Doutor Palhinha e o Assassino Invernal. Outros assuntos potencialmente explosivos.
Fui assassinar a família do Czar que no Itororó deixei.
Eis o v(3), n(7) e, com ele, a volta do Doutor Palhinha neste ano democrático, pacificado (e orwelliano?) de 2023. Divirta-se! Por enquanto, sem receitas de bolo.
Doutor Palhinha e o Assassino Invernal - Dr. Palhinha chegou à cena do crime ainda cedo, após um apressado pão com manteiga na padaria do Pipoca. O cadáver estava ali, deitado no chão, ao lado da mesa de jantar, com dois pares de polainas em sua boca. Por que alguém sufocaria uma pessoa? E por que polainas?
“- É o assassino invernal!”, diziam os colegas da delegacia. No mesmo mês, outras vítimas foram encontradas mortas com apetrechos de inverno. Um foi sufocado com luvas de couro (de forma similar ao cadáver daquela manhã). Outro foi encontrado enforcado com uma corda feita de blusas de frio e houve aquele caso do sujeito encontrado queimado em sua lareira.
Bem, pelo menos a dúvida sobre as polainas estava esclarecida. Dr. Palhinha tirou de seu bolso um charuto e, após alguns fósforos quebrados, conseguiu tirar do cancerígeno alguma fumaça e uma certa paz de espírito. Mal começou a refletir sobre os crimes quando o charuto saltou de sua boca. Era o inspetor-chefe da polícia civil, João Macarrão, que o cumprimentava com o (seu) tradicional tapa nas costas.
Conseguindo salvar o charuto, ainda no ar, nosso herói virou-se para cumprimentar o estabanado Macarrão.
“- Ó, Macarrão, cê quase me faz perder um cubano novinho!
- Tá pegando menino, é? Ha, ha, ha.
- Deixe de piada, Macarrão. Cê sabe que é um charuto.
- Um charuto nem sempre é só um charuto, Palhinha…
- Se ocê tá dizendo, cê que sabe como é!.”
O charuto do Dr. Palhinha ia se apagando aos poucos, enquanto os dois conversavam sobre os crimes e outros temas que causariam arrepio em muitos jovens de hoje, tão sensíveis a praticamente quaisquer temas. Os temas? Futebol, aposentadoria, sogras, piadas e, claro, crimes.
Ansioso por resolver o mistério, despediu-se de Macarrão e deu uma volta pela casa, buscando alguma pista perdida.
Ah sim, para quem não conhece nosso herói, ele surgiu da mente perturbada de um famoso escritor brasileiro, por volta de 2011. Como se sabe, usa de preconceitos e estereótipos para resolver os desafiadores mistérios que lhe são apresentados por alguns de seus fãs (eu, no caso, estou fazendo isto agora, caso você ainda não tenha notado).
Voltando ao caso…
“- Polainas, inverno…”.
O cérebro do genial Dr. Palhinha funcionava a todo vapor, enquanto acendia novamente seu charuto quebrando um palito de fósforo e gastando mais dois. Ainda bem que havia comprado uma caixa de fósforos na padaria do Pipoca que, aliás, vende charutos cubanos ‘informalmente’ aos clientes. Há boatos de que os charutos não sejam realmente cubanos, mas sim dominicanos ou taubateenses.
“- Polainas, luvas, blusas de frio…”.
Quem mataria de forma tão peculiar? Ainda mais no inverno? Dr. Palhinha começou a imaginar um assassino no verão, sufocando belas moças com parte de seus biquínis e, por alguns instantes, distraiu-se imaginando quem seriam as moças. Até este autor ficou um pouco perdido e quase derrubou a xícara de café.
Já havia dado quatro voltas pela casa quando teve o insight: o assassino certamente tinha asco das roupas que se usa no inverno. E quem é que não gosta do inverno? Não seriam as irmãs Makioka, vizinhas da vítima, já que, como dizia, japonês adora as estações do ano. Também não seria o geriatra do bairro, o doutor Jivago, porque, sabe como é, russo adora um inverno.
Foi quando a ficha caiu. Só podia ser a socialite da cidade, a condessa Baby Semsuelo. Carioca, metida a fisiculturista, Baby adorava desfilar com poucas roupas. Exibir suas curvas - concavidades e convexidades nos lugares certos - era um ritual diário para a condessa que, a cada semana, estava com um jovem rapaz diferente nas agitadas noites de Taubaté.
Chamou, pois, Macarrão e lhe ordenou que a prendessem o mais breve possível. Dito e feito: a condessa foi flagrada em casa, tentando enforcar sua vizinha de condomínio, a dona Suzane Vieira de Bragança com um casaco de peles. É que, não tendo o mesmo físico da condessa, adorava exibir as elegantes peças de sua coleção outono-inverno. Foi salva graças aos preconceitos e estereótipos do genial Dr. Palhinha.
Este foi o caso do(a) assassino(a) invernal.
O viés que você quer ver… - O Eli mostra tem um pessoal desonesto nas agências de notícias. Como dizem: fiquem sabendo.
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Extrema-esquerda brasileira - A extrema-esquerda brasileira parece querer normalizar o ataque a jornalistas (que, aliás, são, em sua grande maioria, de esquerda…há uma pesquisa séria sobre isto). Preocupante para parte da centro-esquerda, que sempre fez questão de dizer que teria seus extremistas sob controle.
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O curioso é que, enquanto a extrema-direita pareça preferir depredações, a extrema-esquerda parece curtir o assassinato de reputações. O uso da violência física é facilmente detectável, muito mais do que uma campanha de cancelamento (uma violência não-física, mas virtual). Um caso leva facilmente à prisão e, o outro, depende da interpretação legal do que seja a - vou chamá-la assim - ‘violência virtual’.
A escolha racional de qual estratégia usar para praticar os atos extremistas é algo que pode ser, aliás, estudado com um pouco de Teoria dos Jogos. Tempere com um pouco de estudos sobre terrorismo, economia do crime (há algumas semelhanças entre o crime organizado e grupos terroristas) e a economia do terrorismo e, pronto, você tem um bom material para a pesquisa!
Charter Cities - Fiz um pequeno resumo do que pesquisei ou li sobre o tema nos últimos tempos. Está aqui. Sigo achando que o medo da experimentação (que, curiosamente, não afeta quem gosta de mudar até a linguagem) que uma charter city promove tem mais causa em preconceitos ideológicos do que em preocupações supostamente éticas.
Óbvio, há um problema de economia política claro quando se pensa na implementação de um experimento como este em uma federação como a brasileira porque todos os políticos que não se beneficiam da criação de uma charter city em seu estado orientam suas respectivas bancadas para bloquear legislações e propostas neste sentido.
Uma coisa, já dizia James Buchanan, é a política romanceada que alguns parecem achar que existe. Outra é a política como ela é, cheia de políticos que maximizam seu próprio bem-estar, não um esotérico (e, até teoricamente improvável) ‘bem-estar social’ (quem conhece o paradoxo da (im)possibilidade de Kenneth Arrow sabe do que falo).
Por isto é que o tema é tão interessante e, ao mesmo tempo, de implementação tão difícil.
O que é Public Choice? - Prof. Alex Tabarrok dá a real para a galera (em inglês).
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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