Disruptivo, fora da caixa, radical e racionalmente...irracional
Deu a louca no gerente! Who let the reptilians out! (Who! Who! Who! Who!)
Neste quinto número do primeiro volume desta newsletter falo de dois livros que li, já há algum tempo.
Radical, véi - Radicalizar não é só um verbo. Tornou-se um conceito importante que ganhou visibilidade com o terrorismo do início do século 21. Para Smolensko e McCauley [Radicalization to Terrorism: What Everyone Needs to Know], radicalização é (tradução ao pé da letra): “(…) um processo pelo qual indivíduos, grupos ou mesmo grandes públicos aceitam, progressivalmente, usar a violência por uma causa”. [no original: Radicalization is a process by which individuals, groups, or even large publics become increasingly accepting of violence for a cause. ]
A despeito da definição técnica, fato é que vivemos em um mundo onde “ser radical” tem este caráter ambíguo que todos adoram explorar em piadas ou provocações. Outras similares: “ser disruptivo” e “pensar fora da caixa”. Afinal, um terraplanista pensa fora da caixa da ciência atual (assim como Darwin pensou, em sua época) e um defensor das quotas raciais é tão disruptivo quanto um neonazista. A moral da história é: não coloque um post it de moralidade em conceitos. Óbvio, não? Mas, por que insistimos nos rótulos?
Eis uma (ou a melhor?) explicação: a irracionalidade racional. O conceito foi desenvolvido por Bryan Caplan e, basicamente, diz que existe um mercado para a irracionalidade. Esotérico? Pense no seguinte exemplo: você acredita que o governo dos EUA é comandado por reptilianos.
Agora, imagine dois diferentes sujeitos carregando um cartaz com os dizeres: os reptilianos tinham razão: um analista de fundos de investimento e um estudante do ensino médio. Ainda que ambos acreditem sinceramente no poder dos reptilianos, provavelmente é o analista que perderá clientes (e, portanto, receita). O estudante é só um moleque em fase de crescimento.
Como se vê, a demanda por irracionalidade tem um preço subjetivo e, sim, quanto menos caro é expressar uma crença destas, mais você o fará. Mas um mercado não vive apenas de compradores e a pergunta é: a quem interessaria ofertar irracionalidades?
Políticos, claro. Um político anti-mercado tentará difundir a crença de que o empreendedorismo se baseia na exploração, que o comércio é um jogo de soma-zero e outras mentiras similares (eu e meus co-autores fizemos um pequeno estudo usando este conceito, há algum tempo). Assim, pensar fora da caixa acaba sendo vendido por políticos radicais de todos os lados do espectro político.
Você já deve ter notado como certas pessoas sinalizam (o-que-entendem-por) virtudes em redes sociais com as crenças (ou “virtudes”) as mais tresloucadas. Voltando ao livro, o ponto importante é perceber que a radicalização é um processo que pode levar ao terrorismo, mas não se trata de regra de ferro. Há aqueles que conseguem canalizar seu radicalismo para causas nobres dentro das regras do jogo da civilização.
Nostradâmicas - (Re)encontrei a The Wired World in 2020 que comprei em dezembro (figura acima), em algum aeroporto. Dos dez tópicos, nenhum falava de epidemias ou pandemias. No de saúde, contudo, falava-se em: AI drug design, the end of old age, health-monitoring environments, your cells as therapy, the cancer genome como tendências. O otimismo do editorial era contagiante (pun clearly intended). Seu título: 2020: the year of positive change. Bem, nem tanto assim.
Filmes que ninguém (menos eu) quer ver - duas indicações: Iron Sky e Iron Sky: The Coming Race. Já que o tema são nazistas do outro lado da Lua ou reptilianos no comando das nações, então procure por estes dois maravilhosos (para mim, não necessariamente para “a crítica”) filmes!
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