A vida saiu de dentro dele. Nunca foi tão fácil? Créditos de reciclagem. O senhor dos anéis. Outros.
Eu choraria por você, mas você não me paga. Então, nada feito.
Eis o v(2), n(85) desta newsletter. Que os assinantes tenham um ótimo final de semana.
Tirar a vida de dentro de si (mais ou menos…) - Foi no café da manhã. Ronaldo tinha comido uma fatia de bolo de laranja e tomava seu suco quando começou a tossir descontroladamente. Ficou tonto depois de cuspir pedaços de bolo mastigado com suco pela mesa. Correu para o banheiro e abriu a torneira, em desespero. Tentou beber água, mas a tosse não parava.
Sentiu a garganta queimar, caiu no chão e quase desmaiou. Foi quando viu algo sair por sua boca. Algo desconhecido, como um animal, mas de feições humanas. Estranhamente limpa, a criatura ficou de pé, olhando para ele com um ar carinhoso.
“- Mas, o que é isso?
- Sou a vida.
- A vida? Que vida? Você parece um anãozinho.
- A gente nem sempre tem a vida que deseja…
- Não posso discordar…mas, peraí, por que você saiu de mim?
- É que eu cansei de você. Como você não me tirou lá de dentro, tive que sair. Desculpe-me pela bagunça…
- Mas, espera, como assim você saiu de mim? Eu estou vivo.
- Ah, mas é assim mesmo. Quando é a vida que sai por vontade própria, é isto que acontece. Não sabia?
- Não.”
Ainda em choque, Ronaldo se sentou. Sentia-se um pouco tonto ainda. Sua vida o ajudou a se levantar. Ele ainda não entendia como estava vivo.
“- Sabe, é que você só vai se sentir assim…
- …menos vivo?
- Isso. Nada demais. Pode ser que alguma outra vida goste de você e te escolha.
- Mas aí vai entrar tipo…? (e apontou para sua boca, com certo nojo)
- É, é bem isso.
- Pô, aí não curti…
- Calma. Pode ser que você não tenha outra vida.”
A vida pediu umas roupas emprestadas, despediu-se de Ronaldo com um abraço amoroso. Ambos se desejaram sorte na despedida. Ronaldo voltou para a mesa, limpou a bagunça, sentou-se em frente à janela e descobriu que não apreciava mais o pôr do sol como antes.
Mesmo à noite, não tinha ânimo para sair. Estava solteiro há meses, desde que a última namorada o trocara por um rapaz mais novo (o personal do casal). Sua vontade de sair para a balada era praticamente igual a zero. Havia perdido algo com a saída de sua vida. Nem chorar conseguia mais. Estava em um estado de espírito estranho, nem alegre, nem triste.
Sentou-se na escrivaninha, mas não conseguia ler nenhum livro. Pensou em voz alta.
“- Será que a vida volta? Ela levou meu calção de ginástica…”
Na manhã seguinte, Ronaldo ainda não tinha vida nova (e nem calção de ginástica).
Nunca foi tão fácil - Quantas vezes ouviu dizerem que tal coisa ‘nunca foi tão fácil’? Ou tal mulher. Ou tal final de campeonato. Ou até aquela promoção no trabalho. A verdade é que nunca era fácil. Menos ainda ‘tão’ fácil. Não senhor. Não mesmo.
Alguém já havia lhe dito que ‘não havia almoço grátis’ e, por muito tempo, achou que o chamavam de um sujeito sovina. Custou até que entendesse o real significado da expressão. Ironicamente, talvez nunca tivesse sido tão fácil entender que não há, mesmo, almoço grátis.
A bem da verdade, notou que havia um certo padrão nas duas expressões. Todo político fazia campanha na base do ‘nunca foi tão fácil’ enquanto seus amigos sempre o alertavam da inexistência do tal almoço gratuito. Claro, ele deveria escolher em quem acreditar. O critério? Sabemos qual e não, nunca foi tão fácil. Afinal, leva-se tempo para aprender qual o melhor critério...
O Senhor dos Anéis - A economia do Senhor dos Anéis em um ótimo texto.
Fitas, Bolachas e Catataus - Depois de duas semanas sem episódios (os responsáveis pela ausência deveriam ser enforcados ou degolados?), na última quinta, o melhor programa do YouTube voltou. O tema desta última edição? Plágios…
A economia dos catadores de lixo - Já mencionei esta política aqui, há mais tempo. Agora saiu uma matéria na Exame, sobre o tema.
![Twitter avatar for @ErikFigueiredo3](https://substackcdn.com/image/twitter_name/w_96/ErikFigueiredo3.jpg)
![Image](https://substackcdn.com/image/fetch/w_600,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fpbs.substack.com%2Fmedia%2FFfmvZFhWAAAWgcx.jpg)
O novo Congresso - Como está o novo Congresso? Diogo Costa, Wagner Vargas e Priscila Chammas fazem uma análise. O texto está aqui. Parece que haverá também uma conversa com os autores, a ser transmitida pelo YT.
Trecho da conclusão:
O resultado das eleições de 2022 é um exemplo das primeiras consequências da utilização de um modelo de financiamento predominantemente público nas campanhas políticas. A taxa de renovação no seu sentido estrito, de outsiders, ficou aquém do que se poderia esperar. Mas, entre os incumbentes, as diferenças na utilização dos recursos não se mostraram decisivas.
Eu me pergunto não sobre se o modelo é eficiente para os políticos, mas para a sociedade. Seu custo é compensado pelo seu benefício? Como se mediria o benefício, aliás?
Kiyomizudera - Belíssimo templo, em Kyouto. Eis que descubro que, por conta deste templo, temos a origem (ou um ancestral) da expressão ‘se joga’.
Claro que eu imagino que é isso que desejam que eu faça quando me dizem ‘se joga, Shikida’.
Ah, claro que eu aposto que os 14.6% que não sobreviveram tinham como desejo a própria morte. Quem sou eu para duvidar dos poderes de um templo tão belo?
Novo Ultraman (Shin Ultraman) - Pelo menos no Primevideo do Japão, estréia em 18/11. Agora é torcer para…
![Twitter avatar for @shin_ultraman](https://substackcdn.com/image/twitter_name/w_96/shin_ultraman.jpg)
![Image](https://substackcdn.com/image/fetch/w_600,c_limit,f_auto,q_auto:good,fl_progressive:steep/https%3A%2F%2Fpbs.substack.com%2Fmedia%2FFfftC8CVsAAlFKs.jpg)
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
Caso queira compartilhar, clique no botão abaixo.
Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico duas vezes por semana, geralmente às quartas e sábados. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.