A Morte do Amor - Sebos - Eu e Zebedeu - Liberdade Humana - Outros Assuntos.
O dia em que o Amor me roubou a grana! Zebedeu! O gerente enloqueceu!!
Eis o v(1), n(69) da nossa newsletter. Arrisco-me em mais um pequeno conto. Falo também de sebos, do Zebedeu e do Índice de Liberdade Humana. E outros assuntos, como diz o título. Nada de propaganda enganosa, pois.
Avante!
A Morte do Amor - Houve um tempo em que acreditei no Amor. Mas aí o Amor pegou uma grana minha emprestada, disse que era para comprar um pão com linguiça e um refrigerante. Deu no pé com meu suado dinheiro e me deixou só, ali, na avenida Afonso Pena. Como foi? Já te conto.
Era um sábado à tarde. Eu e o Amor tínhamos ido tomar umas em um bar lá no Mercado Distrital do Cruzeiro. Como sempre, falamos de tudo e de todos e, claro, bebemos muito. No calor daquele dia, ora, nada melhor que umas e outras bem geladas. Sempre foi assim comigo e com o Amor.
Você pode estar se perguntando como conheci o Amor. É que estudamos juntos, nos anos 80, em um colégio privado. A turma do recreio era incrível. Tínhamos o Amor, o Ódio, a Tremedeira, o Sorriso, a Saudade e um que sofria muito bullying, o João.
Entrei no colégio na 5a série e logo me enturmei com o pessoal. Certa vez, posso contar, pois acho que ninguém está olhando, colocamos pó de giz na cadeira da diretora. Nunca se descobriu quem eram os autores, mas, puxando de memória, fomos eu, o Amor, a Tremedeira e o Ódio.
Mas estou divagando nas lembranças da adolescência. Eu falava do final de tarde na avenida Afonso Pena quando o Amor me deu o cano. Como conciliar as memórias felizes com este ato de desonestidade?
É que após o colégio, a turma se separou. Alguns fizeram faculdade, outros não. Sem falar dos que mudaram de cidade. Veja, falo de uma época sem internet, sem celulares. Se você tem menos de 50 anos, provavelmente não sabe como era lento o ritmo de nossas vidas.
Pois então, eu me formei em Engenharia Mecânica e o Amor, bem o Amor era um sujeito muito popular com as meninas (inclusive as da vida), mas não era muito de estudar. Assim, o Amor seguiu a vida fazendo bicos. Ficou uns 5 anos como caixa de um supermercado, depois mais uns 2 anos como vigia noturno de um banco e assim por diante. Levava a vida ‘na flauta’.
Foi naquele sábado que, voltando do centro, encontrei o Amor no mesmo ônibus. Ficamos felizes com o reencontro e, bem, o resto você já sabe. Talvez eu não tenha contado que o Amor chegou a namorar uma prima minha. A história, contudo, não terminou muito bem e minha prima se casou com o Redundante, um vizinho.
Como eu dizia, lá estava eu, sem um tostão no bolso, porque o Amor me aplicara um belo golpe. Logo em mim, seu amigo antigo! Não dá mesmo para acreditar nas pessoas. Ou pelo menos, no Amor.
Chateado, comecei a descer a Afonso Pena, em direção à Savassi, na esperança de encontrar alguns amigos do trabalho que, sabia, adoravam farrear nas tardes de sábado pelos bares do bairro da boemia.
Já estava no meio do caminho quando vi um bolinho de gente. Com medo do que poderia ser, corri para ver. Lá estava ele, o Amor estatelado no chão. Parece que tentou assaltar alguém e foi espancado até a inconsciência. O rosto inchado, deitado em uma lagoa de sangue, apontou para mim.
Aproximei-me dele, já quase chorando. Com a voz muito baixa, o Amor me disse:
‘- Foi mal, cara. Eu só queria comprar uma caninha...’
