Doutor Palhinha Com Tempo Para Viver Duas Vezes (em que o investigador encontra as personagens de "O Negócio" e efetua uma prisão). Outros despachos de pequena gala.
Blood in the Blue Ocean! Liberada a meia-entrada para todos!
Sim, sim, é o v(2), n(48) que acaba de chegar à sua caixa postal.
Doutor Palhinha Com Tempo Para Viver Duas Vezes - Em duas partes!
Parte 1 - Dr. Palhinha encontra Ariel Vidal
Foi numa manhã ensolarada de domingo que o doutor Palhinha (não conhece?) encontrou-se com Ariel Vidal, famoso cafetão da noite paulista. Não que o famoso detetive procurasse uma garota de programa. Nada disso, leitor. Tratava-se, claro, de uma investigação.
Na noite anterior, véspera do dia dos namorados, ocorrera um assassinato no estacionamento do Shopping Iguatemi. Foi encontrada sobre uma enorme poça de sangue (mais parecia um oceano vermelho), por volta das vinte e duas horas e dez minutos a senhorita Chiquinha de Santos Boaventura, editora de livros e famosa socialite.
Seu cadáver mostrava sinais de espancamento e perfurações morbidamente decoravam seu pescoço e peito. Em suas mãos, apenas a bolsa aberta, sem dinheiro ou cartões e um pequeno livro, uma biografia não-autorizada de um famoso cantor. A imagem era desoladora, principalmente para quem conhecia a extrovertida e generosa Chiquinha, famosa pelas festas e pela generosidade filantrópica.
Como seu tio era um antigo amigo do pai do nosso intrépido investigador, foi impossível - a despeito da preguiça e da ressaca - ao detetive recusar o pedido para que assumisse as investigações. Uma rápida conversa com o delegado Nivaldo, na 66a DP de São Paulo foi suficiente para que tivesse acesso a todas as informações que a polícia tinha sobre o caso.
Dito isto, voltemos aos protagonistas. Ao perceber que nosso investigador tirava cera do ouvido, Ariel protestou:
‘- Mas que é isso, doutor?
- Que é, seu Ariel?
- O senhor não me limpe as mãos na minha toalha, ahan?
- Imagina. Sei como é um judeu…
- E nem me venha com preconceito, hein?
- Longe de mim, seu Ariel.
- Gorda! Traz uma cerveja e dois copos!’
A cerveja não estava tão gelada, mas doutor Palhinha não pretendia beber tão cedo. Afinal, estava ali pela investigação. Ariel era um ótimo informante e conhecia algumas das amigas da vítima, Karin, Luna e Magali, integrantes de um clube muito reservado de garotas de programa.
‘- Seu Ariel, o senhor gosta de picolé de milho verde?
- Mas que porra é essa, seu Palhinha? Isso não é uma investigação?
- Calma, judeu. Estou apenas sendo agradável.
- Pergunta logo, ahn!
- Tá bão. Então, seu Ariel, o senhor conhece as meninas, né? Aquelas três, Karin, Luna e Magali. Alguma delas tinha problema com dona Chiquinha?
- Claro que não, seu funça!
- Não precisa ficar bravo, judeu. Eu sei que vocês, judeus, são tudo mão-de-vaca. Eu vou pagar a cerveja que o senhor pediu…
- Não é isso, é que estou muito ocupado. E deixe de preconceitos…
- E como é que dona Chiquinha conhecia três garotas de programa?’
A pergunta fez com que Ariel levasse as mãos à cabeça, demonstrando toda sua impaciência e desespero. Entretanto, como se tratava de um assassinato, resolveu contar o que sabia. E o que sabia Ariel?
Bem, sabia que, Chiquinha, entediada com a riqueza, pensava em se distrair fazendo programas e que, pesquisando um pouco entre seus amigos, descobriu que Karin, juntamente com Magali e Luna, eram donas de uma empresa que, dentre outras coisas, prestava treinamento para garotas de programa (mais detalhes sobre isto o leitor talvez encontre aqui, mas sugiro que deixe para ler após o final de nossa história).
