Ataque ao Democracia. Você nunca veio. Breve Recado de Juó Bananére. Chuchu ou Jack? Mais uns poucos penduricalhos.
Na vida, quando uma porta se fecha...faça uma limonada...não...peraí...
Ciranda, cirandinha, vamos todos cirandar. Vamos dar a meia volta, volta e meia vamos dar (ou vamos sem dar mesmo).
Ou vamos só ler e conversar com o v(2), n(62). Você é quem sabe. Devido a um certo acúmulo de bílis no fígado (é, posso estar com raiva) ou devido ao acúmulo de tarefas na minha mesa (é, posso estar com raiva), eis que adianto, excepcionalmente, o envio desta aos assinantes (que, possivelmente ficarão com raiva de mim).
Espero que gostem e, tudo correndo bem, a gente se reencontra no sábado, ok?
Ataque ao Democracia - O clássico do bairro era a partida dos garotos contra os do bairro fronteiriço da cidade vizinha. Era uma partida anual, com ares de decisão de Copa do Mundo. Os uniformes dos dois times eram feitos artesanalmente, pelos pais, o que gerava uma deliciosa irregularidade nas cores, números ou mesmo patrocínios (sim, alguns pais eram do comércio).
O local do embate era um campinho que ficava atrás da igreja da cidade, o que sempre apavorou o padre Benedito, cioso de seus vitrais que, ainda que pouco valiosos, eram-lhe muito queridos pois haviam sido confeccionados por seu irmão, no Ceará, e trazidos nos anos 80, de caminhão, até o interior de São Paulo (nossas cidades imaginárias ficam lá, eu já mencionei?).
Em eventos como este, os orgulhosos pais enchiam as arquibancadas. A rivalidade saudável entre as cidades se refletia em seus gritos de guerra, sempre no limite da ofensa. Não por acaso, um ou outro, mais exaltado, quase sempre provocava algum incidente isolado.
Contudo, como o comércio entre as cidades era a principal fonte de renda dos locais, a turma do deixa-disso logo dava um jeito de conter as almas mais belicosas (e o padre Benedito sempre se apressava para aplicar-lhes um duro sermão, em companhia do pastor Josué, da cidade vizinha). Amém.
O evento era, para muitos meninos, a sensação do ano. Primeiro porque, claro, existiam as torcedoras, as desejadas futuras namoradas. Em segundo lugar, a honra da cidade, ostentada pelos pais, uniformes, bandeiras e gritos de guerra sempre foram motivações humanas. Em terceiro, o fato é que a garotada gosta de um futebol no domingo após a missa. Confessa-se, celebra-se a paz e, em seguida, parte-se para a disputa esportiva. É quase uma quermesse, mas com final de Copa. O que poderia ser melhor?
Não à toa, a final deste ano seria especial para o ‘Democracia’, conhecido zagueiro local, que ganhara este apelido por ser o menos pior dos jogadores do time. A derrota por goleada do ano anterior (Visitantes 7 x 0 Time da Casa) tinha, em seus erros individuais, aos menos 4 dos 7 tentos dos rivais (e poucos iriam culpar o padre Benedito que, apesar de bom nos sermões, não era lá muito habilidoso como técnico…).
O vexame deixou Democracia muito chateado e ele passou o ano tentando corrigir seus erros e vícios. Fazia treinamentos no recreio, sempre à vista de todos, evitando as maldosas fofocas de que seu treino não era transparente, na tentativa de exibir sua (para ele grande, embora, na prática, tímida) evolução.
‘- Pois! Desaforo! Este povo é que não sabe o que quer!’
Democracia treinou bastante e, agora, estava pronto para o jogo decisivo. Pelo menos era nisso que acreditava. Junto com os companheiros saudou a torcida local tentando disfarçar, com seu sorriso, o nervosismo que lhe perseguia desde o ano anterior. Seus pais notaram, embora ele não soubesse dizer dos outros pais. Dirigiu-se à zaga e se preparou mentalmente para os ataques que teria que desarmar.
O sol quente não facilitaria a vida dos meninos naquela tarde de domingo. E veja só, leitor, o jogo terminou com nova vitória dos visitantes. Democracia? Não, não foi ele o culpado. Ele se lesionou com 11 (onze) minutos de jogo e foi para o banco. Não, não foi falta do ataque adversário. É que Democracia pisou na bola e caiu de mau jeito. Democracia era, realmente, um jogador meio atrapalhado com a bola…
Ah, Democracia…pelo menos nesta derrota não teve culpa. O substituto, de fato, era-lhe bem inferior, motivo pelo qual seu apelido ainda se mantém entre os amigos da cidade e também entre os rivais da cidade vizinha. Democracia, o menos pior dos jogadores…e que se lesiona sozinho. Democracia é só um menino comum, gente. Parem de pegar no pé dele (pun intended).
p.s. nem se compara a este texto do Orlando, mas, claro fui fortemente influenciado pela mesma idéia.
