Caiu - Sowell e o Mestre dos Mares - AIC - Míriam Leilão - Friedman errou - Nikkeis
Luke, eu sou seu pai! Larga este joguinho e vá estudar!
Eis o v(4), n(24) desta newsletter metida a periódico com (v)olume e (n)úmero. Fazer o quê? O autor é meio doido das idéias (com acento!).
Caiu - Fernando caiu em si. Ou na real. Ou no buraco. Tanto faz, leitor. Ele cai sempre. Ou cai no golpe da “pobre” namorada - que lhe raspa os bolsos - ou cai no papo de que “é só estudar tudo no último dia”. Fernando é, pois, um caído. Talvez até seja um anjo caído, mas acho que não…não…aí seria demais e Fernando é ingênuo demais para ser um demônio.
O dia dos namorados chegou e Fernando caiu no papo dos vendedores. Saiu comprando chocolate, flores, urso de pelúcia e até vinho. Tudo porque achou que Zelda iria finalmente aceitar seus insistentes convites para um jantar em sua casa. “Eu cozinho, prometo”, dizia Fernando para uma sorridente, mas cautelosa Zelda.
As negociações foram moderadamente tensas pois Zelda morria de medo de ficar sozinho com Fernando. Achava que ele iria disparar a falar sobre Elvis Presley. Ou sobre os Beatles. Ou sobre os Rolling Stones. É, Fernando era um destes saudosistas do rock, digamos assim, raiz. Tudo bem, claro. Exceto que Zelda não conseguia conversar sobre nenhum assunto por mais de 5 minutos. Deu 5 minutos e 1 segundo? Dá-lhe Zelda no TikTok vendo vídeos e ignorando o mundo exterior. Foi assaltada uma vez assim. Ficou seminua com o celular e teve o apartamento esvaziado pelos criminosos. Zelda é uma mulher moderna, com tudo de bom e ruim que isto significa…
Fernando queria mesmo era cair nas graças de Zelda - como já ficou claro, né? - mas tinha que propor algo a ela que competisse com os aplicativos para celulares. O jantar elaborado não era uma boa estratégia. Pensou rápido e propôs:
“- Zelda, vamos assistir comerciais dos anos 90 juntos?
- Fernando…bem…
- Não duram mais que 3 minutos, prometo!
- No dia dos namorados?
- São comerciais de namorados! Os melhores! Você nunca terá visto nada igual, eles…
- Tá, Fernando. Tá bom, eu janto com você, mas tem que ser algo rápido.
- Eu tenho pipocas de microondas!
- Hum, é, pode ser…
- Claro que você pode beber o que quiser. Tenho vinho, cerveja, água, sucos…
- Ok, Fernando. Ó, mas não quero ficar entediada, hein?”
Fernando e Zelda trabalhavam juntos na mesma repartição. Conheceram-se numa destas reuniões modorrentas sem pé, nem cabeça (digo, a pauta não tem pé, nem cabeça, mas você, por óbvio, entendeu!). Fernando, mais velho uns quinze anos, apaixonou-se quando Zelda propôs uma nova tarefa para o plano de trabalho híbrido. Eu sei, Fernando tem gostos estranhos.
Talvez eu esteja enganado. Talvez Fernando tenha se apaixonado mesmo pela nuca branca de Zelda combinando com aqueles cabelos loiros curtos decorados com um arquinho de plástico marrom como há muito não se vê (e não só em repartições. Os tempos mudaram e você está velho! Ahá! Eu te peguei!). Os movimentos que ali fazia, com os braços e mãos, somados à proposta mencionada dispararam algo no coração de Fernando que, flechado pelo cupido, não deixaria nunca de tentar estar sempre junto de Zelda.
Eu falei que Zelda era mais nova do que Fernando uns quinze anos? Sim, falei (Se você não se lembra, bem, olha, a demência…). Daí que a moça já é desta geração em que a pessoa não consegue ler mais de três linhas sem se sentir exausta, deprimida, cansada e sem forças para combater o mal infinito que é a vida (notadamente a adulta). Antes que você se desespere, Zelda não é tão perdida assim. Os pais lhe educaram bem e os mestres lhe ensinaram bem, ainda em uma época em que o currículo escolar primava pelo conhecimento, não pela lacração (e os mestres, bem, eram mestres).