Interessada, entrou em contato com Karin, marcou uma conversa entre ela e as três famosas garotas. No final, não se transformou a conversa em uma nova fase na vida sexual de Chiquinha. Karin a convenceu de que fazer programas não era algo que iria satisfazer sua busca por diversão. Ponderando e também tendo ouvido atentamente aos conselhos de Magali e Luna, Chiquinha optou por ser apenas uma financiadora do clube.
A despeito da grande quantidade de informações, doutor Palhinha anotava tudo de forma muito lenta em sua surrada caderneta. Ou pelo menos assim o percebia Ariel que se exasperava.
‘- E então, seu Palhinha? Tô liberado? A cerveja é por minha conta.
- Sim, judeu. Muito obrigado. E vejo que o senhor não pode ser um suspeito. É muito mão-de-vaca para ir ao Shopping Iguatemi.
- Ó, que revelação, o senhor é brilhante…, respondeu Ariel.
Doutor Palhinha ignorou o sarcasmo. Antes de partir, ainda perguntou sobre o círculo de pessoas em torno das três garotas de programa, sobre sua empresa, a Oceano Azul e sobre alguns clientes e detalhes do clube que o trio acabara de abrir.
Ariel se irritou bastante quando ele lhe perguntou não sobre vinhos, mas sobre se não haveria, na adega, uma cachaça taubateense. Foi quando o investigador percebeu que era melhor ir embora.
O caso lhe parecia, ainda, sem solução. Foi então que se lembrou de ler nesta newsletter sobre a médium transsexual, Flora Sussekind Heliodora, aquela que só incorpora pensadores conservadores. Uma lembrança, convenhamos, leitor, muito conveniente para ele e para mim.
<intervalo para o café, música ambiente: Kenny G>
Parte 2 - Gran Finale!
A senhora Chiquinha podia até ser amiga de três garotas de programa, ponderou o doutor Palhinha, mas ainda era uma conservadora. Seu estilo de vida relativamente calmo, sua vida de socialite na qual não existiam escândalos e o próprio fato de não ser assediada por paparazzis eram bons indícios de que, sim, ela seria uma conservadora. Esta era sua aposta. Tendo encontrado o endereço da médium e se apresentou para uma sessão. Seria, pensou, sua última cartada neste caso insolúvel.
‘- Boa tarde, sou o doutor Palhinha.
- Boa tarde. O que posso fazer pelo senhor?
- É que precisava falar com uma senhora que foi assassinad…
- Ah, antes que me esqueça, tenho que lhe avisar que só incorporo conservadores.
- Sim, eu sei, li na newsletter do tal Shikida.
- Ele não é muito bom no uso das palavras, por isso sempre reforço este alerta. Posso, contudo, fazer uma tentativa para o senhor.
- Seria muito bom. Ah, vocês, viados, são sempre pessoas simpáticas…
- Trans. Trans.
- É, isso.
- Tá perdoado, doutor Palhinha. Sei que investiga usando preconceitos e estereótipos...mas vamos lá.’
Flora apagou as luzes da sala e se concentrou com a foto de Chiquinha no jornal que o doutor Palhinha lhe entregara. Após alguns minutos de silêncio, nosso investigador é quem começava a mostrar sinais de impaciência. Foi então que a voz de Chiquinha veio por meio de Flora (sim, ela era uma conservadora, after all).
‘- Sou eu, Chiquinha. Quem deseja?
- Boa tarde. Doutor Palhinha, seu criado…
- Creio que não o conheço…
- Sou o investigador encarregado de seu assassinato.
- Ah, aquilo…entendo. Não é algo que me agrade recordar, sabe?
- Então, a senhora se importaria de me responder…
- Já sei, já sei, sim, claro. Desde que não sejam muitas perguntas.
- Certo. Olha, dona Chiquinha, a senhora viu seu algoz na hora do crime?
- Vi, doutor, mas ele estava mascarado.
- Entendo…e a voz?
- Não, não me record…ah, sim, era uma voz de mulher. Mas não de uma conhecida…
- Entendo…algo mais?