Você nunca veio - Esperei muito por você, filho. Mas você nunca veio. Comprei livros para ler com você. Mas você nunca veio. E filmes, colecionei filmes que pensei em assistir com você. Mas você nunca veio. Preparei-me com cantigas de roda e mágica para você. Mas você nunca veio. Planejei vários passeios divertidos com você. Mas, claro, você nunca veio.
Pudesse ter vindo ao mundo, o filho iria lhe dizer que o amava e que gostaria muito de ter com o pai. Teria sido ótimo tirar dúvidas e pensar seu futuro com o pai. Ou aprender a jogar bola com ele. Ou sair com ele para, mais velho, tomar uma cerveja e ter aquela conversa de filho para pai. Ou levar o pai à sua formatura, ao seu casamento. Mas o pai, ele também, não iria encontrá-lo. Não até que morresse.
A oferta e demanda de pais e filhos pode estar em equilíbrio no mercado, mas nem sempre no nível de cada família.
Sabedoria de porta de cadeia - Disse a sábia ao jovem (jovem?) incauto: Nunca se é velho demais para ser alguém. Mas às vezes se é velho demais para ser com alguém. Ser ou não ser, eis a questão. O jovem (jovem?) não curtiu muito a resposta, mas não argumentou.
A sábia foi encontrada enforcada em suas próprias tripas, dias depois. O perpetrador do vil ato jamais foi encontrado. O jovem (jovem?) tornou-se um feliz e bem-sucedido fabricante de salsichas.
Moral da história: assina a newsletter quem quer. Eu nunca falei que seria fácil.
Juó Bananére em campanha - Eh! U lettôre sentiu migna falta? Io stó in campagna pr’a presidência du Brazile. Stó molto ocuppado. Eh, porca miséria! Inda altro dia io fui lá na niuslétta du Orlando pr’a comer una pizza, má che o Orlando só vendia empanada! Che intaliano é este!!!
Us inletôre tutto chi mi aguardem. Io vorto gyá.
p.s. U lettôre Lucca Beçça descobrió una cousa molto interessante!
#juobananerepresidente
O Enredamento - O Pedro, como sempre, é uma ótima leitura.
Nota de falecimento - Perdemos Brennan, sim o da clássica citação ‘Brennan & Buchanan (1981)’ que todo pesquisador de Public Choice já teve que ler (parcial ou totalmente).
Outra nota de falecimento - Nichelle Nichols, a tenente Uhura de Jornada nas Estrelas…
Chega de falecimentos. Vamos às falências.
A falência das elites - Uma reflexão sobre os protestos que os EUA viram durante o ano de 2020. Eu me pergunto se nossas elites também não estão um pouco perdidas com questões domésticas…
Noir(es) - Recomendação do Carlos de Freitas no FiBoCa foi este hilário filme (dublado você o encontra facilmente sob o nome, creio, de “Um Detetive Barato”) que faz uma paródia com os filmes noir. Estrelando Peter Falk e a Madeleine Khan (são os que me fazem recomendar o filme). Ri e não foi pouco não.
O tipo de humor antecipa os sucessos dos irmãos Zucker que fariam a alegria da minha geração alguns anos depois (Apertem os Cintos, o Piloto Sumiu, Top Secret, Corra que a Polícia Vem Aí, etc.). Claro que recomendo.
O FiBoCa, claro, vai ao ar toda quinta, às sete da noite.
Abobrinhas - Descobri recentemente e já assinei. Assine também que os textos são ótimos.
Walnut Grove - …era o nome da cidade em que se passavam as estórias de Laura Ingalls e sua família em Os Pioneiros (no original, Little House on the Prairie). A dublagem da época fazia umas adaptações que, pensando em retrospecto, não eram ruins. Por exemplo, o cãozinho de Laura, Jack, ficou conhecido por aqui como Chuchu. Combina mais com nome de cachorro que um brasileiro acharia razoável. É, esta é uma notinha aleatória mesmo.
A Cura do Desassossego - É um dos contos mais engraçados deste livro que ainda não acabei de ler. Eu ri muito mentalmente (porque era muito cedo e era segunda-feira e eu ainda amo minha vida e evito incomodar vizinhos). Uma tradução ligeiramente distinta do mesmo conto encontra-se aqui. Curtinho. Leia lá. Você vai se divertir.
Pesquisas e nós - Não contem para ninguém, mas conheço o idealizador do Bora, mencionado nesta matéria. Não, não vou dizer quem é. Tá achando que sou fofoqueiro?
Ah sim, o aplicativo, no fundo, diminui o custo de transação entre pesquisadores e gestores que buscam o mesmo objetivo: promover a avaliação de políticas públicas, tema em alta (ainda bem) nos últimos tempos. Acho uma das mais interessantes invenções dos últimos anos.
Não vejo a hora de ver o aplicativo nas lojas virtuais…
Fire - This carrousel is on fireeee!
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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