Eu queria ter conversado com... - Richard Wagner - Análise Econômica do Direito há 11 anos? - Outros Assuntos.
Eu fui no Itororó beber água não achei. Achei o Soviete Supremo que agora faz a lei. Acredite minha gente...
O v(3), n(39) da newsletter chegou mais rápido do que o Cometa Haley. Não que isto seja um mérito, claro.
Eu queria ter conversado com… - Vez por outra alguém, em alguma rede social, lança esta pergunta. Qual? A famosa: com quem você gostaria de ter conversado? Claro que a intenção é que você responda com o nome de algum famoso. Sei lá, Telê Santana, Mussum, Sérgio Porto, John M. Keynes, Sócrates (o grego ou o jogador), Hayek etc.
Há quem diga que refletiu muito e chegou em um nome (e daí em diante escreve um texto sobre a conversa imaginária). Há quem olhe para o nome do falecido que está nos trending topics de alguma rede social (e, rapidinho, manda um texto espertalhão para ganhar uns likes. É legítimo. Faz parte do jogo). Eu?
Confesso que não tenho tempo o suficiente para elencar os possíveis famosos com os quais eu gostaria de ter conversado. Talvez haja mais gente interessante morta do que viva. Ou talvez eu esteja muito decepcionado com a sociedade atual (e também a anterior e, claro, a futura).
Não tenho como decidir assim, de supetão (e olha que nem foi de supetão…eu pensei muito no tema). Minha escolha? Eu gostaria de ter conversado com Cecília Meireles. Nem Machado de Assis, nem Barbosa, o goleiro do escrete da Copa de 1950. Nada disto. Cecília Meireles. Por quê? Porque eu acho que se tem alguém que contribuiu para alfabetizar crianças, este alguém foi Cecília.
Também porque seus ensaios são muito bem escritos e conseguem, como poucos, transmitir as mensagens com uma clareza incrível. Mesmo quando leio um e não o acho maravilhoso, ainda assim, não tenho como não admirar sua capacidade de escrever bem. Há um ensaio dela, O que se diz e o que se entende, que, em duas páginas, fez-me rir…de mim mesmo.
O argumento do texto é o de como Cecília, que sabe o nome das coisas - e não são coisas, assim, complexas - espanta-se com vendedores que insistem em usar nomes estranhos para as mesmíssimas coisas. Um dos exemplos é o do caleidoscópio que a vendedora afirma não ter para vender. Como não, veja ali! - diz Cecília…e a vendedora olha candidamente para a poetisa e afirma que não são caleidoscópios, e sim ‘tubos’...
No pequeno ensaio - eu já disse que são só duas páginas? - Cecília ainda me arruma um objeto azul que alguém acha ser verde (ok, fosse um japonês, saberíamos que faz certo sentido) ou um papel impermeável ao qual o vendedor chama de ‘papel metálico’.
Cecília escreveu este texto na metade do século 20 e, ainda hoje, eu e o leitor-assinante, aposto, já topamos com situações similares. O mais famoso, creio, é o rômitítya (home theater). Não é exatamente a mesma coisa, eu sei. Trata-se de uma pronúncia bem distorcida do nome original (por outro lado, brasileiros nunca erraram ao pronunciar ‘caqui’, uma palavra de origem japonesa…).
Vendedores que não sabem o nome do que vendem ainda o fazem, o que é ótimo. Contudo, seria melhor se soubessem o nome correto do que vendem. Pensando bem, melhor que não. Assim a gente se diverte um pouco com a riqueza de nomes estranhos que criamos para os mesmos objetos, na mesma língua (ou não).
Seria um bom bate-papo, este, com Cecília. Ou talvez ela me achasse muito chato, cortando a conversa no início. Provavelmente é o que aconteceria. Ainda assim, eu gostaria de conversar com ela.
Richard Wagner - É conhecido o fato de que o famoso compositor criou uma segunda abertura de Tannhäuser para uns franceses imbecis que exigiam um balé ao final da mesma. Sim, isto transformou a abertura maravilhosa (conhecida como ‘versão de Dresden’) em uma infindável peça (conhecida como ‘versão de Paris’). Compartilho do mesmo sentimento do compositor.