- Ela falou algo, não me lembro bem, mas era algo em bom português. Lembro-me de uma estranha sensação... ao mesmo em que sentia medo, a melodia, a cadência de seu discurso diabólico soavam-me muito agradáveis, como um canto de pássaros, algo que, o senhor vê, não combinava com a situação…
- Hum, entendo, interessante. Olha, a senhora ajudou muito, dona Chiquinha.
- Tudo certo, senhor investigador? Jura? Posso mesmo ir? É que tenho um chá com bolachas com Gustavo Corção em instantes e, mais tarde, tem festa do pijama na casa do Burke.
- Aproveite bem, dona Chiquinha. A senhora está liberada. Obrigado!’
Tendo agradecido e pago à médium (e ainda lhe deu uma gorda gorjeta!), sentou-se em um banco da praça e reorganizou as anotações. Agora sim, ele tinha a solução do caso em mãos.
Horas depois, levava para a delegacia a poetisa Letícia. Sim, Letícia, antiga estagiária e ‘namorada ocasional’ (it’s complicated) do advogado Zanini, amigo das garotas. O leitor pode estar surpreso e confuso. Afinal, que diabos de personagem é esta que nem havia aparecido antes?
É que havia um segredo. Algo que sequer ocorrera aos criadores desta intrigante personagem. Nem mesmo eles sabiam que Letícia era destas advogadas que acha que certos elementos da sociedade não devem ter sua bela vida social investigada seriamente. Fazia parte de uma facção do Direito brasileiro que se vendia como defensora da dignidade humana quando, na verdade, apenas preservava os privilégios de alguns clientes ricos cujo verdadeiro estilo de vida não era nada compatível com a reputação que insinuavam ter.
‘- Apenas poetisas com formação em Direito são capazes de esfaquear alguém por causa de uma biografia não-autorizada, né, dona Letícia? Vocês são todos iguais. Poetas, sempre dados a exageros dramáticos. Quando usam do Direito então, ihhh, nem comento, vocês ficam muito arrogantes...
- Por que não as garotas ou o Ariel? Como descobriu??
- Simples. Prostitutas e cafetões não saem matando investidor. Querem é dinheiro. E não estão nem aí para biografias não-autorizadas…
- E eu teria conseguido se não fosse por você, seu investigador preconceituoso enxerido!
- Fica quieta e entra no camburão, sua poetisa psicopata. Fim da linha para você. Vai escrever poesia na parede da sua cela! Ó a voz de prisão, ó: teje presa, patife!
- Você vai se arrepender! Sua biografia não-autorizada, doutor Palhinha, jamais será publicada! Eu não permitirei!
- Tá baum.’
Enquanto o som da sirene diminuía com a distância, do outro lado da rua, de forma discreta, uma figura maligna observava tudo.
FIM (?)
Dados não tão abertos assim - Os dados estão disponíveis, basta pedir ao autor...não, não basta.
This Greek is on fire - A tecnologia militar bizantina não era algo para se jogar fora.
Distribuição Intertemporal de Mulheres - Um trecho da última news do Alexandre Soares Silva: Crianças bonitas têm acesso ao corpo das mulheres, é uma das felicidades da infância para os meninos que já gostam das mulheres bonitas...
Quando nasci, contaram-me, era só eu de menino no berçário. Nunca estive deitado com tantas mulheres no mesmo quarto e sempre fiz a piada de que Deus foi muito irônico comigo, fazendo com que a distribuição estatística de mulheres na cama, em um mesmo quarto que eu, fosse fortemente assimétrica à direita (right skewed).
Deus é irônico, mas tudo bem.
OCP e Skynet - Tá, não é o que acontece neste vídeo do Gico, que retoma o crossover entre Robocop e o Exterminador do Futuro publicado por aqui há muito tempo. Mas eu fiquei pensando em como seria uma empresa resultante da fusão da OCP com a tecnologia da Skynet. O que produziria?
Um Robocop alimentado com uma máquina de cápsulas de café incorporada seria uma boa idéia. Ou talvez um BOPE compostos apenas de policiais cibernéticos inspirados no modelo T-800 (e com máquina de cápsulas de café incorporada).
Não sei. Estou meio sem criatividade agora. Talvez eu precise de um café…
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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