, que algumas mães escaparam de um câncer e que talvez haja alguma esperança no futuro que receberá meus pequenos afilhados e minhas priminhas novas, filhas das minhas primas (uma delas, também minha afilhada).
Também fiquei feliz em saber que a filha de uma antiga amiga me reconheceu como antigo amigo da mãe dela. Imagine se pensasse que eu fosse um inimigo da família, como, certa vez, a avó dela pensou, quando me confundiu com o namorado (atual pai dela) da mãe ao telefone. Seria uma ironia sensacional, mas perdemos o momentum.
Termino por aqui porque já devo ter omitido nomes demais e feito injustiça para muitos. Fazer o quê? Hayek já dizia que nossa mente não é nunca perfeita porque a complexidade do mundo não é bolinho não. Ou algo assim. Não exatamente com estas palavras.
Missão de espionagem concluída.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
excelente texto