Bananére nas Estrelas - Joana Sussekind Heliodora na Conservatorium - Nazistas em suas férias - Charter Cities e afins - Ambientalismo sério - Gueinosai - Governo - O caminho do chá - Selmocast.
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Bananére nas Estrelas - Gostei da brincadeira e lancei a prévia do meu spin-off do Juó Bananére no universo de Guerra nas Estrelas. Ok, não é uma prévia, nem tem spin-off, mas você entendeu.
Joana Sussekind Heliodora na Conservatorium - Lembram dela? A transexual médium que só incorpora conservadores? Achei que merecia um novo texto. Bem, aí está.
Era mais um dia de semana comum na Livraria Conservatorium e Gustavo (vamos chamá-lo assim para preservar sua verdadeira identidade) tirava a poeira de uma estante enquanto pensava em onde penduraria sua bandeira de Taiwan. Entre os livros de Gilberto Freyre e os de Oliveira Lima? Ou sobre os de história do comunismo? Provocativamente sobre os livros sobre Mao Tse Tung (Mao Zedong?)
De sua máquina de café ainda escapava o aroma de um expresso que ele acabara de servir, há uns dez minutos a um cliente. Na TV, mais um filme russo dos anos 60 (o pessoal já começava a suspeitar que ele fosse um agente soviético infiltrado…). Uma pilha de livros novos o aguardava no fundo da loja e através do plástico via-se que eram de contos portugueses.
Antes que Gustavo pensasse sobre Camões e afins, a porta foi aberta e eis que entrou na livraria uma cliente nunca antes vista por aquelas bandas. Gustavo, cortês que é, correu para dar-lhe as boas-vindas.
“- Olá, como vai? Bem-vinda, senhora…
- Joana. Joana Sussekind Heliodora.
- Gustavo, ao seu dispor.”
Encantado com os bons modos da moça, Gustavo sentiu que havia algo diferente ali. Sentiu, mas não soube porque não assina esta newsletter desde, sei lá, 2022. Nem andou por aqui pesquisando textos. Quem poderia culpá-lo? Nem eu, que sou o autor, faço isto!
Voltando ao nosso conto, que o tempo urge (e tempo é dinheiro), Gustavo apresentou a livraria à simpática moça quea até se demorou bastante sobre os livros de filosofia conservadora.
“- Vejo que a senhora tem bom gosto.
- Obrigada, seu Gustavo. É que…Opus Dei, Trinit…quosque tandem, Corção…Baruch Spinoza…”
Gustavo estranhou porque até a voz de Joana mudou, ficou mais grossa, e ela começou a falar em línguas estranhas, algo como um sumério ou um aramaico arcaico (sic) que, do nada, mas do nada mesmo, do nadinha, alternava para latim medieval, dialetos celta, carioquês e assim por diante. Durou uns poucos segundos e, então, ela lentamente se curvou, como se fosse desmaiar. Com a ajuda providencial do desesperado Gustavo, sentou-se em um banco.
“- A senhora é mãe de santo?
- Mãe e pai.
- Heim?
- É que sou trans, seu Gustavo e, não, não sou da umbanda, mas recebo espíritos.
- Qualquer espírito? Trans?
- Calma. Não, não é qualquer espírito. Só espírito conservador. Eles me escolheram ou eu os escolhi. Ou nós nos escolhemos, não sei. Ah, sim, sim, sou trans, seu Gustavo. Não notou?
- Não.
- Obrigada.”
Servido um café, Joana se recompôs, mas começou a falar em inglês. Gustavo reconheceu algumas frases.
“- É Burke!
- Yes, Burke. Who the hell are you?
- Me? I am Gustavo. Gus.ta.vo.
- Oh, ok, Gustaff. Nice to meet you. Could I order a cup of coffee?
- Oh, claro, I mean, sure!”
Não durou muito e Joana estava de volta. Gustavo ficou excitadíssimo com a situação e lhe serviu um novo café. “Os dois por conta da casa!”, ele disse, feliz de ter falado com Edmund Burke por alguns segundos.
Joana voltou à estante e comprou um livro sobre Olavo de Carvalho. Gustavo a acompanhou até a porta e lhe contou do incidente da pichação de vândalos, que o acusaram de fascista.
“- Que horror, seu Gustavo. Tem muita gente preconceituosa, tem gente má e, acima de tudo, como tem gente burra neste mundão de meu Deus!
- Nem me fale, Joana. Ah, não me chame de ‘seu Gustavo’. Só Gustavo para a senhora.
- Senhorita, Gustavo. Senhorita. E obrigado pelo café e pelo papo. Ainda voltarei aqui.
- Será um prazer, senhorita Joana!”
Joana partiu. O cheiro do café ainda alegrava os livros e Gustavo voltou para o balcão pensando em como a vida pode, realmente, ser misteriosa. O telefone tocou e ele disse à esposa que levaria, sim, dois pães franceses e um pote de margarina para casa.
FIM(?)
Nazistas em suas férias - Propaganda nazista buscando atrair turistas? Sim.
Charter Cities e afins - Utopias? Talvez. Uma longa conversa sobre o tema no Ipê Cast.
Ambientalismo sério - Não, não é ecoterrorismo (como jogar tinta ou sopa em obras de arte). É uma conversa adulta, para quem realmente se interessa pelo tema. Está aqui. Aliás, Bjorn Lomborg também é uma boa referência.
Gueinosai - Estive em São Paulo como parte da representação da Associação Kyoudo Minyou (Kyodo Minyo, para quem quer falar errado) do Brasil que se apresentou no sábado, dia 22 de junho (aqui). Missão dada, missão cumprida (um pouco gripado, digo, com sinusite, mas cumprida. Cumpridíssima!).
Governo - Uma coisa é o gasto em consumo do governo (salários e afins). Outra é o investimento do governo. Os autores deste artigo, Carlos Filho e Marcelo Portugal, encontram que o investimento governamental pode ser complementar ao investimento privado em alguns casos.
O caminho do chá - Ok, tem uma propaganda da loja de chás da autora no final (que eu, sinceramente, não esperava, mas, por sua vez, não me desagradou, muito antes pelo contrário), mas é um belíssimo texto sobre o chá. Até eu que não sou tão chegado em chá fiquei emocionado. Emocione-se você também.
Selmocast - O último foi com o Gustavo, da livraria Conservatorium.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.