Encrenqueiro - A viagem que não era (Dioguismo e Dioguismo Reverso) - Badé - Adalberto - Bancos Centrais - Lexum - Prêmio Danúbio de Literatura
Jamais alcançaremos o alvo?
O v(5), n(3) chegou e está triste com os incêndios na California. Também está triste com outras coisas. Talvez esteja feliz com umas tantas outras. Vai saber!
Encrenqueiro - Pense em um cara encrenqueiro. Este foi Kanji Ishiwara. Primeiro está diretamente envolvido no incidente que inicia a guerra com a China (que colocará o Japão na 2a Guerra Mundial). Depois vai discordar da estratégia que levou a Pear Harbor, implica com o exército (pois queria que o Japão, a Manchúria e a China fossem aliados para combater a URSS) e pede a cabeça do Primeiro-Ministro Tojo. A guerra acaba, ele vai a julgamento e pede que Truman fosse condenado por crimes de guerra e, para finalizar, diz que o comodoro Perry - aquele que abriu o Japão ao mundo lá no final do bakufu - deveria também ser punido.
O lado bom é que, em meio a japoneses que achavam que ganhariam batalhas apenas com seu idealismo, Ishiwara corretamente via a tecnologia como fator essencial.
Detalhes sobre ele aqui.
A viagem que não era (Dioguismo e Dioguismo Reverso) - Não era para ser, mas eu só soube disso…vamos começar de novo. Era noite de sábado e eu me despedi do Orlando e do Carlão prometendo dormir cedo porque tinha que entrar na aeronave às 7:30 do dia seguinte. Assim, abdiquei do karaokê e fiquei no hotel, não sem uma certa tristeza.
A ansiedade da viagem, como era esperado, atrapalhou meu sono. Dormi mal, acordando uma ou duas vezes pela madrugada, mas não perdi a hora. O motorista reservado chegou pontualmente e logo me despedi do porteiro da madrugada. Quinze minutos depois - um recorde, mas, veja, estamos falando das 6 da manhã de um domingo! - cheguei no aeroporto de Congonhas. Seguro de mim como nunca (na história deste país), subi até as barreiras eletrônicas que, agora, são as únicas autorizadas a lerem seu cartão de embarque. Humanos para quê? Só para ajudar um ou outro com dificuldades.
Cansado, mas feliz, aproximei o celular do aparelho. Nada de me liberar para a fila do raio-X. Tentei de novo. E de novo. E de novo. E de novo. É, eu era um dos caras com dificuldades…
O desespero começou a bater e pedi ajuda de uma funcionária que não tinha lá cara de bons humores. Primeiro ela me mandou aumentar o brilho do celular o que eu, nervoso, não sabia como fazer. Aliás, não mexo nisso nunca, como é que vou saber? Com minha insistência, ela me mandou consultar um colega mais novo, mais paciente e educado.
Não, não resolveu, leitor. Ele me instruiu a imprimir o cartão no guichê da companhia. Quem conhece o aeroporto de Congonhas sabe o quão distante é uma coisa da outra, mas assim foi feito em velocidade acima do normal para meus padrões sedentários.
Voltei com pressa (eu já mencionei meus padrões sedentários?) e subi pela escada nada rolante, aquela da ginástica que todos podemos fazer para a panturrilha sem ter que pagar uma academia para isto (experimente no seu prédio! Vale a pena, a não ser que você já tenha problemas para caminhar).
No fim da escada, o mesmo jovem me esperava (acho que não me esperava. Na verdade, não queria me ver nunca mais, mas eu existo e insisto, para a tristeza dele e de milhares de universitários brasileiros…). O rapaz não titubeou: eu teria que, mais uma vez, voltar ao guichê. Não havia um funcionário da companhia por ali, ele não podia fazer nada. Funcionários como ele apenas observam o fluxo, creio. Por que motivos deixam uns três ali, não sei. Como será o nome do ornitólogo para seres humanos? Deve existir um nome para isso (o
deve saber! Ele sempre sabe!), porque parece que é isso que eles fazem depois da instalação das leitoras eletrônicas. Não desprezo o serviço dos funcionários. Afinal, nunca se sabe quando um juiz ou um político pode passar por ali. Ou um traficante disfarçado de velhinho turista. O mundo anda mesmo muito perigoso, não? Olhos atentos podem salvar vidas, Claudio, dirão uns leitores. Talvez.Voltando ao tema, o leitor impaciente - não tão impaciente quanto eu começava a ficar, pode apostar - pode imaginar que eu parti para a briga ou algo assim. Na verdade, não. Estava ansioso? Sim, mas sabia que não era culpa do rapaz. Novamente no balcão da companhia reencontrei a senhora do guichê que me havia feito o obséquio de imprimir meu cartão. Ela foi ferina:
“- Olha, mas a viagem é amanhã. Eu pensei nisso quando o senhor veio da primeira vez...”