Pois é.
Após um mês de ingresso comprado, na mão, eis que fui assistir a abertura desta ópera, em meio a outras apresentações executadas pela Filarmônica de Minas Gerais. Não que eu seja um assíduo frequentador de concertos (e nem sou bom em consertos), mas este teria a segunda parte toda ocupada com Wagner.
Após o intervalo - eu já estava ansioso - teríamos Wagner (preciso frisar que gosto de Richard Wagner?). Começou maravilhoso com Os Mestres Cantores de Nuremberg. Lá estava eu todo pimpão, feliz como uma criança. Aliás, desta ópera tenho o libreto (em português de Portugal).
Alegria da noite de sexta-feira após uma semana de trabalho? Parecia ser o resultado certo. Chegada a hora da abertura de Tannhäuser, achei que seria a de Dresden. Acompanhava cada passo da execução com a minha memória (anos e anos de bolachão no toca-discos, né?). Sei bem onde a coisa desanda (se for a versão de Paris) ou não (se for a de Dresden).
Quando chegou a hora do gran finale, adivinhe: claro que não houve. Era a versão de Paris. Poderia ser pior, eu sei. Bom, pelo menos ouvi trechos bons de Os Mestres Cantores. Não se pode ter tudo o que se quer nesta vida. Anos e anos de sala de aula já me ensinaram isto…mas não custa ser lembrado novamente.
Análise Econômica do Direito há 11 anos? - Conhecida mundialmente como Law & Economics (e denegrida por alguns), é um conjunto de modelos que nos permite formular melhor as leis, dentre outras vantagens. O manual Direito e Economia no Brasil, do qual tenho a alegria de ser um dos autores (eu e o prof. Ari Araujo Jr dividimos dois capítulos) já chegou à 5a edição neste ano de 2023.
Fui à estante e chequei: a primeira edição é de 2012. Ou seja, estamos há 11 anos no mercado. Será que ajudamos os acadêmicos do Direito e da Economia a pensar melhor? Já fui mais otimista. Os outros autores pensam (embora nem sempre falem) o mesmo? Não sei.
De todo modo, é importante manter viva a chama do conhecimento, da Ciência como busca da verdade e não esta militância de ver a aula como um espaço de disseminação de sua ideologia afim de criar uma revolução contra um sistema que você…nem entende direito embora queira transformá-lo. Não se transforma alguma coisa em algo melhor se você mal entende o que tem à frente (e não vou filosofar sobre isto).
p.s. só eu achei o livro caro?
Cursos - Fiz poucos cursos online. Uns três no Coursera e dois no Hotmart. Sobre estes dois últimos, recomendo ambos: Escrever com Clareza, do Pedro Sette-Câmara e o (em andamento) Seminário do Pensamento Marxista para Não-Marxistas, da Marize Schons. Aliás, neste último, farei uma pequena apresentação especial, em breve, doa a quem doer.
Nem-Nem - Até hoje não entendo bem o que causa isto. Nem-Nem são os jovens que não trabalham e nem estudam. Só sei que uma turma que trabalha e estuda levanta dados sobre os ‘nem-nem’ há algum tempo. O IMB (isso mesmo: Instituto Mauro Borges) acabou de publicar um estudo sobre o tema. Está aqui.
Robert Lucas - Um sensacional e didático resumo das principais idéias de Robert Lucas? Sim, o Guilherme Stein cometeu mais este ‘pecado’. Leia aqui.
ICE 2023 - O Índice de Cidades Empreendedoras já pode ser estudado como um painel? Bem, já são três edições feitas pela Enap, em parceria com a Endeavor. São sete edições ao todo. Claro há mudanças na amostra desde a primeira edição, mas, a se manter a continuidade, o ICE será uma boa fonte para estudos acadêmicos, dentre outros.
Empreendedorismo é algo cuja prática é mais disseminada do que se imagina. A despeito das definições técnicas - importantes para se medir o fenômeno - o empreendedorismo é parte da natureza humana.
Pois é, amigos. Ainda preciso ver o que fazer ao longo deste e dos próximos dias. Espero que fique bem e até a próxima quarta-feira.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.