E estas foram as últimas palavras do Amor que morreu ali, na avenida do Contorno, no famoso ‘tobogã’, em direção à Savassi (cidade de Belo Horizonte, uai), naquele belo sábado, às 16 horas e 48 minutos, diante de um grupo de pessoas horrorizadas com a violência urbana e tristes com o Amor que dolorosamente nos deixou.
É, foi mais uma vítima da violência que grassa o país. Ou do alcoolismo. Ou de ambas. Foi assim que o Amor deixou minha vida.
Sebo - Estive em um sebo, no sábado. Nunca achei que iria me desfazer de alguns livros, mas o momento chegou. Com certeza, os livros poderão encontrar alguém que faça uso melhor deles.
Eu já havia feito uma seleção inicial, mas, no calor da tarde do sábado, adicionei mais alguns. Minha pequena esperança de que poderia produzir algo novo a partir de alguns materiais finalmente se apagou.
Cada um vê sua biblioteca de uma forma. No meu caso, são duas as motivações que me levam a não querer me desfazer de livros: (a) há um certo sentido histórico que me acalma porque tenho uma noção do que me interessou em algum momento da minha vida e, (b) sempre é possível usar o livro para algo (um artigo científico, uma resenha na newsletter etc.).
E há uma decisão terrível sobre a qual não falei ainda. São os livros que a gente ganha de presente. Não tenho coragem de me desfazer deles. Uns eu li. Uns eu lerei. E há uns que o pessoal comprou naquela marota liquidação de porta de livraria…
Pelo menos nesta rodada, eu não vou me desfazer dos livros que ganhei de presente (e que não pretendo ler). No futuro? A conferir.
Zebedeu - Em um belo dia em que voltava do colégio para casa (eu tinha 11 ou 12 anos, acho que 12), um senhor, que nunca havia visto (e nunca mais iria ver) caminhava em sentido oposto ao meu, na mesma calçada, como naqueles problemas de movimento retilíneo uniforme (quem nunca?).
Aproximou-se, e me soltou esta: - você conhece o Zebedeu?
No susto, respondi: - não.
E ele: - nem eu!
Ele saiu gargalhando muito e eu segui para casa, primeiramente perplexo e, depois, com aquele mau humor de quem caiu em uma bela de uma peça. Hoje, eu penso no episódio de forma mais bem-humorada. Eis que, então, encontro esta do Juó Bananére.
Depois que iniciei meus estudos para tentar ser o homem que sabia bananerês (a expressão ‘machadiana’ é do Alexandre Soares Silva, mas eu queria muito ter pensado nela antes…), investindo em um nicho de mercado de pessoas que falam bananerês (eu já disse que é uma comunidade em ascensão?), notei que Juó Bananére é mais do que simplesmente um antigo cronista da vida paulistana (sobre isto, quem sabe, falamos um dia).
E, da figura acima, noto que fui vítima de uma piada que, ironicamente, remete-me ao Bananére. Zebedeu, ele é o elo maldito! Obviamente, tudo isto tem um sentido cósmico e espiritual e não é mera coincidência.
Assim aprendemos no filme Erik, o Viking. Ou será que era tudo meio aleatório mesmo (e será que esta era a verdadeira lição do filme)? Não vale perguntar ao Zebedeu (mas o filme vale a pena)…
Liberdade Humana - A última edição do Índice de Liberdade Humana (ótimo produto do Cato Institute) é relativa a 2019 (o índice sai sempre com dois anos de defasagem). O Brasil se mantém lá na metade debaixo da tabela. Não está na ‘zona de rebaixamento’, mas também não sobe.
Na p.93 do documento, há o resumo de como o país se saiu no índice, desde o início das medições, em 2008. O país tem um início de aumento da liberdade que não se sustenta por mais de três anos. A partir daí observa-se uma queda quase que contínua ao longo dos anos. Ou seja, independentemente dos governos e de suas orientações ideológicas, a queda, a partir de 2011, da liberdade humana no país é um fato.
