1973 - Camila e a Turma do Manda-Chuva - Charter Cities, na prática - FOREVER
Ui, ui, ui! Ai, ai, ai! Ei, ei, ei!
O v(4), n(11) começa aqui, agora!
1973 - Mil novecentos e setenta e três, tanto tempo faz que ele morreu… - assim começa a clássica O Homem de Nazareth, de Antonio Marcos, cantor que perdemos para o álcool em 05 de Abril de 1992, aos 46 anos.
Não sei como foi que cheguei às suas músicas. Aliás, sei sim. Foi em uma busca aleatória por vídeos antigos que parei em uma novela da TV Tupi, “O Profeta”, que a Rede Globo ‘copiou’ com “O Astro”. No final de um capítulo, ouvi o “Quem dá mais”, que é outra música em que o cantor mostra sua religiosidade.
Acho que o que não entendo é como esta música me encantou. Momento de vida? Nostalgia? Memória reativada? Não sei mesmo. Só sei que a partir daí, como sói ocorrer nestes casos, comecei a minerar (para usar uma palavra da moda) as músicas e a biografia do cantor (não achei um livro sobre sua vida…ainda).
Há, na internet, umas poucas entrevistas com ele. Os filmes em que ele participou, estes eu esperava encontrar facilmente. Afinal, não faltam fanáticos defensores do cinema nacional por aí. Entretanto, também nada. Este papinho nacionalista, xenófobo, que exige mil salas de cinema como reserva de mercado parece ignorar a própria história. Ou talvez os filmes tenham se perdido. Ou, claro, não querem divulgá-los porque foram feitos nos anos 70 e não faziam crítica ao regime e blá-blá-blá.
Só sei que o cara era bom de gogó (e de goró). Vou explorar melhor suas músicas, Antonio Marcos. Obrigado!
Camila e a turma do Manda-Chuva - Viviam em uma clareira oculta em uma pequena mata. Era uma trupe bem variada. Frajolas, laranjinhas, cinzas, rajados, pretos, tricolores e qualquer outro que você possa imaginar. Perfaziam pouco mais de uma dezena de felinos. Evitavam o contato com os seres humanos porque, apesar dos muitos bons, há sempre uma minoria que só pensa em maltratar animais e a minoria má humana faz mais barulho, sempre.
A maldade de alguns - que não veem mal em estuprar judias ou traficar crianças no hediondo mercado do sexo infantil - é a mesma que leva alguns a maltratarem cães e gatos. A maldade, amigo leitor, amiga leitora, é a mesma. Somente sua manifestação se expressa sobre outros de outra espécie. É também irmã da indiferença que, obviamente, nem sempre anda junto com a maldade, mas faz passeios frequentes com ela por aí.
Pois foi em um acidente destes, tropeçando em uma pedra e rolando até a clareira que Camila teve sua caminhada matinal interrompida. Ainda tonta, sentou-se no chão de terra e notou, feliz, que seus óculos ainda estavam inteiros. Notou que havia uns potes de sorvete espalhados e logo pensou no absurdo que são as pessoas jogando lixo por aí. Levantou-se com alguma dificuldade e aproximou-se de um deles. Um olhar mais atento a fez perceber que os potes eram, na verdade, improvisados bebedouros.
Caminhou um pouco e notou que, além dos potes, algumas tigelas mais ou menos escondidas também continham ração. Aquele cenário, assim, não era resultado de uma ação contra o meio ambiente. Pelo contrário, era fruto do amor de alguns pelos atuais ocupantes daquele meio ambiente. Arrependida de ter, apressadamente, pensado mal de pessoas que nem conhecia, pediu desculpas, mentalmente e passou a reparar com mais cuidado nos cantos da clareira.
Notou alguns olhos amarelos (ou seriam verdes? Azuis?) quase invisíveis, camuflados em meio às plantas. Sem movimentos bruscos, Camila se sentou e olhou para alguma direção em que não havia tigelas nem potes. Depois fechou os olhos. Fingiu-se de indiferente e desatenta para seus observadores curiosos e amedrontados. Passaram-se uns poucos minutos e alguns deles, com a tradicional cautela felina, aproximaram-se do seu café da manhã.
Camila abriu um dos olhos e conseguiu identificar um gato frajola maior e dois alaranjados menores à esquerda, comendo do mesmo pote. Lentamente fechou o olho e abriu o outro. Conseguiu identificar um filhote preto acompanhado de mais dois gatos maiores, uma delas tricolor e o outro, branco. Foi quando sentiu algo tocando-lhe a perna levemente. Abriu ambos os olhos e se deparou com um filhote branco de listras laranjas que havia subido em sua perna e nela se acomodara, escondendo as patas sob seu pequeno corpo.
Sabe aquele dilema amoroso entre pessoas ou entre pessoas e animais de estimação? Aquele em que você não sabe se fica quieto ou se se mexe? Para a sorte de Camila, não havia urgências que lhe exigissem uma rápida corrida a um banheiro. Apesar do tropeço, não havia se machucado. Portanto, poderia ficar ali para um ‘sempre’ de uns trinta a quarenta minutos. Nem todo sempre é eterno quando pensamos na temporalidade dos momentos, não é mesmo?
Miados quase inaudíveis traduziam a paz daquele momento entre os felinos da clareira. O filhote continuava deitado em sua perna e Camila arriscou um acariciar suave, quase etéreo, por medo de assustá-lo. Foi um sucesso. Não só não fugiu o pequenino como também pareceu ronronar. A segunda onda de carícias foi ligeiramente mais firme gerando nova reação positiva. Os outros gatos não pareciam ligar muito para ela, exceto por uma tricolor que a observava enquanto comia.
Mais um carinho e o filhote realmente parecia feliz. A tricolor se aproximou e lambeu o filhote que, acordado, desceu do colo. Camila se deu conta que seu ensaio de maternidade com um pequeno exemplar de outra espécie havia terminado. Para sua surpresa, a tricolor lambeu sua mão e se ofereceu para os carinhos de Camila que estava extática. Levantou-se lentamente e notou que havia sinais de chuva no horizonte.
Os felinos começaram a desaparecer. Camila notou que alguém construíra um abrigo precário de madeira para os gatos. Sorriu. Na verdade, todos estes momentos trouxeram-lhe felicidade. Ainda que nunca tenha tido um único animal de estimação em toda sua vida, foi como se os conhecesse há anos. O caminho de volta foi fácil. O problema é que Camila tropeçou exatamente no mesmo lugar na volta, mas, desta vez, não caiu. Não cairia mais e voltaria para visitar a ‘turma do Manda-Chuva’, como apelidou os novos amigos, duas vezes por semana.
Charter Cities, na prática - Aí está um episódio longo e interessante. A questão da competição entre governos tem sido ignorado pelo ‘mainstream’, mas a realidade se impõe. Um dia destes eu vou montar um material sobre o tema (é minha intenção…outra coisa é conseguir fazer).
FOREVER - Divirta-se com mais um J-pop que não sai da cabeça, do trio Shoujyo Tai. Anos 80. Anos 80…
Por hoje é só, pessoal e…até mais ler! (*)
(*) “até mais ler” foi plagiado do Orlando Tosetto, cuja newsletter, aliás, você deveria assinar.
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Talvez você seja novo por estas bandas. Rapidamente: publico geralmente às quartas. Eventualmente há algumas edições extraordinárias. Assinar (custo = R$ 0.00 + valor do seu tempo para apertar o botão subscribe com seu endereço de e-mail lá…) me ajuda bastante. A temática? De tudo um pouco. Confira os números anteriores aqui.
Parabéns, gostei muito. Muito obrigado.
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