Calabouço Fiscal - Populismo - Cecília Meireles e a arte de não fazer nada - Outros.
Nada, absolutamente nada. E o senhor?
Este é o v(3), n(27) da newsletter que insiste em chegar à sua caixa postal (ou algo assim) nesta manhã de sábado.
Calabouço Fiscal - Alguém, no Twitter, soltou esta para falar do suposto (e realmente é mais suposto do que usualmente eu suponho que seja) ‘arcabouço fiscal’ que o ministro, após quase 100 dias, disse estar pronto, mas, na verdade, eram só alguns slides. Fez bem o BCB em não baixar os juros. Teria sido um erro grotesco. Quando se fala de poder de compra da moeda, é sempre bom desconfiar.
Algumas reações? Mesmo simpatizantes (até alguns meses, pelo menos) da nova administração mostraram algum desapontamento. Motivos? Alguns são estes.
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Mais observações? Temos.
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O pessoal também estranhou - e realmente é estranho - que no powerpoint (que até agora é o que todos chamam de ‘arcabouço’ fiscal, já que não foi apresentado um documento técnico), alguns anos importantes para as contas públicas tenham sumido.
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Só falei dos slides, não é? Então, aí vão mais alguns, um pouco mais detalhados. A dupla de Marcos mandou muito bem neste.
A política fiscal deveria ser anticíclica? “Dudu” responde.
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Só que ele não disse se o suposto arcabouço proposto é anticíclico. Já o Instituto Millenium destacou a falta de clareza (ou mesmo a inconsistência das expectativas do powerpoint apresentado com as do próprio governo.
Já aprendemos, dos anos 70 e 80, que dar uma de espertinho e tentar enganar a sociedade com expectativas de inflação (ou qualquer outra) otimistas quando o cenário não as favorece não funciona. Como dizem por aí, ‘é só estudar a história’.
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Também tivemos um texto mais técnico, de Felipe Camargo, divulgado por Ellery.
Concluo: o balão de ensaio do governo - a divulgação de slides de um powerpoint como se isto fosse o ‘arcabouço’ fiscal, sem maiores detalhes, fez com pessoas responsáveis e com vasto conhecimento técnico trabalhassem de graça (para o governo, digo) analisando as fraquezas do que parece ser a proposta do governo.
O que o ministério não apresentou - um documento detalhado, com a proposta (a turma dos dados abertos bem poderia pedir ao governo pelas planilhas usadas nas simulações, não é?) - que pudesse ser analisado pode, agora, ser construído com mais rigor usando o feedback dos economistas ditos ‘ortodoxos’ que usam os livros de economia supostamente ultrapassados em seus estudos.
A heterodoxia termina quando começa o exercício matemático. Aí, sempre, pede-se ajuda para o amiguinho ortodoxo. É a história da economia no Brasil…
Populismo - Achei o antigo - e didático - vídeo de Olavo Rocha sobre salário mínimo. Aprender Economia com vídeos é algo que este falecido pioneiro fazia lá no início do século 21. Este foi um dos primeiros dele que assisti. Bons tempos…
Cecília Meireles e arte de não fazer nada- Perguntei ao ChatGPT sobre os motivos pelos quais deveríamos ler Cecília Meireles. A resposta foi um amontoado de razões que parecia saído de uma prova de português (‘comprometimento social’, sensibilidade poética, valor histórico, etc.). Em nenhum momento a IA me disse algo como: ler Cecília Meireles é prazeroso.
É verdade que minha opinião não precisa ser a dos outros, mas eu esperava que a IA tentasse uma resposta de quem leu e gostou. Acho que esperei ‘humanidade’ demais da IA, neste caso. É verdade, ela é boa para responder provas de memorização (como a do Enem). Já para uma conversa, ainda não é tão boa.
Eis um motivo para se ler a poetisa: em seu A arte de não fazer nada (incluído, por exemplo, na coletânea O que se diz e o que se entende, Cecília nos lembra que não é que não façamos nada, apenas que fazemos coisas que nos interessam mais que ao mundo.
Para mim, esta é uma ótima definição. Afinal, aos olhos de quem não se interessa, realmente parece que não fazemos nada. É como aquela aluna que passa a aula inteira se divertindo no laptop. Ou aquele aluno que só olha para seu telefone. Para eles, a minha aula é o nada que faço, a cada vez que os encontro nos rígidos horários de aula.
Toshiro Mifune - Toshiro Mifune pensando no final de semana passando para te dar um bom dia.
Infalibidade Papal - O que o Papa entende de legislação brasileira? Será que entende mais do que Ives Gandra entende de religião?
Bom final de semana.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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