Há quedas em vários subindicadores. Papel da lei? Queda. Liberdade de expressão? Queda. Até a liberdade de religião, que me parece a mesma desde sempre, apresentou queda. O único indicador que se mantém constante em valor máximo em quase todo o período é o de Relações (Relationships).
Este é composto de quatro itens: same-sex relationships, divorce, inheritance rights, e female genital mutilation. Com exceção do indicador de herança, que apresenta alguma variação, os outros mostram um país em que os direitos básicos das pessoas em suas relações pessoais estão firmemente estabelecidos (e, na minha opinião, estão mesmo).
Claro, preocupa muito ver alguns subindicadores da liberdade de expressão (expression and information) como a auto-censura da mídia que vem piorando ao longo dos anos juntamente com o esforço de censura governamental que também parece ter piorado entre 2008 e 2019.
Resumindo: um brasileiro, em média, pode viver bem com seu parceiro ou parceira, mas corre o risco de sofrer homicídios, tem uma justiça que não parece muito eficiente, pode ir e vir livremente, pode criar partidos (e financiá-lo com ‘fundões’…), paga caro (eu mencionei que ‘fundões’ não são grátis?) para importar produtos de qualidade e, bem, se serve de consolo, ainda pode rezar para que algo melhore em qualquer igreja…
Governança Radical - Mercados de Previsão: um ótimo resumo aqui.
Trocadilhos em inglês - Pie e Pi
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O fascismo é woke - Assim é como percebo, mais e mais. Mas há quem veja outros totalitarismos no wokismo. Considere este trecho:
The woke present themselves as the spokesmen—excuse me: persons of spoke—for the preferences and agenda of various minority groups, without ever really asking those groups what they want or need. But this should be no surprise. It is just an extension to race and gender of the old Leninist idea of a “revolutionary vanguard,” a committee of coffee-house intellectuals who appoint themselves as the voice of the toiling masses.
Não tenho como discordar. Ah sim, gostou? Leia todo o texto aqui.
Natal - Minha saga como Papai Noel continua. A ideia é que minha afilhada não me reconheça como ninguém mais que o icônico velhinho. Neste último domingo, completamos a terceira edição com ela. Sucesso?
Alguns disseram que ela havia me reconhecido e que teria entrado na brincadeira. Pedi aos pais um informe posterior para me certificar das chances que tenho de passar ileso ano que vem e, aparentemente, consegui enganá-la. Sim, sucesso!
São anos que faço isso com diferentes afilhados, afilhadas e outras crianças. É sempre divertido brincar de Papai Noel. A criançada ganha presente e ajuda a distribuir os das outras pessoas. Sucesso…
Geralmente saio de casa já quase todo caracterizado de Papai Noel e, bem, creio que já contei algumas das histórias engraçadas a respeito em outro local. Se não o fiz, um dia destes eu conto algumas.
Presente de Natal - Ganhei do Adalberto Martins um belíssimo presente. Seu livro de poesias o rio incontornável. Só o conheço da internet e, creio este novo universo de newsletters foi um dos motivos da gente se encontrar. Aliás, a dele é a Destarte que, claro, recomendo. Papai Noel também ganha presente, pois.
Mafaldoverso - Falando em universos, o Lucas Mafaldo conseguiu perder o primeiro round de sua batalha contra o Anti-Mafaldoverso. Fico feliz de tê-lo ajudado a descobrir o problema de sua Skynet (eu esperava, como recompensa, uma estátua minha sobre um cavalo, em bronze… mas vou ter que me contentar com as mensagens que este mão-de-vaca me envia…).
Após o imbróglio com a Skynet, a newsletter (ou melhor, o instrumento da dominação mundial ‘mafaldiana’) volta para o segundo tempo com importantes mudanças. Eu aposto na vitória dele (olha o lucasmafaldo.com.br). Sempre apostei.
Está Chegando o Ano do Tigre - Esta newsletter começou em maio e chegou até aqui graças ao seu tempo e atenção dispendidos aqui. Obrigado. Tenha um Ótimo Natal. Volto no dia 29, ou em edição extraordinária.