A felicidade só chega com uma noite de atraso. A ironia na (da) morte. Juó Bananére precisa de seu voto. Outros.
Mundus vult decipi, ergo decipiatur (procura, pô. Não sou seu google não)
Eis o v(2), n(79) da news. Com uma porção extra de sal porque estão nos servindo os alimentos de forma muito sem graça ultimamente.
Felicidade - Chegava ao fim de um conto de Osamu Dazai quando me deparei com trecho bastante inspirador.
O mesmo sol nascerá amanhã, não é mesmo? Mas a felicidade nunca virá. Eu sei disso. No entanto, não é melhor dormir acreditando que ela certamente virá, amanhã? (…) A felicidade chega com uma noite de atraso. Lembrei-me vagamente desse ditado. Você espera pela felicidade, então não aguenta mais e sai correndo e, no dia seguinte, descobre que algo maravilhoso aconteceu na casa que acabou de abandonar, mas aí já é tarde. A felicidade chega com uma noite atraso. A felicidade… [Osamu Dazai. “A estudante”, in Mulheres. Estação Liberdade, 2022, p.66]
Tentei pensar em quantas vezes só fui ver a felicidade depois de ter ido embora. Bem, isto depende de ter olhado para trás, ainda que de relance e, com a história da destruição de Sodoma e Gomorra, eu tenha aprendido que pode ser má idéia olhar para trás quando se abandona uma vida de pecados (e, como não sou um santo, talvez não tenha reparado em felicidades humanas deixadas para trás). Será que não olhei para trás para não me arrepender?
Mas chega de assumir a culpa. A culpa deve ser da própria felicidade. Afinal, não deveria alguém dizer à senhora felicidade que ser pontual é uma virtude e dar-lhe um relógio de pulso, daqueles com alarme? Que raios de felicidade é esta pela qual lutamos tanto e que só chega com ‘uma noite de atraso’? Que diabos ela faz para perder a hora? Fica se empetecando no salão? Passa o dia todo fazendo compras? Tem dificuldade de escolher as roupas e perde a hora? Marca reunião na hora em que deveria sair? Ou só resolve sair de casa na hora do rush? Tem agenda não, mulher?
Felicidade, minha filha! Você tem que me ajudar a te ajudar. Aliás, você é quem deveria me ajudar. Preciso te encontrar e você fica nesta, enrolando, fazendo-se de sonsa. Tome tento, criatura! Pelo amor de Deus! Olha para a tristeza, sua irmã gêmea! Siga o exemplo dela e seja pontual (se não adiantada)! Custa muito? Não foi assim que eu te criei!
Dito isto, talvez este seja mesmo um dos trechos mais bonitos que já li sobre a felicidade. Ou um dos mais realistas.
Poemas mortuários (epitáfios?) - Este é um que faz pouco caso da prática (e o faz poeticamente, seguindo a métrica 5-7-5).
辞世とは
すなわち迷い
唯死なん
Ele está aqui, mas eu o encontrei no livro Japanese Death Poems, organizado por Yoel Hoffman, que nos dá a tradução seguinte para este poema de Toko, falecido em 1795, aos 86 anos:
Death poems are
mere delusion -
death is death.
Eu rio sempre que releio este poema.
Juó Bananére - O lema de campanha de nosso candidato é tão charmoso e popular que já caiu na boca do povo: ‘Mundus vult decipi, ergo decipiatur’. É alta cultura na veia, véi.
A propósito, os Daleks já prometeram seu apoio ao nosso candidato (só conhece um Dalek quem é familiarizado com a Alta Cultura Pop).
A propósito, Juó Bananére tem um pronunciamento importante, já que foi citado pelo prof. Tambosi, recentemente. O Sagrado Tribunal Federal-Eleitoral-e-também-Despachantes (STFETD) deu-lhe direito de resposta.
Eh, stimado ilustrissimo curreligyonári, professor Orlando Tanbozi! Io nón pude ir ao dibattito c’o us altro gandidatumu. É che io tigna u compromisso di campagna c’o os militantti na Mooca. Fomos lá discutir a política pública da pizza di cuatro queijyo prá tutto u populo du Brasile.
Us dibatte foram molto acalloradu, che u Pipoca, u da padaria, nón ‘stava di acordo c’o as regras da distribuizione. També u Chico Sola Dura protestava chi ello só comia pizza di português.
Esto dibatte foi molto essenziale pr’a campagna i era na mesma hora d’outro. Por isso, io peço excusas ao professor Tanbozi, má é che era hora da pizza com schopp.
C’oa stimada consideraçó,
Juó Bananére.
#juobananerepresidente
p.s. Juó Bananére é o único candidato a, explicitamente, apoiar as mulheres iranianas. Suas palavras ecoaram em Teerã: Eh, aiatollah mulambento. Dêxa as moça mostrá os rosto na padaria, no boteco e na praia. Tutta as menina fica molto feliche. Rijábi nu lixo gyá!
Beleza - Parece que aquele estereótipo de beautiful people não curte ‘o lado quant' (geralmente pronunciado com um estranho biquinho) tem algo de verdadeiro…
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Claro que se você já me conhece de algum tempo, sabe que gosto muito do pioneiro desta agenda de pesquisa, o Daniel Hamermesh (creio que até já o citei em algum número antigo desta mesma newsletter). Ele, inclusive, teve um livro - exatamente nesta temática - traduzido para o português há algum tempo. Não fez muito sucesso, infelizmente.
Totolino - Chegou, finalmente, o meu exemplar do último livro do Alexandre Soares Silva. Conseguir comprar este livro foi uma novela em si. Mas, agora chegou. Leitura começará em breve!
Previsões - Ri muito - embora a intenção do texto não seja a de nos fazer rir (não primariamente, digo) - com este ótimo texto do Scott Alexander.
Sai o bezerro de ouro, entra a Lassie - É o que vejo aqui.
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler!
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