Era, pois, Zelda, uma perfeita combinação de tempo e espaço (e curvas, ah, as curvas…) para Fernando, recém-saído de um casamento disfuncional…em que havia caído (besta que era!), mas isto é caso para outro dia.
Fernando e Zelda, Zelda e Fernando. Que dupla! Uma das maiores alegrias de Fernando era almoçar com ela na padaria ao lado do trabalho. Um homem apaixonado é uma criatura distinta, leitor(a), mas você já leu isto em algum livro de auto-ajuda (ou porque, sei lá, Pablo Neruda disse isto no meio de um livro. Ou terá sido Octávio Paz? Shakespeare? Ah, sei lá…).
O apaixonado - ou “o caidinho” - Fernando finalmente havia conseguido descolar um breve jantar com Zelda, a moça da Geração Y/2 (ou 2*Z). Um encontro à moda atual: breve, sem muita conversa, com vídeos curtos. Talvez, com sorte, ele ainda iria roubar-lhe um beijo. Pelo menos era nisto que ele acreditava…
Chegada a hora do rápido encontro, a campainha tocou e Fernando, elegantemente trajado como se estivesse em um filme de James Bond dos anos 70, abriu a porta deparando-se com Zelda vestida e maquiada para uma sessão de cinema no Ritz (existe o Ritz ainda? Acho que não…). Olharam-se com aquela cumplicidade que a goiabada tem com o queijo minas e, com um planejado-ensaiado pequeno tropeço, caiu Zelda nos braços de Fernando que, caidinho que é, desta feita, apoiou-se na porta e o desejado beijo marcou o início do insólito dia dos namorados deste casal improvável. Lentamente caíram ao chão, rindo muito.
Obs: nenhum Fernando, Zelda ou outro casal improvável foi ferido ou morto durante a confecção deste texto. Palavras meramente ilustrativas. Pilhas vendidas separadamente. Não comer o texto.
Sowell e o Mestre dos Mares - Um dos textos mais longos e interessantes que o Stein já escreveu. Óbvio que você deveria assinar a newsletter dele.
AIC - Ação Indireta de Constitucionalidade. Dissertem!
Míriam Leilão - É a porta-voz oficial do governo para assuntos econômicos com leilões vencidos por empresas exóticas. No mundo da fantasia, claro.
Friedman errou - Bryan Caplan explica o erro de Milton Friedman.
Nikkeis - Dia 18 de junho é o dia em que se comemora, oficialmente, a imigração nipônica no Brasil. Dia 20 de junho, para minha alegria, é o dia internacional do Nikkei. Quem diria!
Pois que as festividades comecem! Dias 22 e 23 teremos o Gueinosai no Bunkyo, lá na Liberdade. Estão todos convidados, claro! Destaco algumas apresentações:
Na categoria de música clássica, o principal destaque é a Associação Brasileira de Música Clássica que reúne os mestres de koto, shamisen e shakuhachi. No Gueinosai, além da rara oportunidade de reunir esses professores, também alguns alunos são convidados para essa audição coletiva dedicada à interpretação das tradicionais composições japonesas. Destaque ainda para a Associação Kyodo Minyo do Brasil dedicada à música folclórica.
Ainda, no item da música, é interessante ressaltar a presença de conjuntos formados por determinados instrumentos, cantores e dançarinos. Temos o grupo Min (dedicado ao minyo – músicas folclóricas), Kaito Shamidaiko (shamisen e taiko), Grupo Miwa de Koto / Projeto Sankyu / Shakuhachi Matsuda e o Grupo Utagoe Suzuki (Suzuki Utague) / Hanayagui Ryuju / Buyo Yoshiko.
Temos ainda, o espaço dedicado às pulsantes batidas do taiko com os grupos Tange Setsuko Taiko, Ikkon São Paullo Taiko Dojo, Mika Youtien / Mika Taiko e Ryukyu Koku Matsuri Daiko.
A Kyoudo Minyou (Kyodo Minyo) estará lá, como podem ver.
Em comemoração, alguns vídeos com músicas folclóricas.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Feliz dia internacional dos Nikkei, Cláudio :)