A ficha do livro da biblioteca: um artigo raro hoje em dia.
Eu queria ser um Indiana Jones, mas só de aventuras envolvendo livros em bibliotecas.
O v(2), n(35) hoje, está pequeno. É que faltou fermento e não pude comprar mais no mercado.
Indiana Jones e Bibliotecas - Achei um livro na biblioteca. ‘Grande coisa, Claudio’, você deve ter pensado. Mas imagine as memórias que a simples visão do cartão de empréstimo do livro pode nos proporcionar?
O que me veio instantaneamente foi a imagem da Biblioteca Municipal Luiz de Bessa, de Belo Horizonte que, por muitos sábados, dividiu com a da Faculdade de Medicina e a da PUC-Minas o papel de fornecer-me um ambiente adequado aos meus estudos.
Já contei por aqui, há mais tempo, da minha aventura como estagiário da pequena biblioteca do falecido Instituto Goethe de Belo Horizonte. De certo modo, e eu sei que é um lugar comum, posso dizer que a biblioteca nunca saiu de mim.
Sobre a foto acima, não sei o leitor, mas sinto uma alegria inexplicável ao ver estas fichas. Deve ser algo lá do meu passado. Vai ver eu, em algum momento, curti aparecer umas oito vezes numa ficha destas porque renovava muito algum livro.
Puxando um pouco da memória, acho que isso era mesmo algo que me causava algum orgulho. Saber que, um dia, um jovem desbravador de livros de microeconomia descobriria, na biblioteca da faculdade, um explorador que pegou mais de dez vezes, por empréstimo, o livro de Richard Bilas. Ou o de Roger L. Miller. Ou mesmo o de Henderson & Quandt (em inglês).
Eu sei, eu sei. Não é nada que nos leve a visualizar um Indiana Jones pulando sobre abismos em alguma caverna, certo? Certo? Bem, eram pensamentos assim que me causavam um orgulho ingênuo naqueles meus vinte anos (o que explica muita coisa, dirá o leitor mais bem-humorado…). Bons tempos.
Fatos e Fotos e, ainda assim… - Acho curioso como o pessoal que - com certa razão, devo dizer - indignava-se em defender uma incerta Ciência (se não for incerta, não é Ciência) fique caladinho quando alguém nega a realidade em uma polêmica nova.
Curioso porque a justificativa para se torcer o nariz era a de que não se poderia, supostamente, colocar a ideologia à frente dos fatos, ou dos frágeis, mas importantes consensos científicos.
Pois veja, o mesmo protocolo para ‘defender-a-ciência-nas-redes’ não parece ter a mesma força no caso da óbvia invasão russa na Ucrânia. Um exemplo é este, apontado por João Pereira Coutinho.
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Reforma do Estado - É impossível pensar no tema sem pensar na importância de se conhecer os diversos grupos de interesse que habitam o Estado. Não é só o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Há que se entender quem são e quais as motivações microeconômicas das diversas ‘carreiras’.
Para começar, este relatório de 2018 dá uma ideia da complexidade envolvida apenas no Executivo. Sinto falta de um estudo de economia política (rent-seeking, grupos de interesse, etc.) sobre este tema. Há muito meme, muito chavão e, lamentavelmente, pouco entendimento gerado por pesquisas científicas na área, principalmente da parte dos que desejam promover mudanças salutares.
Aos bons mestres…- Meu artigo com Diana Coutinho (uma versão resumida do nosso Millenium Paper) foi publicado no portal Exame. Não custa relembrar o ponto central do estudo: é preciso medir o valor que um professor adiciona ao aprendizado de um aluno (tecnicamente, o acrônimo é VAP).
No artigo, fazemo-nos a seguinte pergunta: o que acontece com o futuro de um estudante que tem sua educação nas mãos de um professor de baixo desempenho (que está entre os 10% piores na agregação de valor ao aprendizado do aluno) se ele for transferido para os cuidados de um professor com um VAP médio? Em nosso exercício, isso resulta em um aumento de 8,05% na remuneração do estudante para o resto de sua vida.
Quanto isso significa em reais? Isso se traduz em um ganho adicional de R$ 34 mil reais na renda futura do aluno. Considerando, para simplificar, que esta troca dos 10% professores de baixo desempenho atinja apenas 10% dos alunos matriculados nos ensinos fundamental e médio da rede pública brasileira (cerca de 2.869.423 de alunos), o ganho adicional agregado seria de R$ 98,6 bilhões.
Você, que tem um filho pequeno, imagino, deve apreciar a ideia de que deixá-lo nas mãos de um professor melhor signifique um salto em seu aprendizado que irá se traduzir, inclusive, em um aumento em sua remuneração futura.
Mesmo que você seja um pai egoísta, lembro que o país tem uma pirâmide demográfica diferente agora e que sua aposentadoria ainda depende do trabalho dos mais jovens.
E olha que nem estamos falando de ganhos gerados pelas externalidades positivas que um ensino de melhor qualidade traz. O que calculamos foi apenas o benefício individual do aluno. Obviamente, se alguém somar os ganhos para a sociedade, o valor agregado não será ‘apenas’ de R$ 98,6 bilhões…
Ainda a educação - Este tipo de pesquisa provavelmente vai causar muita dor de cabeça para o pessoal que gosta de ‘lacrar’ ao invés de pensar. Não tive acesso ao artigo apontado a seguir por Niclas Berggren, apenas ao resumo e, pelo visto, fatores genéticos também interferem na formação do capital humano.
Pois é, pessoal. Talvez até alguns pesquisadores que falem besteiras nas redes só o façam porque possuem deficiências de ordem genética. É, foi uma ironia, mas é inevitável não pensar nisto agora…
Desnazificar? - Diga-me com quem andas e eu te direi se acordarás envenenado…
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Minha jornada, minhas regras - Resolvi criar duas versões da tal ‘jornada do herói’ para alguns amigos que trabalham com temas como “Pesquisa em Economia Aplicada”, “Avaliação de Políticas Públicas” e “Análise de Impacto Regulatório".
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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