É, pensou, mas não me avisou. Foi bom para minha saúde. Fiz algum exercício. Em retrospecto, sim, o funcionário da Infraero (com seu uniforme que busca imitar o da segurança dos aeroportos norte-americanos), que fica ali para nos ajudar também poderia ter sido cuidadoso e visto a data errada. Teria me poupado algum exercício imprevisto na manhã daquele domingo.
Eu, claro, também poderia ter notado isto antes. Evidentemente, a culpa era minha (mas, em retrospecto, funcionários deveriam ter atenção maior, já que estão ali para auxiliar as pessoas…).
Preocupado, liguei para o hotel, mas eu havia feito a reserva corretamente. Bastava voltar e reocupar o quarto. É, eu ri muito da viagem que não era para ser. Ri já com o motorista voltando para o hotel. No dia seguinte, tudo ocorreu como programado pelos deuses das viagens. Final feliz.
Agora, se o leitor me permite uma breve digressão, apresento-lhe um amigo cujo nome verdadeiro omitirei. Chamá-lo-ei (Polzonoff, olha isso: mesóclise!!) de Diogo, um pseudônimo discreto e até simpático.
Diogo é famoso por se esquecer das coisas e dos compromissos. Já esqueceu o carro em estacionamentos, já esqueceu o visto para uma viagem internacional e percebeu isto já no aeroporto… enfim, há várias histórias dele fazendo coisas assim (e eu sempre faç…digo, fazia piadas com ele a respeito). Vou dar ao fenômeno, portanto, o nome de dioguismo (todos os direitos reservados).
Ocorre que descobri, com o episódio narrado, que pratico uma espécie de dioguismo reverso. Eu chego adiantado aos eventos (eu realmente faço isso), enquanto o Diogo quase perde os eventos. Somos duas faces da mesma moeda!
Nota técnica para este texto bem humorado (não leia se não conhece um pouco de séries de tempo, econometria ou estatística): quando estudamos séries de tempo - um campo da Estatística - aprendemos um operador que, nos livros de Engenharia é B (Backward) e, nos de Economia, L (Lag). Funciona assim: se você tem uma variável qualquer, digamos, x que varia no tempo, então, para fins de álgebra em algumas continhas que precisamos fazer para entendermos alguns fenômenos (e assustar alunos), o tal operador, aplicado a uma variável x no período t retorna o valor de x no período t-1. Parece estranho, mas serve para colocar as variáveis em evidência e facilitar as contas, acredite!
Assim, usando L, temos que Yt-1 = L*(Yt), em que “*” é o ‘símbolo moderno (internético e frenético)’ de multiplicação. Ocorre que este operador tem algumas propriedades matemáticas e uma delas é que se você o eleva a menos um (L^(-1)) e o aplica em Yt, ele retorna Yt+1. Resumindo tudo em uma única expressão:
Yt-k =(L^k)*(Yt)
No caso em que k = -1, então: Yt+k = (L^(-1))*Yt. Caso k = 1, então Yt-1 = (L)*Yt. O leitor pode brincar com k = 2, 3, 4,… ou, de forma similar, com k = -1, -2, -3, -4, …
(exemplo simples: (1-L-(L^2))Yt = Yt - Yt-1 - Yt-2. Como digo em lusogermânico, dialeto Shikídico: Saquihen Sie Sich, meus camaradinhas?)
Neste caso, o dioguismo é algo como L elevado a um número positivo e o dioguismo reverso equivale ao L elevado a um número negativo. Ok, piada sem graça, eu sei…mas eu queria deixar esta notinha para os mais chegados no assunto.
Badé - Badé escreveu um singelo textinho. Leia que você vai se sentir bem.
Adalberto - Adalberto também nos deu um conforto na alma. Sim, leia que é outra sensação boa a que o texto vai te despertar, similar à que o texto do Badé provoca nas almas mais (in)sensíveis como a minha.
Bancos Centrais - Eles são independentes? Descubra, com detalhes, aqui.
Prêmio Danúbio de Literatura - A Danúbio tem um anúncio que pode te interessar. Detalhes aqui.
Até mais ler, pessoal!
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Obrigado pela referência, Shikida, E "Outoniza-te com dignidade, meu velho."